domingo, 22 de setembro de 2013

DEPERO, Fortunato (1892-1960). Futurismo.

 


DEPERO, Fortunato (1892-1960).
 


O artista multimídia italiano Fortunato Depero nasceu em Fondo, Val de Non, na região italiana do Trentino e morreu em Rovereto. Depero foi multimídia: artista gráfico, pintor, escultor, desenhista, designer publicitário e industrial, escritor e artista têxtil, ele estudou na Escola Real Elizabetana (Rovereto).
 
 
 No início da vida profissional a obra de Depero evolui na direção do Realismo Social associado ao Simbolismo (1907-). Depero conheceu o grupo do Futurismo (1913) e expôs na coletiva realizada na Galeria Sprovieri (Roma, 1914). Depero participou dos eventos Futuristas com o artista plástico Giacomo Balla (1871-1958); a sua participação foi destacada nas várias mostras coletivas do Futurismo Marinettiano (1913-1935).
 
 
 
Na pintura Depero realizou forte síntese angular e geométrica dos motivos, na maioria baseados nas formas das plantas, insetos, flores e animais. Esses temas foram tratados com grande diversidade de contraste de cores, intensas e brilhantes, uma das características das obras do Futurismo italiano (v.).

 
Depero escreveu o Manifesto da Reconstrução Futurista do Universo, assinado pelos Artistas Futuristas Abstracionistas (1915). Depero criou a cenografia e figurinos para os balés Smenoff, Mimismagia (1916) e Zoo (1919), que ofereceu para os Balés Russos de Sergey Diaghilev: as obras nunca foram encenadas. Neste período Depero continuou com sua pesquisa pessoal, construindo conjuntos de obras pictóricas às quais ele acrescentou sons e movimentos cinéticos. O artista produziu Móbiles (1918-1919). Depero escreveu poemas na linguagem que intitulou Onoma, com a característica de inserir a mais pura analogia verbal. Os cenários mais fantásticos e animados mecânicamente foram criados pelo artista para o Balé Plastico [Balli Plastici]. A obra foi encenada por Gilberto Clavel, musicada por Alfredo Casella, com quatro programas: Palhaço [Pagliacci]; O Homem de Baffi [L'Uomo dai Baffi]; O Urso Azul [L'Orso Azzurro] e O Selvagem [I Selvaggi], encenado no Teatro dei Piccoli (Roma, 1918).
 
Depero fundou a Casa de Arte (Rovereto, 1919), para a qual ele produziu obras de Arte Aplicada como desenho de mobiliário no seu estilo pessoal multicolorido, que produziu móveis muito originais, laqueados em cores vivas; têxteis e tapeçarias, que sua esposa Rosetta bordou. Na pintura, Depero desenvolveu novo estilo (1917-); e no Desenho ele ilustrou o livro de Gilberto Clavel, Un Istituto per Suicidi (Roma, 1918). Depero propôs novas visões arquitetônicas de cidades suspensas, em uma arquitetura dinâmica e aérea. Depero executou murais nas paredes do Cabaré do Diabo, no Hotel Elite (Roma 1922-1923); ele inventou cenário fantástico que fez muito sucesso, baseado nos DSiversos estados de espírito de complexa simbologia.
Depero passou temporada em Nova York (1928) onde trabalhou como decorador: ele criou interiores para o restaurante Paglieri (1929). O artista voltou a Itália onde fundou o Museu Depero, com suas obras que doou à bela cidade no sopé dos Alpes Tiroleses, no vale da Lagarina (Rovereto).
 
 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


V. FUTURISMO, abaixo. 



CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI,M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., p. 465.
 


PIERRE, J. El futurismo y el dadaismo. Madrid: Aguilar, 1968, p. 161.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Giacomo Balla (1871-1958). Futurismo.

 

 

BALLA, Giacomo (1871-1958).
 
 

O artista, pintor, cenógrafo e figurinista nasceu em Turim e morreu em Roma. Balla foi o maior expoente da pintura no Futurismo italiano: ele pintou obras nas técnicas Neo-Impressionista, Pontilhista e Divisionista, quando foi influenciado pelas obras dos pintores Giuseppe Pelizza da Volpedo, Giovanni Segantini e Gaetano Previatti. Balla ensinou suas técnicas quando se transformou em professor de Gino Severini e Umberto Boccioni. 
 
 
Nas pinturas iniciais do movimento Futurista, o maior interêsse de Balla consistiu nos temas originais que abordou, reunindo em obras  a dinâmica do movimento e da velocidade. Balla pintou animais e humanos em movimento como em Dinamismo de Um Cão na Coleira (1911-1912). Convidado para visitar o violinista Lowenstein, Balla ficou alguns meses hospedado na casa dele e pintou a obra dinâmica Mão de Violinista (Dusseldorf, 1912), que se encontra reproduzida (SEUPHOR, 1957). Na pintura Compenetração Iridescente (1912, óleo/ tela, 77 cm x 77 cm, Coleção Balla), Balla apresentou o estudo das cores com influência  de Robert Delaunay que ele visitou em Paris. Nesse mesmo ano. Balla pintou Automóvel Correndo (1913, têmpera/ aquarela/ papel, 70 cm x 100 cm, no acervo do Stelijik Museum, Amsterdã). Esses temas, identificados com o movimento da vida no novo século, foram abordados pela primeira vez nas Artes Plásticas. Balla pintou ainda Carro em Movimento (1915), obra que se encontra reproduzida (SEUPHOR, 1957).
 
Balla escreveu o Manifesto dos Pintores Futuristas e Agitadores Educados assinado por Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Gino Severini e Luigi Russolo (11 abr., 1910). Cinco anos depois Balla escreveu o manifesto Reconstrução Futurista do Universo [Riconstruzioni Futurista dell’Universo], assinado com Fortunato Depero (11 mar., 1913).
 
 
Durante o período da Primeira Guerra Mundial e devido a indicação de F. T. Marinetti (1876-1944), Balla foi convidado por Sergei Diaghilev para se tornar cenógrafo e figurinista do balé mecânico Fogos de Artifício [L’Ucello di Fuoco]. A encenação foi apresentada com a música homônima de Igor Stravinsky (dur. 4´), no Teatro Costanzi (Roma, 17 abr., 1917). Para os desenhos do dito, Primeiro Cenário Plástico do Futurista Balla [Primo Scenario Plastico dal Futurista Balla], conforme se encontra escrito no cartaz do espetáculo (ATTI, 1990), Balla estudou os efeitos das vibrações luminosas azuis, violetas, vermelho verde - as cores próprias de seu edifício de madeira e tecido - assimétricos e rítmicos como as notas da música de Stravinsky. Esta composição Abstrata, que deveria se modificar explodindo por c. cinco minutos, criou sobre a estrutura cenográfica movimentos de luz e sombra variados - formas fugazes sobre a forma estática - que deveriam suscitar no espectador a mesma reação estupefaciente e maravilhada da explosão animada de fogos de artifício. Um jogo de grande efeito no qual, pela primeira vez, a cenografia foi o espetáculo, onde a centralização da idéia teatral esteve concentrada em um só pensamento: na breve explosão luminosa de efeito agudo e estridente que sublinhava e traduzia sons musicais. A eufórica aparição da força primordial do fogo - através da formalização teatral e da transfiguração do real ao abstrato. Na ocasião, a obra estreou sem bailarinos, com a música ilustrada somente com efeitos de iluminação, além de outros produzidos por várias máquinas mecânicas, tudo criação fantástica de G. Balla. Os desenhos e estudos de Balla para a cenografia dessa obra (1915-1917), se encontram no acervo da Galeria de L'Obelisco (Roma).
 

Balla colocou seu talento a serviço de outras encenações da Cia Teatral S. P. Diaghilev como para O Canto do Rouxinol [Il canto dell'usignolo], com música refeita por Stravinsky, com cenários de Fortunato Depero e desenho figurinos por Balla, encenado pelos Balés Russos com outras criações, sendo os figurinos de Léon Bakst e cenários do artista espanhol Pedro Pruna (Paris, 1916). Os desenhos de figurinos de Balla para esse balé se encontram reproduzidos (ATTI, 1990). Balla criou ainda O Jardim Zoológico [Il Giardino Zoologico], balé que ofereceu para Diaghilev, mas que nunca foi encenado. Balla criou os cenários para Dança Plástica [Balli Plastici] de Gilbert Clavel, encenado nos palcos italianos e franceses (1918); os cenários para a peça de Pierre-Albert Birot, Matoum e Tevibar (1919); cenários para o Teatro das Cores de Ricciardi (1920); para o Teatro da Experiência (Praga, 1921-1924) e para o Teatro da Mímica (Paris, 1927; Turim, 1928).
 
 
Devido ao advento do fascismo (Itália, 1923-1945) Balla afastou-se
do Futurismo e passoua pintar temas convencionais e paisagens de pouco interesse; sua pintura, obra do período inicial do Futurismo italiano, A Lâmpada ao Arco [La Lampe a Arc] (1910), se encontra reproduzida (PIERRE, 1991). A pintura Paisagem (1906-1907), de G. Balla, pertence ao acervo do MAC - USP.

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

CATÁLOGO. ATTI, F. C. degli; FERRETTI, Daniela (Org.). Rusia, 1900-1930, L'Arte della Scenna. Milano: Galeria Electa. Moscou: Museo Bachrusín, 1990, pp. 54-55.

 
CATÁLOGO. BALLA, G. Giacomo Balla, 1894-1946, Da Balla a Ball´io. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 12 maio - 30 jun., 2000.

 
BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from impressionism to post-modernism. London: Thames and Hudson, 1989, pp. 181-183.

 
CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, .; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville
Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 424-425.

DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp 14, 29, 126.

 
GIBSON, M. Duchamp, Dada. Paris: N.E.F. Casterman, 1991, p. 228.
 

PIERRE, J. L'Univers Surréaliste. Paris: Somogy, 1983, p. 97, 301.
 

SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989.192p.: Il,.algumas color., pp.66, 68.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Umberto Boccioni (1882-1916). Futurismo.




BIOGRAFIA: BOCCIONI, Umberto (1882-1916).
 
