domingo, 16 de junho de 2013

LABAN, Rudolf von: Jean Baptiste Attila de Varalja (1879-1958).
 

O músico, bailarino, coreógrafo e performático húngaro, foi fundador de escola e diretor de sua própria companhia de dança, escritor e teórico da Arte do Movimento. Laban nasceu em Poszony (Bratislava) e morreu em Weybridge (Inglaterra). O artista estudou na Faculdade de Arquitetura da Escola Nacional Superior de Belas Artes (Paris).

 
Laban acreditava na potencialidade da dança como a Arte do Movimento em nível equivalente às Artes Visuais; o artista estabeleceu seu curso de verão Dança, Som, Palavras e Artes Plásticas. Laban criou comunidade alternativa inspirada em valores espirituais, na região de Monte Veritá (Suíça). A I GM- Primeira Guerra Mundial interrompeu o projeto e Laban foi viver em Zurique, justamente na época em que surgiu o movimento do Dadaísmo europeu (1916-1919). O artista foi fundador da Escola de Dança Rudolf Laban, onde ele ensinou as técnicas mais avançadas do movimento corporal, das muitas que pesquisou, adaptou e inventou, que uniam palavras aos gestos e dança. O artista foi quem primeiro libertou a dança moderna de suas formalidades e ensinou sua arte às suas alunas, Suzanne Perottet, Kathe Wülff, Mary Wigman, Maria Vanselow e Maja Kruscek, esta última citada namorada do poeta e escritor Tristan Tzara; e a Sophie Taeuber (Sophie Henriette Gertrud Taeuber, 19 jan.,1889, Davos-Paltz, Suíça; naturalizada francesa), que tornou-se a Sra. Hans Arp (Jean Arp, Suíço, naturalizado francês), artista situado entre os expoentes do grupo Dadá. Foram todas dançarinas performáticas, na época em que a palavra não tinha o significado atual: S. Perottet e Sophie Taeuber dançaram com máscaras e vestes de influência Cubista, criadas pelo arquiteto romeno Marcel Janco; Käthe Wülff tornou-se a declamadora dos poemas de T. Tzara, apresentados inicialmente de forma individual e depois em performances coletivas, com 4, 8, 20 e até 38 vozes, no principal palco Dadá, o Cabaré Voltaire. Laban criou as coreografias das performances realizadas com música tocada ao vivo, de autoria de grandes compositores internacionais, como as de Erik Satie, Claude Debussy, Maurice Ravel, nos eventos apresentados nas noites Dadaístas performáticas do Cabaré Voltaire (Zurique, 1916).

 
Laban recebeu dois prêmios importantes: o primeiro como coreógrafo e artista da dança, outorgado pelo Teatro Estatal da Prússia; e outro pela Ópera de Berlim (1930). Laban criou obras para o Teatro Estatal berlinenese; mas, devido à ascensão do Partido Nacional Socialista e por conta de sua função, o artista acabou se transformando em funcionário do Estado Alemão controlado pelos nazistas. Laban foi designado para criar a coreografia para a inauguração dos Jogos Olímpicos, que ficaram conhecidos como os Jogos de Hitler (Berlim, 1936). A intenção da celebração seria a glorificação do Partido Nacional Socialista: Laban criou uma obra coreográfica para 2000 pessoas, na qual ele seguiu somente sua filosofia, a de valorizar de forma individual cada dançarino. A obra performática, é claro, não agradou ao Partido, que demitiu-o e perseguiu-o; Laban quase foi morto, antes de conseguir fugir e refugiar-se na Inglaterra (1938-). No exílio ele desenvolveu seu dito, MÉTODO LABAN (v., abaixo).

 
Laban viveu período em Paris, onde foi um dos colaboradores do projeto do sueco Rolf de Maré, criador e patrocinador dos Balés Suecos [Balés Suedois] (Paris, 1920-1924), quando trabalhou na implantação dos Arquivos Internacionais da Dança (Estocolmo, Suécia). Laban continuou como professor de dança moderna e tornou-se palestrante.: ele escreveu no total treze obras teóricas sobre dança, entre outros textos, tendo como tema a busca do movimento associado ao comportamento humano da vida diária. Foi através de suas Escolas de Dança Rudolf von Laban, e de seus inúmeros alunos, que o coreógrafo e dançarino formou e desenvolveu vários aspectos da dança criativa: ele espalhou sua influência por toda a Europa a partir da migração maciça de seus alunos alemães, em razão da ascensão do nazismo no país. Os alunos de Laban continuaram a desenvolver internacionalmente a Arte da Dança e da performance. Internacionalmente, as teorias de Laban continuaram vivas nos séculos XX-XXI, através da dança de artistas como Pina Bausch e de sua companhia, o Teatro da Dança Wuppertal [Tanztheater Wuppertal] (Wuppertal, Alemanha, 1974-), além das performances do dançarino norte-americano William Forsythe, entre incontáveis outros dançarinos e performáticos.