 


O artista italiano nasceu em Reggio di Calabria e morreu em Sorte, Verona. A infância de Boccioni foi passada em vários lugares, de acordo com a evolução da carreira de seu pai, morando em Forli, Gênova e Pádua. O futuro artista formou-se no Instituto Técnico (Catânia, 1899); em Roma estudou Desenho com Mataloni, e tornou-se aluno da Escola de Desenho de Nus (1900). No mesmo ano conheceu Gino Severini e tornou-se seu amigo. O artista instalou-se em Pádua e Veneza (1905-1907); ele viajou à Rússia (1904), passando por Tsaritsin, Egoritsin, Moscou, São Petersburgo e voltou à Itália, passando por Praga e Viena. Boccioni visitou novamente a Rússia, também visitou Paris (1906), mas, em seguida instalou-se em Milão (1908).


 
Devido a desavença com seu pai pela escolha da carreira artística Boccioni estabeleceu profundo conflito familiar; ele precisou viver com sua tia, em Milào, para cursar a Academia de Brera. Tanto Boccioni como Severini participaram do grupo inicial do Futurismo, organizado por Marinetti; ambos tornaram-se alunos de Giacomo Balla. O artista conheceu F. T. Marinetti quando o grupo, acrescido de outros artistas, aderiu à fase pictórica do movimento (1909). Tendo o dinamismo plástico como concepção, Boccioni desenvolveu temas únicos de estados de alma e psíquicos, inéditos até então nas Artes Plásticas. Entre suas obras pictóricas precursoras mais importantes citamos: Estados de Alma n.1 (1911); Os Adeuses (1911, óleo/tela, coleção Nelson Rockfeller). As obras citadas encontram-se reproduzidas (HULTEN, 1986). Depois que conheceu Georges Braque e Pablo Picasso na sua segunda viagem a Paris, Boccioni intensificou sua obra nas técnicas escultóricas, influenciado pelo Cubismo, que apreciou e apreendeu (1911). A escultura de Boccioni inspirou-se na escultura de Picasso Fernande (1909), que Boccioni viu em Paris quando visitou os estúdios de Picasso e Braque, amigos na ocasião (1911). Boccioni passou a pesquisar o espaço, tornando-se escultor: na sua obra escultórica, notável e original, destacamos a escultura sem base Formas Únicas na Continuidade do Espaço; Fusão de uma Cabeça e uma Janela (1912); Desenvolvimento de Uma Garrafa no Espaço. A primeira importante obra citada pode ser considerada como a mais notável escultura das vanguardas artísticas européias do princípio do século, existe no acervo do museu MAC - USP. Boccioni conseguiu expressar de forma inédita o movimento, com seu dinamismo plástico com forma que interpenetrou no espaço circundante. Durante a primeira metade do século XX a obra escultórica de Boccioni tornou-se bastante influente na escultura internacional.


 
Boccioni expressou preocupações revolucionárias em obras de viés politico (1910-1912), que foram alvo de atentados, como o acontecido na Mostra de Arte Livre, exposição organizada por Marinetti (Roma, abril, 1914). A pintura O Riso foi vandalizada, cortada por um indignado expectador; hoje restaurada, pertence ao acervo do MoMA (Nova York). No decurso da Primeira Guerra Mundial, Boccioni envolveu-se com Marinetti, que desejava a guerra: ele foi voluntário no Batalhão Lombardo de Ciclistas e Motoristas. O artista perdeu a vida em consequencia de queda de cavalo durante exercício (agosto, 1916). Foi perda lastimável para as vanguardas artísticas e, especialmente para o Futurismo, movimento do qual foi seu mais destacado expoente.


 
Boccioni foi autor do Manifesto Técnico da Escultura Futurista, que publicou (1911); ele publicou seus estudos teóricos nos livros Pintura e Escultura (1913) e Dinamismo do Corpo Humano (1913-1914). O artista colaborou com a revista Lacerba, a mais celebrada das publicações das vanguardas artísticas italianas e européias. Boccioni foi um dos mais talentosos artistas e teóricos italianos, que demonstrou em sua obra grande originalidade advinda de talento excepcional: as obras encontram-se hoje representadas nos melhores museus do mundo, notadamente as monumentais, no acervo do MoMA (Nova York); na Pinacoteca de Brera (Milão) e no MAC - USP (São Paulo). No museu paulista podem ser apreciadas várias esculturas importantes como Desenvolvimento de Uma Garrafa no Espaço (1912, gesso patinado, 39,7 cm x 60,1 cm x 32,7 cm); a mesma escultura fundida em bronze (39,5 cm x 59,5 cm x 32,8 cm). Depois da morte do artista foram fundidos em bronze seis exemplares da citada Formas Únicas na Continuidade do Espaço, a partir do molde original, em gesso patinado. As obras foram relacionadas pela Sra. Benedetta Cappa Marinetti, sua antiga proprietária: duas estão nas coleções italianas Marinetti e Mattioli; uma na Galeria Cívica de Arte Moderna, em Milão; a outra no MoMA, em Nova York. A quinta, foi adquirida pelo colecionador paulista Francisco Ciccillo Matarazzo e figura como peça destacada no acervo do MAC - USP. Esse exemplar foi permutado com a Tate Gallery, em Londres, pela obra original de Henry Moore, Figura Reclinada em Duas Peças: Pontos (bronze), que passou a figurar como peça nobre no acervo do museu londrino (1972). A obra de Boccioni Elasticidade (1912, Milão), encontra-se reproduzida (SEUPHOR, 1963).


 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from Impressionism to Post-Modernism. London: Thames and Hudson, 1989, 416p.: il., pp. 186-188.

CATÁLOGO. BALLA, G. Giacomo Balla, 1894-1946, Da Balla a Ball´io. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 12 maio - 30 jun., 2000.

CATÁLOGO. BARBOSA, A. M. Catálogo Geral de Obras 1963-1993. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Fundação Bienal, 1993,p. 58.


CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 427-433.
 
 
DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 32-33.
 
 
 
FOLHETO. Caminhos da Forma; Uma Permuta. São Paulo: MAC - USP, 2002, p. 06.

Carlo Dalmazzo Carrà (1881-1966). Futurismo.

 
 


BIOGRAFIA: CARRÀ, Carlo Dalmazzo (1881-1966).

O artista italiano nasceu em Quargnento (Alexandria, Egito) e morreu em Milão. Carrà se associou ao Futurismo italiano e participou do grupo do Novecento (Roma,1923-1933). Carrà foi anarquista, ativo em vários grupos europeus (Milão).

Carrà descendia de família de talentosos artesões: ele passou um ano em Paris (1899-1900), trabalhando como pintor-decorador nos pavilhões da Exposição Universal (1900). Na cidade-luz Carrà percorreu os museus e galerias de arte, quando conheceu as obras dos artistas Impressionistas e Pós-impressionistas, que ele admirou e que, posteriormente influenciaram-no. Carrà também apreciou a pintura de Gustave Courbet e Eugène Delacroix. O artista viajou, e passou prolongada temporada em Londres; ele somente retornou no ano seguinte a Milão (1901).
Foi o tio de Carrà quem patrocinou os estudos do jovem, de pintura com Cesare Tallone, na considerada como a melhor escola de arte italiana, a Academia de Brera (Milão, 1906-). Carrà fez amizade com grupo de colegas como Arnaldo Bonzagni, Umberto Boccioni, Romulo Romani e Ugo Valeri. Desses futuros artistas Boccioni foi quem mais se destacou no Futurismo italiano: Romani e Bonzagni assinaram o primeiro Manifesto dos Pintores (v.), mas se afastaram em seguida do grupo liderado por F. T. Marinetti. O mentor do Futurismo Marinettiano enviou Carrà a Paris para organizar a primeira mostra dos Futuristas italianos na cidade-luz, que ocorreu na Galeria Bernheim-Jeune (1912). A mostra itinerou a Londres, Berlim e Praga (1913). Na ocasião Carrà descobriu o nascente Cubismo nas vanguardas francesas e sua pintura, nesta fase de sua obra, tornou-se produto da síntese do Cubismo com os preceitos do Futurismo. Neste período inicial Carrà pintou algumas obras notáveis, na adaptação pessoal da técnica Pontilhista, invenção marcante dos artistas Pós-Impressionistas franceses, como Georges Seurat, Paul Signac e Henri-Edmond Cross, entre outros (v. Pontilhismo, no Blog http://arteeuropeiadevanguarda.blogspot.com).
 
Carrà depois se voltou para obras importantes, de denúncia política, como a pintura Os Funerais do Anarquista Galli (1911, óleo/ tela, 199 cm x 260 cm, no MoMA, Nova York). Carrà escreveu pouco depois seu manifesto: Pintura dos Sons, Rumores e Odores [Pittura del suoni, rumori e odori] lançado em Milão (11 ago., 1913; v. Manifestos Futuristas).
No ano inicial da Primeira Guerra Mundial Carrà passou prolongada temporada em Paris, onde conheceu Guillaume Appolinaire e Pablo Picasso. O artista voltou a viver em Milão, quando passou por crise de consciência, e, nessa fase, rompeu com F. T. Marinetti e o Futurismo italiano. Carrà, mesmo se mantendo afastado do grupo citado, manteve intacta sua amizade pessoal com Umberto Boccioni até o momento da morte do artista, com quem ele serviu ao exército italiano no Batalhão Lombardo dos Ciclistas e Motoristas. Boccioni e o arquiteto Antônio Sant'Elia morreram durante o conflito: foi Carrà, juntamente com seu amigo Emilio Piccolo, quem deslocou o corpo de Boccioni, enterrado em vala comum, para túmulo próprio no cemitério de Verona (1916).
 
Carrà foi ferido e enviado ao hospital militar (Ferrara, 1916); foi seu vizinho de leito hospitalar o artista plástico Giorgio de Chirico. Juntos, Carrà e De Chirico elaboraram as teorias que nortearam o movimento pictórico do Grupo (Italiano) da Pintura Metafísica (v;), o estilo influente na arte internacional, que ambos adotaram logo depois da guerra. O novo grupo formou-se em torno da revista Valori Plastici (Valores Plásticos, Roma, 1918-1922). A fotografia de Carrà vestindo o uniforme militar (Ferrara, 1916), se encontra reproduzida (HULTEN, et all., 1986).
O artista executou a Guerrapintura [Guerrapittura] (1915), considerada sua obra-prima. A maioria das pinturas citadas de Carrà foram incluídas por historiadores e destacados críticos de arte do século XX, entre as mais originais e notáveis pinturas da primeira fase do Futurismo italiano; muitas de suas reproduções se encontram publicadas (HULTEN, et al., 1986).
 
No período da dita, Pintura Metafísica, Carrà pintou várias de suas melhores e mais intrigantes obras como O Cavaleiro Bebado (1916-1917); O Ídolo Hermafrodita (1917, óleo/ tela, 65 x 42 cm, na coleção Jeri, Milão); O Quarto Encantado (1917, óleo/ tela, 65 x 52 cm) e a considerada a obra-prima da Pintura Metafísica, A Amante do Engenheiro (1917, óleo/ tela, 55 x 40 cm). A obra de Carrà Musa Metafísica, se encontra reproduzida (GAUNT, 1973; HULTEN, et al., 1986). Carrà expôs essas obras na sua primeira mostra individual realizada na Galeria Chini (Milão, 18 dez., 1917 - 10 jan., 1918), cidade onde ele voltou a viver.
Carrà participou de inúmeros encontros e discussões sobre arte, quando ele esteve com o grupo de intelectuais italianos que incluiu Giuseppe Ungaretti, Mássimo Bontempelli, Cardarelli e o escultor Medardo Rosso (Milão). Na década de 1930 Carrà produziu grandes pinturas murais; e, na década de 1940, foi-lhe concedida a cátedra de pintura na Academia de Brera (Milão, 1941). Carrà assinou vários Manifestos Futuristas (v.) e publicou A Pintura Metafísica [La pittura Metafísica].
 
Foram consagradas a Carrà duas grandes mostras retrospectivas: a primeira na Pinacoteca de Brera (Milão, 1942) e a seguinte na Pinacoteca de Roma (1962). Cinco pinturas de Carlo Carrà participaram da Sala Especial: Futurismo, na II Bienal do Museu de Arte Moderna (SAão Paulo, 1953): O Que Me Disse o Bonde (1911, óleo/ tela, 52 cmx 67 cm); Ritmos de Objetos (1911, óleo/ tela, 52 cmx 67 cm); A Mulher e o Absinto (1911-1912, óleo/ tela, 87 cmx 52 cm); A Galeria de Milão (1912, óleo/ tela, 90 cmx 50 cm) e O Cavalo e o Cavaleiro (1914-1915, colagem, 39 x 68 cm, na coleção Gianni Mattioli, Milão). Duas obras da segunda fase de Carrà, Banho de Marinheiros (1935) e O Rio (1950), pertencem ao acervo do MAC-USP. A obra de Carrà Verão [Estate] (1930, óleo/ tela, 166 x 121,5 cm, no acervo do Cívico Museo d'Arte Contemporânea, Milão), participou da mostra Novecento Sudamericano. Relações Artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai, organizada com a curadoria de Tadeu Chiarelli e o apoio do Instituto Italiano de Cultura, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2003).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


CATÁLOGO. II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. São Paulo: EDIAM, 1ª edição, dez., 1953, p. 217.


 
CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J. A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L;. CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.; CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE; MARIA, L. DE; DI MILLIA, G.;FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 441-444.


 
CHIARELLI, T. O Tempo em Suspensão: Presença/ Ressonâncias da Pintura Metafísica e do Novecento Italiano na Arte de Argentina, Brasil e Uruguai. Apud CATÁLOGO. Novecento Sudamericano: Relações Artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2003, pp. 11, 23



 
READ, H. Histoire de la peinture moderne. Traduction de Yves Rivière. Paris: Aymery Somogy, 1960, p. 128. 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

REFERÊNCIAS SELECIONADAS PARA O FUTURISMO.

 

 



REFERÊNCIAS SELECIONADAS PARA O FUTURISMO.
 

 

CATÁLOGO. ATTI, F. C. degli; FERRETTI, Daniela (Org.). Rusia, 1900-1930, L'Arte della Scenna. Milano: Galeria Electa. Moscou: Museo Bachrusín, 1990.

 
CATÁLOGO. BALLA, G. Giacomo Balla, 1894-1946, Da Balla a Ball´io. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 12 maio - 30 jun., 2000.

 
CATÁLOGO GERAL. MILLIET, S.; PFEIFER, W.. II Bienal do Museu de Arte Moderna.. São Paulo: EDIAM, 1ª ed., dez., 1953. 1953.

 
CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L;. CAUMONT, J;.CELANT, G;. COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE; MARIA, L. DE; DI MILLIA, G.;FABRIS, A.;FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.;GREGOTTI, V.;LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.;MENNA, F.; ÁCINI, P.;RONDOLINO, G;RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.;SILK, G.; SMEJKAI, F.;STRADA, V.;VERDONE, M.;ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs.


 
DICIONÁRIO. BREUILLE, J-P. Dictionnaire de la peinture et de sculpture: l'art du XXe siècle. Sous la direction de Jean-Philippe Breuille. Paris: Lib, Larousse, 1991. 777p.: il., retrs. (Dictionnaires specialisés).

 

DICIONÁRIO. BREUILLE, J-P. Le dictionnaire mondial de la photographie : la photographie des origines a nos jours. Sous la direction de Jean-Philippe Breuille. Paris: Larousse, 1994. 735p.: il., retrs. (Dictionnaires specialisés).


 
DICIONÁRIO. CHAMBERS. Biographical Dictionary. London: Melanie Parry Ed., Chambers - Hanap, 1997.


 

DICIONÁRIO. CHILVERS, I. The Concise Oxford Dictionary of Art and Artists. Edited by Ian Chilvers. Oxford: Oxford University Press, 1990. 517p. (Oxford reference)

 
DICIONÁRIO. CHILVERS, I. Dictionary of 20th century art. Edited by Ian Chilvers. Oxford: Oxford University Press, 1998. 670p. (Oxford reference)
 
 
 
 
DICIONÁRIO. DUDLEY, A; BADARSKY, D. The international Dictionary of Films and Filmmarkers. London: Papermac, 1984.


DICIONÁRIO. DUROZOI, G. Dictionaire de l'art moderne et contemporain. Sous la direction de Gérard Durozoi. Paris: Fernand Hazam, 1992. 676p.: il. pp. 468, 510-511.


 
DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il.

 
DICIONÁRIO. THOMPSON, K. A Dictionary of Twentieth-Century Composers1911-1971. London: Farber & Farber, 1973. 666p. 16,5 x24,5 cm.

 
CHIARELLI, T. O Tempo em Suspensão: Presença/ Ressonâncias da Pintura Metafísica e do Novecento Italiano na Arte de Argentina, Brasil e Uruguai. Apud: CATÁLOGO. Novecento Sudamericano. Relações Artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai.São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2003, pp.07-12.

 
CORK, R.; BRETTE, A. Formulation d' un groupe rebelle à l' Exposition d' Octobre 1913. Traduction de Thérèse Fossatti. Apud CORK, R.; ELIOT, T. S.; KENNER, H.; LEMAIRE, G-G.; LEWIS, W.; McLUHAN, M.; POUND, E.; RODITI, É.; WEST, R. Windham Lewis et le Vorticisme.
Paris: Cahiers Pour un Temps, Centre Georges Pompidou, Pandora Ed., 1982, pp. 122-147.

 
DUFOURCQ, N. (org.); ALAIN, O.; ANDRAL, M.: BAINES, A.; BIRKNER, G.; BRIDGMAN, N.; Mme. de CHAMBURE; CHARNASSÉ, H.; CORBIN, S.; AZEVEDO, L. H. C. de; DESAUTELS, A.; DEVOTO, D.; DUFOURQ, N.; FERCHAULT, G.: GAGNEPAIN, B.; GAUTHIER, A.; GÉRARD, Y. HALBREICH, H.; HELFFER, M.; HODEIR, A.; ROSTILAV, M.; HOFMANN, Z.; MACHABEY, A.; MARCEL-DUBOIS, C.; MILLIOT, S.; MONICHON, P.; RAUGEL, F.; RICCI, J.; ROUBERT, F.; ROSTAND, C.; ROUGET, G.; SANVOISIN, M.; SARTORI, C. SHILOAH, A.; STRICKER, R.: TOURTE, R.; TRAN VAN KHÊ, A. V., VERLET, C. VERNILLAT, F.; WIRSTA, A.; ZENATTI, A. La Música: Los Hombres, Los Instrumentos, Las Obras. Barcelona: Planeta, 1976, pp. 159, 175-176, 227, 352, 361, 364.



GINANNESCHI, E. O Enigma de uma Viagem na Arte do Século XX. Apud: CATÁLOGO. Novecento Sudamericano: Relações Artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2003, pp. 18-19

 
HAMLYN, G. (Ed.). The Larousse Encyclopedia of Music. Introduction by Antony Hopkins. With contributions of Benny Green, Dr. Everett Helm, Donald Paine, Roger Smalley and Stephen Walsh. London - New York - Sydney - Toronto: The Hamlyn Publishing Group. 1971, 1975, 1976, 1977. 576p.:il., algumas color. 20,5 cm x 29 cm.

 
 
LEMAIRE, G G. Prolégomènes au Vorticisme: Flux et Reflux en Angleterre. ApudCATÁLOGO. CORK, R.; ELIOT, T. S.; KENNER, H.; LEMAIRE, G-G.; LEWIS, W.; McLUHAN, M.; POUND, E.; RODITI, É.; WEST, R. Windham Lewis et le Vorticisme. Paris: Cahiers Pour un Temps, Centre Georges Pompidou, Pandora Ed., 1982, pp. 11-16.



 
PALESTRA. D’AGOSTINI, V. O Teatro Futurista. São Paulo: CEF, Encontros Estéticos,  27 abr., 2002.
 
 
 
PIERRE, J. El futurismo y el dadaismo. Madrid: Aguilar, 1968, pp. 150-152, 372.
 
 
 
SEUPHOR, M.: RAGON, M.: PLEYNET, M. L'Art Abstrait. Paris: Maeght, 1949. 1971-1988, 05 v.: il., pp. 46-47.


 

WECHSLER, D. De uma Estética do Silêncio a uma Silenciosa Declamação: Encontros e Apropriações de uma Tradição nas Metrópoles do Rio da Prata. Apud: CATÁLOGO. Novecento Sudamericano: Relações Artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2003, pp. 13-16
 

 




INTERNET: e-textos.

FUTURISMO INTERNACIONAL.

 

 
FUTURISMO INTERNACIONAL (Milão, Paris, Roma, Turim, Veneza, entre outras cidades, 1909-1944).