 
Rudolph von Laban criou incontáveis coreografias originais (1916-1936); todas se encontram listadas (BENBOW-PFALZFGRAFF, 1998); citamos apenas O Violininista [Der Spielmann], que participou da performance dos Dadaístas no Salão Zum Kaufleuten (Zurique, 1916).



REFERÊNCIAS SELECIONADAS;



BENBOW-PFALZFGRAFF, T.; BERGE, L.; COLLINS, D.; ELERT, N.; FERRARA, M.; HART, K.; MARZUKIEWICZ. M.; TYRKINS, M. International Dictionary of Modern Dance. With a preface by Don McDonald; contributing editor Taryn Benbowfalzgraff; contributing editor Glynis Benbow-Niemier. New York - London: St. James Press, 1998. 891p.: il., retrs., pp. 448-450.

PIERRE, J. El futurismo y el dadaísmo. Madrid: Aguilar, 1968, p. 176.

 

 

quinta-feira, 13 de junho de 2013





 


HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.
JANCO, Marcel (1895-1984).

 

O artista romeno nasceu em Bucareste e morreu em Tel-Aviv (Israel). Janco foi arquiteto, pintor, editor, artista plástico e participante ativo no movimento Dadaísta (Zurique, Suíça, 1916-1919). O artista formou-se em arquitetura na Escola Politécnica (Zurique, Suíça). Janco iniciou sua carreira de pintor e agitador cultural logo no início do Dadaísmo suíço: ele se associou ao grupo de Hugo Ball, Hans Arp e a seu compatriota, o poeta e escritor Tristan Tzara. Foi Janco quem criou as máscaras Cubistas, inspiradas no estilo primitivo africano para as dançarinas da Escola Rudolf von Laban se apresentarem nas performances do grupo Dadá, realizadas no palco do Cabaré Voltaire (Zurique, 1916). Janco também criou os desenhos de cartazes, anúncios das atividades do grupo além de desenhos e pinturas: foi ele o principal organizador das manifestações e apresentações Dadaístas na Suíça.

 
Nas pinturas sobre tela de Janco mesclavam-se as influências do Futurismo italiano, com a marcante influência do Expressionismo alemão, devido ao uso pessoal de cores como o verde ácido combinado com amarelo vibrante, contornados de negro nos traços fortes e acentuados. As obras de Janco, como a dita, Pintura Cigana (47 cm x 37,5 cm x 4,5 cm, na Kunsthaus, em Zurique); a pintura Cabaret Voltaire (1916), que desapareceu, no entanto restou sua fotografia; entre outras pinturas, como Baile em Zurique (1915, óleo/ tela, 100 cm x 90 cm, no Museu de Arte de Tel-Aviv); e O Bailinho em Zurique (1916, óleo/ cartão, 60 cm x 45 cm), além do cartaz para o Movimento Dadá (1918, impresso, 46,8 cm x 32,2 cm), bem como seu estudo para Arquitetura Império Brilhante (1916, têmpera/ colagem/ relevos/ cartão, 37 cm x 30,5 cm); todas as obras citadas se encontram reproduzidas (GIBSON, 1991). Várias das máscaras que Janco criou, usadas nas performances Dadaístas do Cabaré Voltaire, inaugurado em Zurique (5 de fev., 1916), pertencem ao acervo do MNAM (Paris) ou da Fundação Arp (Clamart, França).

 
Nessa época Janco experimentou o espaço, criando obras com relevo (gesso, 1917-1919), influência direta da escultura de Henri Laurens (1883-1954), Hans Arp (1886-1966) e Louis Marcoussis (1878-1941). Entre as obras desta fase se encontram várias das melhores obras de Janco, precurssoras da Abstração. Depois do final do Dadaísmo Marcel Janco participou, juntamente com Max Ernst (1891-1976), da formação dos Artistas Revolucionários de Colônia (1919, v., abaixo). Janco tornou-se membro de A Nova Vida (Das Neue Leben, Basle, Suíça, 1919-1920); ele expôs suas obras na mostra coletiva realizada na cidade, itinerante à Berna e Zurique.