 
No começo do século XX eclodiram movimentos Anarquistas e Marxistas. Os Futuristas, cujos participantes pertenciam à burguesia da época, apresentou projeto político nacionalista e expansionista, além de combativo, que saiu na defesa da Primeira Guerra Mundial com o objetivo de fortificar a empobrecida Itália.
 
O mentor do Futurismo italiano, Felipo Tommaso Marinetti (1876-1944), lançou seu movimento na Itália (Milão) e no Brasil (Salvador, 1909); na França (Paris, 1910) e em outros países. O Futurismo Marinettiano foi sustentado a partir do fato que seu mentor se tornou milionário por herança e pôde se dar ao luxo de patrocinar o movimento, comprar as obras dos pintores, alugar teatros para eventos de Declamação de Poesias, entre outras manifestações, que foram se tornando mais e mais radicais, apresentando sempre ações performáticas.
 
 
 
 
 
ALBERA estabeleceu certa diferença entre o Futurismo como movimento artístico e literário, e o Futurismo Marinettiano, que ele denominou de Marinettismo, sempre com sua imagem associada ao Fascismo. De concreto a informaçao que Marinetti foi colega de liceu do futuro ditador italiano, Benito Mussolini, e, no período em que esteve no poder soube canalizar certas benesses para o Marinettismo, adotando em contrapartida atitudes e manifestações favoráveis à PrimeiraGuerra Mundial, expostas através de inúmeros Manifestos. Citando ALBERA (2002):



[...] Marinetti, a despeito de sua intensa atividade de propaganda, de difusão de seu pensamento, representa apenas a si mesmo; ele encarna, ao extremo, o individualismo anarquista […]


Marinetti reuniu em torno de sua pessoa grupo multidisciplinar de convidados, escritores e poetas; e, posteriormente, vários artistas plásticos, fotógrafos e músicos. Participaram do Futurismo Marinettiano Giacomo Balla (1871-1958), Anton Giulio Bragaglia (1890-1960) e seus irmãos, Arturo Bragaglia (1892-1962) e Carlo Ludovico Bragaglia (1894-1998); Umberto Boccioni (1882-1916), Anselmo Bucci (1887-1955), Carlo Carrà (1881-1966), Francesco Cangiullo 1884-1977), Ricciotto Canudo (1877-1923), Franco Casavola (1891-1955), Alfredo Casella (1883-1947), Mássimo Campigli (1895-1971), Pietro Consagra (1920-2005), Bruno Corra (Conde Bruno Ginanni Corradini, 1892-1976), Fortunato Depero (1880-1954), Filippo De Pisis (1896-1956), Gerardo Dottori (1884-1977), Leonardo Dudreville (1885-1976), Arnaldo Gina (Conde Arnaldo Ginanni Corradini, 1890-11982), Giorgio Morandi (1890-1964), Enrico Prampolini (1894-1956), Francesco Balila Pratella (1880-1955), Ottone Rosai (1895-1957), Luigi Russolo (1885-1947), Medardo Rosso (1858-1928), Gino Severini (1883-1966), Carlo Socrate (1889-1967) e Ardengo Soffici (1879-1964), entre outros.

As pesquisas do cientista francês Étienne-Jules Marey (1830-1904) se tornaram a base das primeiras obras pictóricas do movimento do Cubismo francês (v.) e do Futurismo italiano (v. Fotografia: Cronofotografia do Movimento Humano). Foi notável a influência de Marey nas pinturas iniciais de Giacomo Balla expressa nas obras Cão andando na coleira, Mão de Violinista e Menina correndo em um Balcão (1912, óleo/ tela, 125 x 125 cm, no acervo da Galeria Cívica de Arte Moderna, Milão).
 


 

FUTURISMO NA AMÉRICA; Nova York, 1911; 1916-1917.
 
V. no Blog
 

 


 
FUTURISMO, BRASIL (Salvador, 1909; São Paulo, 1922; 1926; 1953, 2000).
 
 V. no Blog
 
 
FUTURISMO, CATALUNHA (Barcelona e região catalã, Espanha, 1916 – c. 1930).
  
 V. no Blog
 
 
FUTURISMO, INGLATERRA (Londres, 1913-1914). V. no Blog
 
 
FUTURISMO, RÚSSIA E PAÍSES DO LESTE EUROPEU (Praga, Budapeste e Lvov, República Tcheca, 1912-1914;Praga, 1914, v. Expressionismo Polonês ou Formismo). V. no Blog
 



FUTURISMO, RÚSSIA (v. CUBO FUTURISMO;
V. Raionismo [Luchism], com obras diretamente inspiradas no Futurismo italiano; v. o dito, Grupo KOM-FUT, Comunista-Futurista [KOM-FUT/ KOMUNISTY-FUTURISTY]).

V. no Blog
 
 

FUTURISMO NAS ARTES: ARQUITETURA (1912-1914).

 
Os grandes expoentes da arquitetura Futurista foram Antônio Sant´Elia (Como, Lombardia, 1888-1916), Mário Chiatonne (1891-1957), Virgilio Marchi (1895-1960), Giulio Ulisse Arata (1881-1962) e Nikolay Diulgheroff (1901-1982), entre outros.
Sant´Elia abriu escritório de arquitetura em Milão: ele foi influenciado pela arquitetura norte-americana das grandes cidades industrializadas e pela arquitetura avançada dos vienenses Otto Wagner e Adolf Loos (1870-1933). Sant´Elia começou a desenhar a sua cidade fantástica, que denominou de Cidade Nova [Cittá Nuova], que deveria se tornar símbolo da nova era Futurista. Os desenhos em perspectiva do arquiteto de Como estiveram em exposição na única mostra do Grupo (Italiano) Nova Tendência (v.), multidisciplinar, que integrou arquitetos como Sant´Elia e Mário Chiatonne a artistas plásticos, escritores e críticos de arte. Essa mostra ocorreu na Galeria da Família Artística (Milão, maio - jun., 1914). A Primeira Guerra Mundial levou Sant´Elia a se alistar no Batalhão Lombardo de Ciclistas, junto com seu amigo, o pintor e escultor Futurista Umberto Boccioni. Ambos morrreram: Boccioni de queda de cavalo e Sant´Elia na Batalha de Isonzo (Montefalcone, Itália, 10 out., 1916). Vários dos desenhos de Sant´Elia, expoente da arquitetura Futurista, pertencem ao acervo da Pinacoteca de Como, sua cidade natal.
 
 
Outro arquiteto associado ao mesmo grupo, Mário Chiattone (1891-1957), também mostrou seus desenhos para sua metrópole moderna na mostra coletiva do Grupo Nova Tendência (v.) imagens marcantes da Arquitetura Futurista italiana. O arquiteto e pintor Chiatonne nasceu em Bérgamo (Itália) e faleceu em Lugano (Suíça). Nos seus projetos individuais Chiatonne abandonou a escala do gigantismo arquitetônico, voltando-se para as funções específicas de cada prédio, abraçando nova tendência associada a forma arquitetônica pura (1916-1918), conforme as formas simplificadas, lançadas pelo movimento das vanguardas francesas do Grupo do Purismo, liderado pelo pintor Amedée Ozenfant e pelo arquiteto Le Corbusier (Paris, 1918-1920). O projeto vanguardista do Prédio IV (sd), de autoria de Mário Chiatonne, se encontra reproduzido (HULTEN, 1986: 446).
A morte prematura de Antonio Sant'Elia na Primeira Guerra Mundial fez com que Chiatonne abandonasse seus projetos utópicos e se voltasse para projetos de arquitetura no estilo passadista, o que foi tendência mundial na arte do entre guerras (c. 1919-1939). Posteriormente Chiatonne se associou ao Grupo do Novecento italiano (v.), quando sua obra se voltou para a comportada arquitetura estilo neoclássico.
O arquiteto mais ativo nas lides futuristas foi Virgílio Marchi (1895–1960): ele publicou vários livros: Arquitetura Futurista [Architettura Futurista] (1924) e Itália Nova,Arquitetura Nova [Italia Nuova, Architettura Nuova] (1931), livro no qual exaltou as técnicas modernas, a maquinária e a estética da velocidade, do dito, Dinamismo Futurista, valorizadas pelo grupo italiano. Nas suas visões de espaços gigantescos e perspectivas megaespaciais, Marchi concebeu a arquitetura como escultura habitável. Marchi projetou e construiu a Casa de Arte Bragaglia, o Teatro dos Independentes Experimentais (Roma, 1921), o Teatro dos Pequenos [Teatro dei Piccoli] de Vittoria Prodecca, e o Teatro Odescalchi (Roma, 1924-1925). Foram publicados dois Manifestos da Arquitetura Futurista, sendo o primeiro atribuído a Antonio Sant'Elia (ago., 1914) e o outro assinado por grupo de arquitetos e engenheiros italianos (v. escritos dos Futuristas; v. Manifestos Futuristas; e v. revista Quadrante).


 
 
 
FUTURISMO NAS ARTES: ARTES APLICADAS (Roma, 1912-).
 
Destaque, DEPERO, Fortunato.
 
Algumas obras de Arte Aplicada Futurista, enfatizaram seu caráter lúdico, como, p. ex., os coletes com bordados de aplicação (v. fotografia); as tapeçarias e as almofadas bordadas, de Fortunato Depero (1880-1954). Depero foi o principal Futurista voltado para a produção nas Artes Aplicadas (v.): as obras dele, foram sempre executadas com leveza de espírito e muito humor. O espírito lúdico dos artistas Futuristas expressou-se também nas pinturas decorativas executadas por Depero nas paredes do Cabaré do Diabo e nas do Bar Americano do Hotel Elite (Roma, 1921).
 
A decoração da Casa d'Arte Bragaglia (Roma, 1918-), de Anton Giulio Bragaglia (1890-1960), pintada com arcos de formas orgânicas, foi uma transformação ambiental e decorativa, na obra executada pelo arquiteto Virgilio Marchi (1895-1960); Uggo Pannaggi (1901-1981) e Giacomo Balla (1871-1958) realizaram as pinturas e o mobiliário da original decoração de interiores. Nos salões da galeria de arte, a decoração interior destacou os coloridíssimos móveis pintados na estética lúdica e alegre do Futurismo italiano.
 
Outro centro cultural foi a Casa d'Arte Italiana, inaugurada por Enrico Prampolini (1894-1956), em Roma. Nesse local foram realizados eventos musicais, concertos, palestras e mostras de Artes Plásticas e de Artes Aplicadas, a cultura viva do movimento Futurista.
 
Algumas Tapeçarias Bordadas, de autoria de Giacomo Balla (1880-1958), estiveram em exposição na mostra individual Giacomo Balla, 1894-1946, Da Balla a Ball´io,que publicou catálogo ilustrado, realizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo (12 maio - 30 jun., 2000).



FUTURISMO NAS ARTES: ARTES CÊNICAS (Roma, Milão, São Paulo, 1912-1916).
 
 
Destaques, BALLA, Giacomo, PETROLINI, Ettore (1896-1936).

O Futurismo, arte com forte raiz performática, rompeu com o passado cultural milenar italiano e foi palco de diversas experimentações. Na Serate Futurista [Noitada Futurista] F. Marinetti apresentou novas idéias e novos artistas, além dos grandes avanços tecnológicos de sua época, como o automóvel, o cinema, a fotografia, a eletricidade, a siderurgia, o telefone, o telégrafo e o rádio, entre outros. Os performáticos Futuristas apresentaram mais de 500 das ditas, sínteses teatrais, peças curtas de mais de oitenta autores, sendo que mais da metade delas (c. de 70%) nunca foram montadas, nem publicadas (1910-1930). As Serate [Noitadas] foram realizadas a preços populares, permitindo que a grande massa de público comparecesse aos teatros por toda a Itália. A grande inspiração dos Futuristas veio do Teatro de Variedades, apresentando espetáculos no estilo circense, empregando acrobatas, bailarinos, dançarinos, declamadores, contorcionistas, ginastas, imitadores, mágicos e prestidigitadores, entre muitos outros artistas.
 
Os artistas plásticos Futuristas se reuniram com o grupo que publicava a revista Lacerba (v.), para promoverem uma Noite Futurista no Teatro Costanzi (Roma, 21 de fev, 1913). No espaço da entrada do teatro, apresentarm a mostra de suas obras: pinturas de Balla, Boccioni, Carrà, Severini e Soffici. O escritor, teatrólogo e cineasta Futurista Remo Chiti (1891-1971) participou das Noites Futuristas [Serata Futurista], organizadas por F. T. Marinetti nos teatros italianos, com declamação de poesias e performances vanguardistas, associadas à música e a apresentação de novos instrumentos como o Rumorarmônio [Intonarumori], criado por Luigi Russolo, músico e pintor italiano. Chiti tornou-se um dos mais ativos membros do Futurismo, criou e trabalhou para o seu dito, Teatro Sintético e lançou o Manifesto do Teatro Sintético Futurista, que F. T. Marinetti, Bruno Corra e Enrico Settimelli assinaram. Remo Chiti publicou seu manifesto, O Criador do Teatro Sintético Futurista [I creatori del teatro sintetico futurista] (1915) e escreveu várias peças de um ato para as várias performances que criou; seus textos e peças foram publicados postumamente, editados por ário Verdone com o título A vida se faz por si mesma [La vita se fá da se] (1973).
O ator e autor teatral Futurista Ettore Petrolini (1896-1926), que produziu várias das ditas, Sínteses Teatrais Futuristas (1916-) e trabalhou conjuntamente com Francesco Cangiullo, com quem escreveu a peça Radioscopia, misto de drama com espetáculo no estilo do vaudeville francês e do music-hall norte-americano. Petrolini esteve no Brasil, onde encenou alguns de seus espetáculos (São Paulo, c. 1922).
 
 
No começo da década de 1920 os artistas Futuristas passaram à se reunir na cave do Palácio Tittoni, onde fundaram o Teatro dos Independentes Experimentais [Teatro degli Independenti Sperimentali], do qual participaram Umberto Boccioni (1882-1916), Mássimo Campligli (1895-1971), Gerardo De Pisis (1896-1956), Gerardo Dottori (1884-1977), Ubaldo Oppi, Enrico Prampolini (1894-1956), Ottone Rosai (1895-1957), Carlo Socrate (1889-1967) e Gregório Sciltian (1900-1984). Este teatro experimental se transformou no centro ativo de convivência artística para o grupo, que estabeleceu a conexão entre o Futurismo, a Metafísica e o Realismo Mágico Romano. Na ocasião, os artistas organizaram cursos e conferências e promoveram performances, como Ao modo do Tango [A modo di Tango], com música de autoria do músico Futurista Alfredo Casella (Roma, 1921).
Fillia (Luigi Colombo, 1885-1974), foi editor de revistas como Futurismo (Turim, 1924), com Prampolini, quando ambos definiram os princípios da dita, Teoria Teatral Futurista (1922). O novo manifesto tornou E. Prampolini uma das mais destacadas figuras das vanguardas da cena teatral italiana: ele editou, junto com Fillia, outra revista das vanguardas italianas, a Stile Futurista [Estilo Futurista]; e assinou, conjuntamente com Fillia, o manifesto Atmosfera - Estrutura, no qual eles promoveram as bases para a Cenografia Teatral Futurista, que colocou o teatro do movimento bem mais próximo da dita, Teoria Mecânica do artista performático precursor russo, Nicolai Foregger (Nicolay Mikhailovich Grefenturn, 1862-1939).
 
Na época Prampolini criou dois balés, nunca encenados: A Noite Metálica [La Note Metallica] e O Renascimento do Espírito [La Rinascita dello spirito], ambos reconhecidos como sendo impossíveis de serem coreografados (1922). Prampolini participou do Congresso Futurista (Milão, 1924), para o qual ele desenhou as insígnias que serviram de identificação para as várias delegações regionais, participantes do evento nacional.
O Futurista Enrico Prampolini criou o texto do manifesto A Arte Mecânica (1923), que ele lançou juntamente com Uggo Pannagi (1901-1981) e Vinicio Paladini (1902-1971), dupla de arquitetos e artistas plásticos que lançaram o Manifesto da Arte Futurista Mecânica publicado na revista La Pagina (Roma, 20 jan., 1922). O texto desse documento se tornou a base do manifesto homônimo, assinado por Fillia, lançado no mesmo ano (out.). No espetáculo teatral o autor colocou em prática seus preceitos Futuristas expressos no texto desse manifesto, substituiu os atores por máquinas e efeitos luminosos. O maior interesse de Prampolini sempre foi o objeto motorizado: a pintura de Prampolini coexistiu com o realismo dos objetos, que o artista pretendeu automatizar de modo mecânico através das conquistas técnicas do mundo das máquinas. Prampolini intuiu que a estética das novas máquinas seria facilmente adaptável ao mundo teatral, onde ele apresentou-as comoinovações cenográficas. O artista pecou pelo excesso, pois levou suas maquinas cênicas a tal limite que dispensou a essência mesma do teatro, a presença e a arte da representação dos atores. Prampolini chegou a apresentar seu teatro mecânico em cidades como Paris (1925), quando o ator foi substituído por jogo de luzes que ele mesmo projetou.
 
Prampolini eliminou completamente da cena teatral o ser humano: ele foi cenógrafo da peça A Pequena Chapéuzinho [Le Petit Chaperon], baseada no conto Chapéuzinho Vermelho (Perrault) e de Matoum e Tevibar (Pierre-Albert Birot), apresentada no Teatro dei Piccoli (Roma). Prampolini apresentou juntamente com a atriz Maria Ricotti, a dita, Pantomima Futurista (1927), com música de Franco Casavola (1891-1955), utilizando o instrumento musical Futurista patenteado pelo músico e pintor Luigi Russolo (1885-1947): o Rumorarmônio [Intonarumori], no Théâtre de La Madeleine (Paris, 1927). Uma fotografia de Ricotti se encontra reproduzida (HULTEN, 1986). Nesse espetáculo, Prampolini não fugiu à sua regra; anteriormente ele apresentou o espetáculo do dito, Teatro Magnético, no qual ele substituiu os atores por jogo de luzes criado por máquina cênica que ele inventou (1925); e, no segundo ato do espetáculo A angústia da máquina, Prampolini substituiu os atores por um elevador, ventilador e gramofone.
 
 
Foram lançados inúmeros outros manifestos relacionados ao Teatro Futurista como o Manifesto dos Dramaturgos Futuristas [Manifesto dei drammaturghi futuristi], por F. T. Marinetti (Milão, 1911); O Teatro de Variedades [Il teatro di varietà], por F. T. Marinetti e Ettore Petrolini (1º out., 1913), publicado no jornal Daily Mail (Londres,1913) e, bem mais tarde, na revista de Almada Negreiros, Portugal Futurista (Lisboa, 1917). O Teatro Sintético Futurista (Atécnico – Dinâmico – Autônomo – Alógico – Irreal) [Il teatro futurista sintético (Atecnico – Dinamico – Autônomo – Alógico –Irreale) lançado por F. T. Marinetti, Bruno Corra e Emilio Settimelli (Roma, 10 jan., 1915). O Manifesto do Teatro Aéreo Futurista foi lançado pelo artista plástico, fotógrafo e aviador, Fedele Azzari (11 abr., 1919); o Manifesto do Teatro de Variedades foi lançado pelo ator Ettore Petrolini (1919); o Manifesto do Teatro do Instante Dilatado foi lançado pelo músico italiano Franco Casavola, que também lançou o Manifesto do Teatro Imaginário e o Manifesto do Pequeno Teatro. Fillia e Prampolini lançaram o Manifesto da Cenografia Futurista no documento que definiu os princípios básicos da teoria cenográfica teatral Futurista (v. Manifestos Futuristas).
O caráter circense e crítico das performances Futuristas, muitas vezes levaram-nas à incitamento Anarquista, recebendo vaias da platéia e lançamento de legumes como batatas e tomates. Os radicalismos praticados pelos Futuristas, em muitas ocasiões, levaram para a prisão vários dos performáticos. Marinetti declarou sua paixão à ...volúpia de ser vaiado.
  