 
Quando Tzara foi convidado por André Breton para lançar o movimento Dadaísta em Paris (1920-1923), Janco também viajou para a mesma cidade, mas não havia lugar para ele no movimento francês. Janco voltou a viver em Bucareste (Romênia, 1921), onde ele tornou-se ativo participante das vanguardas artísticas. Devido a experiência adquirida com as publicações Dadaístas (Zurique e Paris), para as quais Janco contribuiu, ele editou a revista Continporanul (Contemporâneo, 1922-1936).

   
Devido ao advento da II Guerra Mundial, o artista viajou para Tel-Aviv (1940): Israel tornou-se sua segunda pátria, oferecendo-lhe condições excelentes para trabalhar em prol do movimento cultural do país. Janco liderou outra vanguarda artística, na cidade de Ein Rod, onde se encontra localizado seu Museu.


Muitas das pinturas de Janco, obras do primeiro período Dadá perderam-se; mas algumas obras de Janco pertencem ao acervo da Fundação Arp (Clamart, França); outras se encontram no acervo da Kunsthaus (Zurique). O relevo pintado Sol Jardim Claro (1918), se encontra reproduzido (SEUPHOR, 1957). Várias pinturas de Janco participaram da representação israelense presente à 2ª Bienal de São Paulo (1953), a saber: 01. Hermon e Ahula (1952, óleo/ tela, 75 cm x 120 cm); 02. Jaffa Destruída (1952, óleo/ tela, 80 cm x 100 cm); 03. Linha no Espaço (1951, óleo/ tela, 66 cm x 82 cm); 04. Montanhas e Admiração (1951, óleo/ tela, 73 cm x 92 cm).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


CATÁLOGO GERAL da 2ª Bienal do Museu de Arte Moderna. São Paulo: EDIAM, 1a edição, dez. 1953, p. 209.


DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., p. 193.

 
GIBSON, M. Duchamp Dada.Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., pp. 18-38.
 
 
NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il., pp. 210-211.

 
PIERRE, J. El futurismo y el dadaísmo. Madrid: Aguilar, 1968,p. 176.

 
RICHTER, H. HAUPTMANN, W. (Post-Scriptum). Dada art & anti-art. Cologne: Du Mont Shauberg, 1964. 1965. 246p.: il., pp. 33-49.

 
 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX. ARP, Hans; JeanArp(1886-1966).


Nasceu em Strasburgo, na Alsácia-Lorena e morreu na Basiléia (Suíça), porém naturalizado francês. Arp foi dos artistas que buscou a participação em vários movimentos sucessivos das vanguardas artísticas européias: ele estudou na Academia Weimar (Alemanha, 1905-1907) e na Academia Julian (Paris, 1908). Arp voltou a Weggis (Suíça, 1909) onde encontrou Paul Klee (1879-1940), com o qual fundou A Federação Moderna [Der Moderne Bund].

 
Arp conheceu Wassily Kandinsky (1866-1944), em Munique; ele participou da segunda mostra do Grupo do Cavaleiro Azul [Der Blaue Reiter] (1912); do Salão de Outono Alemão [Herbstsalon], organizado por Herward Walden na Galeria da Tempestade (Berlim, 1913). Arp viveu em Paris (1914), onde encontrou Arthur Cravan (1887-1920), Guillaume Apollinaire (1880-1918), André Salmon (1881-1969), Pablo Picasso (1884-1972), Max Jacob (1876-1942), Amedeo Modigliani (1884-1920) e Robert Delaunay (1885-1941), entre outros artistas e escritores das vanguardas francesas.

 
Arp viveu alguns meses em Colônia, onde formou frutífera parceria com Max Ernst (1891-1976), expressa na série de obras Fatagaga, associadas ao Dadaísmo alemão. Arp participou da Associação dos Artistas Radicais (1919-1921; v. abaixo), a que pertenceu juntamente com muitos artistas remanescentes do Dadaísmo de Zurique, como Alberto Giacometti (1901-1966), Sophie Taueber (depois, Arp, 1889-1943), Johannes Baargeld (1895-1927), Walter Mehring, Emmy Hennings (1885-1948) e Marcel Janco (1895-1984), entre outros. Arp voltou para o território suíço, fugindo da I Guerra Mundial: ele expôs na Galeria Tanner (Genebra, 1915), juntamente com Tristan Tzara, Hugo Ball, Richard Huelsenbeck e Marcel Janco, todos fundadores do Dadaísmo (Zurique, 1916).

 
Dos mais originais e surpreendentes artistas da árvore Dadá, Arp foi escultor: ele produziu relevos originais em madeira. O artista encontrou em Zurique sua futura esposa, Sophie Taueber (1916), aluna da Escola de Dança Rudolf von Laban, que participou dos eventos dadaístas como performática.

 
Arp participou do Surrealismo (Paris, 1925-1930); ele executou suas primeiras obras, como Dançarina (Danseuse, 1928, óleo/ tela, 61 cm x 50 cm, coleção Eduard Loeb), com fotografia reproduzida (ADES, 1978). Arp contribuiu com várias obras para a primeira mostra surrealista, realizada na Galeria Pierre (Paris (1925). Arp expôs na sua primeira mostra individual, na Galeria Surrealiste (Paris, 1927), apresentado por André Breton, no texto depois incorporado ao livro O Surrealismo e a Pintura [Le Surrealisme et la Peinture. Paris, 1928). Nesse texto Breton utilizou pela primeira vez os termos Vasos Comunicantes, título de seu livro anterior (1920), empregado em relação à obra de Arp, cuja imaginária, baseada nas formas antropomórficas, de morfologia flexível apresentavam referências às imagens múltiplas, duplas, na mesma forma e, algumas vezes, perpassadas de humor, nunca ferino.

 
A obra de Arp foi de uma grande coerência e o artista declarou que:

[…] os surrealistas me encorajaram a expressar o sonho, as idéias por trás de minhas obras nas artes plásticas e dar-lhes um nome […] (ADES, 1978).

 

O artista tornou-se membro do grupo Círculo e Quadrado (Cercle et Carré, Paris, 1930-1932) e do grupo Abstração- Criação (Paris, 1932-1936). Arp foi convidado pelo arquiteto Carlos Raúl Villanueva para executar obras escultóricas para a Universidade de Caracas (1948-1955), na companhia de outros convidados internacionais como Aleksander Calder, Henri Laurens, Fernand Léger, Carlos Otero, Jesús Rafael Soto e Victor Vasarely.

 

Algumas obras bastante significativas de Arp (9), estiveram no Rio de Janeiro, por ocasião da mostra Surrealismo, realizada no CCBB: Colagem de fotografias rasgadas (1941, colagem, 34,4 x 24,5 cm, na Fundação Arp); Concreção humana sobre taça (Concretion Humaine sur coupe, bronze, fundido em duas partes superpostas, 48 cm x 68 cm x 34 cm, na Fundação Arp); Coroa de Brotos (Couronne de bourgeons, cimento, duas partes, 23 cm x  37 cm x 28 cm; e 14 cm x 40 cm x 29 cm, acervo do Musée d'art moderne et contemporain de Estrasburgo); A Dançarina (La Danseuse, 1955, óleo/ tela, 148 cm x 110, idem), entre outras obras expressivas.

 
Duas obras significativas de Arp integram o acervo do MAC (USP): o relevo em madeira pintada, monocromático: Formas expressivas (1932, 84,9 cm x 70 cm x 3.0 cm); a litografia à cores, Configuração 51 (1951, litografia/ papel, 56,8 cm x 38 cm), no acervo do museu paulista. O artista deixou suas obras e arquivos para a Fundação Arp, em Clamart, França. Várias fotografias de Hans e Sophie Arp, várias obras de Marcel Janco, relevos de Arp, fotos e documentos importantes do Dadaísmo europeu integram seu acervo. Documentos, além de obras importantes, encontram-se na Kunsthaus, em Zurique, reproduzidas (GIBSON, 1991).

   
A fotografia de Arp, usando o Monóculo Dadá (1922) e a fotografia de Sophie atrás da escultura Cabeça Dadá (1920), obras no acervo da Fundação Arp, se encontram reproduzidas (GIBSON, 1991). A fotografia de Hans Richter, Tristan Tzara e Hans Arp, no acervo da Berlinische Galerie, em Berlim, bem como a fotografia dos artistas construtivistas e dadaístas ,no Congresso de Weimar (1922), na qual aparecem Arp e Lasló Moholy-Nagy, Tristan Tzara, Aleksander Archipenko e El Lissitsky; a foto histórica encontra-se reproduzida (GIBSON, 1991). O primeiro relevo dadaísta de Arp (1916, madeira pintada), encontra-se reproduzido (RAGON, 1992).