O Futurismo lançou o Teatro do Instante Dilatado (1915), com o manifesto citado (v.), para o qual foram criadas c. de 500 Sínteses Teatrais Futuristas, todas com a duração de poucos minutos. Citamos alguns exemplos dessas peças curtas e incisivas, como Flerte, que enfatizava a frieza do relacionamento amoroso na encenação de uma mulher e um homem; e, Frente ao Infinito (1915), que lançava sua crítica à cultura geral, sendo o único personagem o filósofo selvagem (berlinense), que portava jornal e revolver, quando afirmou que todas as coisas são iguais.. O personagem, com a mesma indiferença com a qual leu o jornal, atirou em si mesmo. Caiu o pano.
Outra peça foi A Consulta, tendo como cenário sala de estilo variado onde se encontravam sentados um velho e um jovem, quando entraram duas senhoras. O diálogo que se seguiu foi o seguinte:
 
Falou o velho: Como? Belo relógio. Belo relógio. Belo, este relógio. Bela sala. Bela mobília. Bela mobília. Dentes ruins. Dentes ruins.
Surgiu uma senhora: Bom dia. Bela sala. Bela sala. Caiu o pano.
 
 
A síntese Luzes foi escrita por Marinetti, com iluminação e cenografia de Fortunato Depero. A encenação começou com três minutos de escuridão total, quando depois surgiu em cena uma pessoa com uma luz, mais duas pessoas e mais pessoas, até completarem vinte pessoas com vinte luzes, sessenta pessoas com sessenta luzes, até que o teatro inteiro ficou iluminado com luz exagerada. Caiu o pano.
A Passadismo, nos três atos passados em três épocas diferentes, apresentou dois personagens, um velho e uma velha, que se encontram sentados ao lado de um calendário. O tempo passa, com ausência de diálogo.
Diálogo do 1o ato: - Estou satisfeito (10 jan., 1816).
Diálogo do 2o ato: - Estou satisfeito. Você dirigiu bem. Você melhorou da azia? (10 jan., 1880).
Diálogo do 3o ato: - Estou satisfeito. Você dirigiu bem. Você melhorou da azia? Que aperto no coração (10 jan., 1910). Caiu o pano.
 Outros Futuristas escreveram e encenaram algumas das ditas, Sínteses Teatrais Futuristas: o escritor e poeta Auro D´Alba foi autor das peças A Carrugagem [I carri] e A Troca [Il cambio], representadas em Milão (1916). A revista bimestral L’Italia Futurista (Florença, 1916-1920), fundada pelo pintor Neri Nannetti (ou Neri Vieri, n. 1890), publicou poemas de poetisas associadas ao movimento Futurista: Mina Della Pergola nela publicou suas Sínteses Futuristas, apresentadas como Teatro do Instante. Entre outras peças citamos Ato Negativo [Atto Negativo], de Bruno Corra e Emilio Settimnelli; Paralelepípedo [Parallelepipedo], de Paolo Buzzi; e Cores [Colori] de Fortunato Depero, peças essas re-encenadas recentemente nos novos meios digitais (Google: Futurist Plays You Tube; v. os vídeos relacionados em REFERENCIAS SELECIONADAS).
 
 


FUTURISMO NAS ARTES: CINEMA (Roma, 1916-1917).
 
 
Destaques; BRAGAGLIA, Anton Giulio, Enrico PRAMPOLINI, Arnaldo GINNA e seu irmão, Bruno CORRA.
 
 
Os Futuristas lançaram o Manifesto da Cinenatografia Futurista (Florença, 1916), assinado por F. T. Marinetti, Giacomo Balla, Bruno Corra, Remo Chiti, Arnaldo Gina e Emilio Settimelli. Sobre o citado manifesto do Cinema Futurista, HULTEN (1986), declarou que o manifesto é o único texto ao qual podemos nos referir quando discutimos o cinema futurista. Ele antecipou muitas das idéias do cinema das vanguardas, mas também foi ambicioso e genérico, reclamou a mais avançada liberdade para o novo meio, identificou os elementos futuristas autênticos e suas possibilidades na convicção de que o cinema, sendo essencialmente visual, primeiro precisava seguir a evolução da pintura, destacar-se da realidade, da fotografia, do gracioso e do solene e tornar-se antigracioso, impressionista e deformado.
 
 
O cinema Futurista que existiu não chegou até os nossos dias; o único filme produzido pelo grupo que assinou o manifesto foi Vida Futurista [Vita Futurista] (1916), que apresentou os principais princípios plásticos que nortearam o cinema Futurista,expressos no citado manifesto. O filme, dirigido por Arnaldo Gina e Lúcio Venna, perdeu-se, mas a revista L'Itália Futurista publicou (1º out., 1916), o resumo detalhado do filme, dividido em uma série de episódios, a saber: Como dorme um futurista; Ginástica matinal; Um almoço Futurista;Discussão entre um pé, um martelo e um guarda-chuva; Um passeio Futurista; Trabalho Futurista - Imagens idealizadas e deformadas externamente.
 
 
Dois fotogramas do filme, um com Arnaldo Gina, e outro, o da Dança do Esplendor Geométrico, se encontram reproduzidos (HULTEN, et al., 1986). As cenas filmadas foram criadas através das performances dos próprios Futuristas, que se transformaram em atores quando atuaram de forma espontânea no filme, realizado com todos os artistas que assinaram o manifesto: Balla, Corra, Ginna, Marinetti e Settimelli.
 
 
Bruno Corra (Conde Bruno Ginanni Corradini, 1892-1976) e seu irmão, Arnaldo Ginna (Conde Arnaldo Ginanni Corradini, 1890-1982), realizaram experiências de Pintura cinematográfica [Cinepittura]. A dupla realizou alguns curtas feitos à mão, utilizando filmes não expostos que pintaram com o objetivo de compor sinfonia de imagens e cores. Estas experiências, depois perdidas, ocorreram no início da segunda década do século XX (c. 1910-1912). A forma experimental de arte cinematográfica de ambos os irmãos encontra-se descrita no livro Il pastore, il gregge e la zampogna (1912). Nesse livro Corra publicou seu ensaio sobre Música cromática. De acordo com HULTEN (1986), estas experiências de desenhos sobre película de cinema podem ser definidos como filmes Abstratos, que seguiram a mesma linha de pesquisa, mais tarde desenvolvida na França e Alemanha, na Arte Abstrata e na Pintura Cinética.
 
 
Ivo Illuminati dirigiu filme Futurista, sobre o qual não encontramos informações: O Rei, A Torre, O Bispo, dado como perdido. Vinício Paladini também produziu filme Futurista, desconhecido: Luna-Park Traumático (Roma, 1927). Citou HULTEN (1986), que o filme Pérfido Encanto ou Thaís, permaneceu dentro dos limites da influência predominante do romancista italiano Gabrieli D'Annunzio, exceto por certos desenhos cenográficos de inquestionável modernidade e qualidade, graças à colaboração de Enrico Prampolini. Thaís (1916) foi dirigido por Anton Giulio Bragaglia, o principal artífice da Fotografia Futurista (v. Futurismo nas Artes: Fotografia, Fotodinamismo e Aerofotografia Futurista), que não assinou o Manifesto do Cinema Futurista. Prampolini criou cenários gráficos para esse filme das vanguardas italianas, cuja única cópia desapareceu: dois fotogramas do filme citado foram publicados (HULTEN, et al., 1986), e demonstraram a avançada modernidade dos cenários de E. Prampolini.
 
 
 
O filme Vita Futurista: Italian Futurism 1909-1944 foi realizado por Lutz Becker, com produção Followbetter, parcialmente filmado na mostra coletiva Futurism & Futurismus, com curadoria de Pontus Hulten, realizada no Palazzo Grassi (Florença, 1986). O filme se encontra nos arquivos do Coleção de Filmes do Conselho Britânico das Artes [Arts Council England Film Collection], no Arquivo de Filmes de Arte [Arts on Film Archives] da Universidade de Westminster (Inglaterra).
 
 
FUTURISMO NAS ARTES: GRÁFICAS (Roma, 1917-).
 
 
Destaques; Francesco CANGIULLO, Fortunato DEPERO e Enrico PRAMPOLINI.
 
 
Depois do término da Primeira Guerra Mundial Prampolini passou a publicar a revista Cronache d'Attualità [Crônica da Atualidade] (1918); ele também publicou o boletim Index (1919-), patrocinado pelo Ateliê Fotográfico (Futurista) dos Irmãos Bragaglia. Pouco depois Enrico Prampolini (1894-1956), foi isolado do maior grupo das vanguardas italianas, quando ele, juntamente com o poeta e escritor Bino Sanminiatelli, fundou a revista Noi [Nós] (Roma, 1917-1925).
 
 
Francesco Cangiullo (1884-1977) colaborou com seus textos para os mais conhecidos periódicos de vanguarda de sua época, como as revistas La Difesa dell´Arte (1910-), Lacerba (1913-1915), L'Italia Futurista (1916-1920), Procellaria (1922-) e La Cultura Italiana (1929-), todas publicadas em Florença, onde ele vivia. O artista e escritor se associou às vanguardas Futuristas: Cangiullo escreveu e assinou o Manifesto do Mobiliário Futurista (1920); e assinou, juntamente com F. Marinetti, o Manifesto do Teatro da Surpresa (1921)
 



FUTURISMO NAS ARTES PLÁSTICAS (Paris, 1º de dez., 1908; Londres e Berlim, 1913; Milão, 1914; Buenos Aires, Argentina, 1924-1954).
 


A primeira publicação que citou o nome Futurismo foi o panfleto publicado no jornal francês Mercure de France, de autoria do espanhol Gabriel Alomar, que apareceu inicialmente com o nome de El Futurisme (Paris, 1º dez., 1908). É muito provável que este nome tenha sido a verdadeira fonte de inspiração para o nome Futurismo, posteriormente adotado por F. T. Marinetti para o seu movimento (Itália e França, 1909-1944). O Futurismo publicou imensa quantidade de manifestos (v.), renovou a estética da poesia com as Palavras em liberdade [Parole in libertá] além de publicar artigos e ilustrações em inúmeras revistas associadas ao movimento, como Azurro, Cittá Futurista, Cittá Nuova, Cultura Italiana, Difesa dall’ Arte, Futurismo, Griffa!, Itália Futurista, La Página, Poesia Internacional, Roma Futurista, Stile Futurista, Supremazia Futurista e Vetrina Futurista (v.).
Os principais artistas plásticos Futuristas foram Giacomo Balla (1871-1958), Umberto Boccioni (1882-1916), Luigi Russolo (1885-1947), Carlo Carrà (1881-1966) e Gino Severini (1883-1966), que assinaram o Manifesto dos Pintores Futuristas [Manifesto dei Pittori Futuristi] juntamente com Romulo Romani e Aroldo Bonzagni (1887-1918), que logo se afastaram do grupo. O manifesto foi impresso em volante, que circulou junto com a revista Poesia, editada por F. T. Marinetti (1876-1944). O documento foi lido no palco do Teatro Chiarella (Turim, 08 mar., 1910) e sua tradução publicada na revista das vanguardas russas, Apollon (jul. – ago., 1910). O Manifesto Técnico da Pintura Futurista [Manifesto técnico della Pittura futurista] foi assinado por Giacomo Balla, Umberto Boccioni, Carlo Dalmazzo Carrà, Luigi Russolo e Gino Severini. O documento foi lançado em Milão (11 abr., 1910); o Manifesto Técnico da Escultura Futurista foi lançado por Umberto Boccioni, Giacomo Balla, Carlo Carrà, Luigi Russolo e Gino Severini (Milão, 11 abr., 1912). O manifesto A pintura futurista na Bélgica [La pittura futurista nel Belgio] foi lançado por F. T. Marinetti (Bruxelas, Bélgica, 1912). O Manifesto: Pintura e Escultura futurista [Manifesto Pittura, Escultura futurista] foi lançado por Umberto Boccioni (Roma, 1914). O estranho Manifesto dos Pesos, Medidas e Preços dos Gênios Artísticos, foi lançado por C. Carrà e E. Settimelli (Roma, 11 mar., 1914). O Arte Inglesa Vital: Manifesto Futurista [Vital English Art: Futurist Manifest], que provocou muita polêmica, foi lançado por F. T. Marinetti e pelo artista plástico inglês Christopher Nevinson (Londres, 18 mar., 1914; v. revistas detalhadas; v. Futurismo na Inglaterra; v. Grupo do Centro de Arte Rebelde; e v.o Grupo do Vorticismo, no Blog






Como a estética marinettiana não foi aceita na Inglaterra, Marinetti lançou o manifesto Contra a Arte Inglesa [Contro l´arte inglese] (1914). O manifesto Pintura do Futuro [Pittura dell´avenire] (1915), foi lançado por Arnaldo Ginna (Conde Arnaldo Ginanni Corradini, 1890-1982); e o Manifesto da Cor [Manifesto del colore] (Roma, out., 1918), foi ilustrado e assinado por Giacomo Balla; o Manifesto Contra Todas as Revisões na Pintura (1920) foi lançado por F. T. Marinetti, Leonardo Dudreville (1889-1976), Achille V. Funi e Luigi Russolo (1885-1947); e o Manifesto Futurista da Pintura Aérea da Umbria (Perugia, 1941) foi lançado pelo escritor e artista plástico Gerardo Dottori (1884-1977).
 
 
 Participaram do Futurismo romano Vinicio Paladini e Ivo Pannagi, arquitetos, artistas plásticos e aviadores da região da Umbria, que lançaram seu Manifesto da Aerofotografia da Umbria. Posteriormente outro Manifesto Futurista (1929) foi assinado por Enrico Prampolini, conjuntamente com Aligi Sassu e Bruno Munari. Na década de 1940 Prampolini assinou seu último manifesto em conjunto com Fillia (Luigi Colombo): o da Construção Absoluta de Motores Ruidosos [Costruzioni Assolute di Motorumore], destinado à criar normas reguladoras para carros e veículos motorizados em movimento, que ele considerava objetos plásticos mecânicos motorizados (v. outros Manifestos Futuristas, não relacionados às Artes Plásticas).
 
 
 
 Enrico Prampolini passou a frequentar o estúdio romano de Giacomo Balla, pintor e professor dos Futuristas. As primeiras pinturas de E. Prampolini foram inspiradas nas obras de G. Balla e de Umberto Boccioni (c. 1912-1913). Na época a presença de Prampolini no grupo Futurista foi documentada em uma carta (15 out., 1913), de Mario Sironi para Umberto Boccioni (HULTEN, 1986). Posteriormente Prampolini se destacou como cenógrafo e figurinista de teatro e, principalmente, do Cinema Futurista (v. Futurismo nas Artes: no Cinema; na Cenografia Teatral e no Teatro). Nas Artes Plásticas Prampolini não manifestou nenhum interesse por estados de alma, marcados especialmente nas obras pictóricas de Umberto Boccioni e de Carlo Carrà.
Prampolini fundou a Casa de Arte Italiana projetada como centro cultural de pesquisas avançadas nas artes da Cenografia, Dança, Literatura e Teatro. Esse centro despertou o grande interesse dos Futuristas pelo movimento da Pintura Metafísica (v.), lançada por Carlo Carrà e Giorgio De Chirico (Roma, 1917). A Casa de Arte Italiana apresentou programa cultural eclético sendo a primeira mostra das Pinturas Metafísicas quando estiveram em exposição manequins parecidos com robôs, alguns criados por Fortunato Depero e outros por Giorgio De Chirico. A apresentação da polêmica mostra de vanguarda, levou o filósofo do grupo, Longi, à publicação do texto conhecido, Ao Deus Ortopédico [Al Dio Ortopedico].
As obras dos Futuristas italianos participaram da 1ª Exposição Internacional Futurista Livre. A mostra foi organizada por F. T. Marinetti na Galeria Sprovieri (Roma, abr. – maio, 1914). No começo do mesmo ano Marinetti visitou a Rússia, quando ele convidou artistas das vanguardas russas para participarem da exposição que recebeu obras de Olga Rozanova, Nicolai Kulbin e Aleksandra Ekster (v. Futurismo na Rússia; e v. biografias dos artistas citados no meu BLOG EDUCATIVO:



 
 

Interessante lembrarmos que, na primeira mostra de Artes Plásticas dos Futuristas italianos Umberto Boccioni teve depredado seu quadro O Riso, cortado por indignado espectador. Essa pintura hoje se encontra restaurada, no acervo do MoMA (Nova York). A 1ª Exposição Internacional Futurista Livre itinerou, à Galeria Bernheim Jeune (Paris, 1912). A mesma mostra visitou Londres onde foi apresentada na Galeria Sackville (1913). No mesmo ano a mostra itinerou à Galeria da Tempestade, de Herwarth Walden (Berlim, 1913). A mostra itinerou depois por outros países, inclusive à República Tcheca, onde foi apresentada na Galeria Havel (Praga, jan., 1914). Outras mostras independentes associaram a arte de tchecos como Bohumil Kubista à dos Futuristas italianos como a Exposição dos Futuristas e Expressionistas (Budapeste, Hungria) e a dita, Exposição dos Futuristas, Cubistas e Expressionistas (Lvov, República Tcheca, 1913).

O artista plástico Achille Virgille Funi, natural de Ferrara, estudou na importante Academia de Brera (Milão, 1906-1910). Funi conheceu Leonardo Dudreville e Carlo Carrà, que o apresentaram a Umberto Boccioni. As pinturas de Funi participaram da 1ª Mostra Futurista Livre (Milão, 1914). Outros artistas estrangeiros também participaram da mesma mostra como a pintora norte-americana que vivia na Itália, Frances Stevens Simpson (1881-1961), que levou a influência do Futurismo italiano para Nova York (v. Futurismo: América), junto com a notável influência dos Futuristas no Grupo do Sincromismo, formado com artistas americanos que estudavam em Paris (v. Futurismo: América). Artistas russos também participaram da mesma mostra.
 
 
 
Logo após o término da Primeira Guerra Mundial, quando o Futurismo perdeu grandes figuras como o pintor e escultor Umberto Boccioni e o arquiteto Antônio Sant’Elia, entre outros, os irmâos Bragaglia, Anton Giulio Bragaglia (1890-1960), Arturo Bragaglia (1892-1962) e Carlo Ludovico Bragaglia (1894-1998), fundaram a Casa de Arte Bragaglia (Via Condotti 21, Roma). Essa galeria de arte foi projeto do arquiteto Futurista Virgílio Marchi (v. Futurismo na Arquitetura inaugurada com mostra individual das pinturas de Giacomo Balla,em out., 1918). Foi organizada a Exposição Nacional Futurista (Milão, 11 mar. - abr., 1919), da qual participaram obras de 68 artistas. Essa mostra posteriormente itinerou à Gênova e Florença. Na inauguração da mostra coletiva fizeram sucesso as pinturas de G. Balla e as marionetes de Fortunato Depero; nessa mostra a Itália consagrou os seus artistas Futuristas.
 Quanto a Achille Virgille Funi ele, juntamente com Anselmo Bucci, Dudreville, Malerba (Gian Emilio Malerba, 1880-1926), Martini e Mário Sironi, participou do Grupo dos Seis, o início do Grupo do Novecento italiano (c. 1922-1930; v.). Funi assinou posteriormente com Sironi o Manifesto da Pintura Mural (1933).
O pintor ítalo-argentino Emilio Pettorutti (1896-1971), que viveu prolongado período na Itália, tornou-se porta-voz da arte das vanguardas Futuristas na América do Sul (Buenos Aires, 1924-1954; v. Futurismo: América, Brasil, Catalunha, Inglaterra, Países do leste Europeu e Rússia). Os artistas Carlo Carrà, Giorgio De Chirico, Massimo Campigli, Achille Funi, Gino Severini e Mário Sironi, que participaram do Novecento italiano (c. 1922-1933), também participaram da V Trienal (Milão). Várias obras Futuristas, Pinturas e Esculturas dos Futuristas italianos participaram da Sala Especial: Futurismo, organizada na II Bienal do Museu de Arte Moderna (São Paulo, 1953). O curador italiano foi Umbro Apollonio, que assinou o catálogo da mostra italiana (v. Futurismo no Brasil; v. fotografias das esculturas de Umberto Boccioni).
Mostras Futuristas se sucederam ao longo de décadas e ainda hoje são organizadas mostras retrospectivas ou seletivas de diversos períodos do Futurismo italiano e dos artistas italianos e estrangeiros aos quais o movimento influenciou ao longo de todo o século XX. Uma dessas exposiçòes importantes foi Futurismo & Futurismus, mostra abrangente que trouxe toda a influência do Futurismo na Europa, América e outros países, realizada no Palácio Odescalchi (Florença, 1986). A mostra publicou catálogo detalhado, que serviu de base para o nosso estudo do Futurismo italiano e suas diversas facetas (HULTEN, et al., 1986). Uma mostra mais recente apresentou c. de 400 obras e 200 documentos originais, muitos referentes à Arquitetura Futurista (v.), presente no primeiro período do movimento italiano: a exposição Futurismo 1909-1914 no Palacio de Exposições [Palazzo delle Esposizioni] (Roma, 2001). que também publicou catálogo (CRISPOLTI, Enrico. Roma: ed. Mazzotta 2001).


Ocorreu grande mostra comemorativa do centenário de lançamento
do Manifesto de F. T. Marinetti no Le Figaro (Paris, 20 fev., 1909), a Obras-primas do Futurismo na Coleção Peggy Guggenheim [Masterpieces of Futurism at the Peggy Guggenheim Collection], curada por Philip Rylands (Veneza, 19 fev.- 31 dez., 2009).


  
 
FUTURISMO NAS ARTES: FOTOGRAFIA, FOTODINAMISMO E AEROFOTOGRAFIA FUTURISTA.

Destaques; BOCCIONI, Umberto e Anton Giulio BRAGAGLIA.
 
 
 
As primeiras fotografias experimentais das vanguardas européias, com a fotografia sendo vista como forma de arte foram obras do dito, Fotodinamismo Futurista. Os artistas do grupo, seduzidos pela nova era da máquina, buscaram representar o movimento e a própria sensação dinâmica, do automóvel entre outras máquinas, como o aeroplano, e se interessaram pela Cronofotografia, criada e desenvolvida pelo cientista francês E-J. Marey (1830-1904), e pelo inglês que viveu na América, Eadweard Muybridge (Edward James Muggeridge, 1830-1904).
Essas pesquisas influenciaram a pintura de Giacomo Balla (1871-1958), professor dos artistas Futuristas italianos (v. Futurismo nas Artes: Pintura e Escultura) e as fotografias dos irmãos Bragaglia, Anton Giulio Bragaglia (1890-1960), Arturo Bragaglia (1892-1962) e Carlo Ludovico Bragaglia (1894-1998). O termo criado por A. G. Bragaglia para as fotografias de movimento feitas com seu irmão Arturo, foi Fotodinamismo: os irmãos artistas desejavam se afastar da imobilidade da fotografia de objetos e promover visualmente o movimento dinâmico através do meio fotográfico. As pesquisas dos irmãos, patrocinados por Marinetti, foram bem recebidas nos círculos intelectuais e fotográficos europeus, e, na década de 1920-1930 alguns procedimentos foram adotados por alguns grupos de vanguarda. Durante dez anos os irmãos Bragaglia elaboraram o dito, Fotodinamismo Futurista, a decomposição do movimento dentro do campo contínuo de desmaterialização da forma. Anton Giulio Bragagla publicou seu ensaio Fotodinamismo Futurista (1913), que Umberto Boccioni (1882-1916), artista do mesmo grupo, condenou em outro artigo publicado na revista Lacerba. Bragaglia, no seu texto publicado Fotodinamismo futurista (1911), que contém interessantes experiências fotográficas, explicitamente opôs-se a idéia do cinema como a arte do movimento e negou as possibilidades estéticas da Arte Cinematográfica (v.).
Outros Futuristas empregaram diferentes métodos na Fotografia: na primeira fase do Fotodinamismo Futurista Umberto Boccioni produziu a fotomontagem Nós, Boccioni, na qual apareceram cinco imagens dele mesmo visto em perspectivas diversas, perfeitamente integradas como se fôssem pessoas diferentes fotografadas conversando em uma roda, dispostas em círculo. Todas as imagens eram dele, o jovem Boccioni, visto nas diversas posições a partir da primeira imagem de suas costas, que se encontra em primeiro plano. Essa fotografia inusitada se encontra reproduzida (HULTEN, 1986: 154).
Marinetti tinha a consciência do poder de propaganda das imagens fotográficas e distribuiu seus retratos maciçamente para a imprensa da época. O grupo dos Futuristas tentou subverter o retrato, produzindo séries de auto-retratos nos quais eles utilizaram gestos e expressões faciais marcantes para externarem toda a extravagância teatralizada de suas personas. Depero foi um dos artistas que provorcaram o expectador; o artista realizou para a câmera as primeiras Fotoperformances, desenhando sobre as fotografias e adicionando mensagens, letras e palavras.
Na dita, segunda fase da fotografia Futurista, participaram obras de outros artistas, como Tato, o pintor, gravador e fotógrafo Guglielmo Sansoni (1896-1974), que publicou com Marinetti o Manifesto da Fotografia Futurista (1930. Ivo Pannaggi (1901-1981) e Vinicio Paladini (1902-1971), entre outros, marcaram a ampliação das pesquisas da arte fotográfica incorporando técnicas que produziram a anamorfose das imagens, a sobreimpressão, a Fotomontagem e a figuração posada, entre outras. Pannaggi e Paladini, que eram aviadores, se dedicaram à fotografia aérea, a dita, Aerofotografia; a dupla publicou seu Manifesto da Arte Mecânica Futurista na revista Lacerba (Florença, 20 jan., 1922). Vários fotógrafos seguiram a estética da dita, Arte Mecânica, mais próxima do Surrealismo francês (1924-1966).
 
 
 
FUTURISMO NAS ARTES: LITERATURA (Milão, 1909-).
 

A idéia básica do Futurismo foi a ruptura com o passado milenar e cultural italiano. F. T. Marinetti (1876-1944), com as suas Parole in Libertá [Palavras em liberdade], libertou-se da gramática e destruiu a sintaxe, desconstruindo o discurso, que passou a acompanhar a fluidez do pensamento. Na desconstrução Futurista da linguagem, surgiu o processo similar ao das colagens Dadaístas, reunindo e colando letras e frases, palavras e imagens em linguagem cifrada, inspirada na nova linguagem cifrada do telégrafo e da publicidade dos jornais de época. Essa palavra fragmentada atropelou a lógica clássica, vigente até então na literatura. Os sinais e sensações do discurso verbal Marinettiano, no qual a voz humana foi substituída pelo som de objetos, quando, com a voz humana, ocorreu a justaposição de frases, unidas por sensações. O Futurismo destacou a arte dos poetas urbanos, como C. Baudelaire, S. Mallarmé, Rimbaud e P. Verlaine, em nova maneira de encarar a literatura. O movimento influiu na literatura internacional devido ao lançamento das Palavras em Liberdade [Parole in Libertá], do escritor F. T. Marinetti. A divulgação internacional do Futurismo mostrou-se extremamente polêmica e suscitou muitas críticas em vários locais como no Brasil, na Catalunha, na Inglaterra, nos países do Leste Europeu e na Rússia (v.).

O escritor, ator, teatrólogo e cineasta Remo Chiti (1891-1971), foi associado ao movimento do Futurismo. Chiti nasceu em Staggia, região de Senese (Norte da Itália) e morreu em Roma. O escritor colaborou nas publicações das vanguardas italianas como a revista do grupo florentino L'Italia Futurista, de Fillia (Luigi Colombo) ao redor da qual se reuniram vários escritores e intelectuais italianos, como os irmãos Bruno Corra e Arnaldo Gina, Mário Carli e Emilio Settimeli, este que foi diretor da revista Il Centauro. Chitti publicou seus artigos na Difesa dell'Arte, Domani, Il Centauro, La Rivista, L'Impero, L'Universalle, Saggi Critici, Testa di Ferro e Oggi. (v. detalhes das revistas).
Primo Conti tornou-se escritor de literatura Futurista e publicou Imbottigliature (1917); a capa do livro, bem como toda a literatura Futurista, consiste em obra muito gráfica, que se encontra reproduzida (HULTEN, 1986). O autor e pintor participou do grupo e mostras dos Futuristas florentinos, que se reuniam em torno da revista L'Italia Letteraria. Conti publicou, juntamente com Corrado Pavolini, a pequena revista Il Centone (1919). No ano seguinte, o autor lançou seu livro Fanfarra del Costruttore (1920).
 
 
 
 
FUTURISMO NAS ARTES: MÚSICA(Milão, 1912-).
 
Destaques; RUSSOLO, Luigi, Francesco Balila PRATELLA, Alfredo CASELLA, Franco CASAVOLLA e Sílvio MIX.
 
 
 
Os Futuristas Marinettistas resolveram reformar o mundo e quase o conseguiram; seu movimento trouxe, sem duvida, inovações na música com Alfredo Casella (1883-1947), compositor de expressão; Franco Casavola (1891-1955). Francesco Balila Pratella (1880-1955), quem mais escreveu manifestos sobre a música Futurista (v. Manifestos Futuristas). O artista plástico, pintor e músico Luigi Russolo (1885-1947), veio de família de músicos e inventou o instrumento Futurista, o Rumorarmônio, palavra composta de rumor (barulho) e armônio (harmonia), que poderia ser traduzida por algo como Harmonia do Barulho, também chamado de Intonarumori [Entoarumor]. Russolo construiu vários desses instrumentos, espécie de amplificador sonoro, precursor dos modernos alto-falantes, que ele patenteou (1922-1924; França, Itália e Alemanha). O músico, patrocinado pelo Futurismo marinettiano, passou a realizar concertos nos palcos europeus. A música do Rumorarmonio se encontra documentada no cinema da época, através dos efeitos sonoros dos filmes cientificos de Painlevé. Não restou instrumento nem gravação dos concertos do Rumorarmônio [Intonarumori]: restaram fotos publicadas (HULTEN, 1986: 493).



FUTURISMO NAS ARTES: PUBLICIDADE (Itália, c. 1917-1927; América, -1933).

Nas Artes Gráficas e Publicitárias Fortunato Depero (1880-1954) produziu desenhos para cartazes e anúncios publicitários, sendo os mais conhecidos para a companhia de bebidas Campari, a qual encomendou-lhe inúmeros desenhos. Depero executou Construções, objetos brilhantes coloridos, alguns produzidos em cartão ou madeira, com volumes geométricos elementares (1917-). Depero desenhou o Pavilhão Tridentino (Veneza, 1923-1924); ele desenhou o estande para sua Casa de Arte (1924), obra de síntese plástica e cromática; o Pavilhão da Feira Comercial (Milão); e a obra que tornou suas obras conhecidas internacionalmente, o Pavilhão do Livro (Bestetti,Tuminelli & Treves), para a II Bienal Internacional de Arte Decorativa (Monza, 1927).