 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

BARR, A. Cubism and Abstract Art. Cambridge: Harvard University Press, The Belknap Press, 1936. 1986, p. 07.
 
BRETON, A..Le Surrealisme et la Peinture. Paris: Gallimard. 1928. 1965, p. 45.
 
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. David Sylvester, Elizabeth Cowling (Essays). London: Arts Council of Great Britain, 1978, p. 207.

CATÁLOGO. BARBOSA, A. M. Catálogo Geral de Obras 1963-1993. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Fundação Bienal, 1993, p. 19.

CATÁLOGO. Le Sexe dans l'Art Féminimasculin.
Paris: MNAM, Centre Georges Pompidou, 1990, pp. 09, 85.


DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 11, 122.

 
GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., pp. 37-49, 251-253.
 
LISTAGEM GERAL. Surrealismo, CCBB- RJ, 2001.

 
NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il., pp. 213, 215, 216, 228.

 
PIERRE, J. El futurismo y el dadaísmo. Madrid: Aguilar, 1968,p. 147.
 
 
RAGON, M..Journal de l´Art Abstrait. Genève: Skira, 1992. 163p: il., p. 49.

 
RICHTER, H. HAUPTMANN, W. (Post-Scriptum). Dada art & anti-art. Cologne: Du Mont Shauberg, 1964. 1965. 246p.: il., pp. 33-49.
 
WEST, S. Chagall. New York: Gallery Books, 1990, p. 19.


 
 

quarta-feira, 12 de junho de 2013



 


HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.

BAARGELD, Johannes (1895-1927).


O artista plástico, editor, pintor e poeta Dadaísta alemão, se associou ao movimento radical em Colônia, do qual ele foi um dos artífices, juntamente com Hans Arp e Max Ernst. Obras de Baargeld, juntamente com outras do grupo, participaram da Feira Dadá[Dada Messe], organizada na Galeria de Arte do Dr. Otto Burchard (Berlim, 25 jul. - 25 ago., 1920). Baargeld, filho de banqueiro, colocou seus recursos nas publicações que editou e colaborou com as várias revistas publicadas juntamente com Max Ernst, como Bulletin D (1919), Die Shamrade (1920) e Der Ventilator, entre outras publicações Dadaístas editadas em Colônia e Berlim. Depois que o Dadaísmo terminou na Alemanha (1921), Baargeld abandonou a atividade artística em prol da política.

 

Os desenhos de Baargeld parecem nervosos, são originais e modernos, e por vezes lembram os desenhos de Max Ernst. Baargeld tinha a perícia dos meios plásticos que utilizou: ele executou grandes fotomontagens, sendo várias obras nas técnicas mistas. A obra de Baargeld Venus Beim Spiel der Konige (1920, colagem/ crayon/ tinta/ papel, 37 cm x 27,5 cm), encontra-se no acervo da Kunsthaus (Zurique); a fotografia dessa obra se encontra reproduzida (GIBSON, 1991).
 


REFERÊNCIAS SELECIONADAS:



CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. David Sylvester, Elizabeth Cowling (Essays). London: Arts Council of Great Britain, 1978, pp. pp. 89, 109, 112.



GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., pp. 106, 108, 109, 130-131.



PIERRE, J. El futurismo y el dadaísmo. Madrid: Aguilar, 1968,p. 149.



 
 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.
GRUPO (INTERNACIONAL DA) ASSOCIAÇÃO (DOS) ARTISTAS REVOLUCIONÁRIOS DE COLÔNIA (Colônia, 1919-1921).



A Revolução Alemã renovou as artes: por todo o país brotaram associações de artistas brandindo sua bandeira libertária e patriótica. O fervor revolucionário espalhou-se por Carlsruhe, Darmstadt, Halle, Hamburgo, Hanover e Berlim. Esta fogueira ardeu e logo se apagou: os artistas gritaram seus apelos, mas isto foi tudo que conseguiram. A fervente atividade logo cessou e poucas associações de artistas prosseguiram com suas atividades.


 

 
Os artistas Hans Arp, Johannes Baargeld, Max Ernst e Marcel Janco vinham de Zurique, onde tinham participado do Dadaísmo na cidade, e se associaram a outros artistas para fundarem a Associação dos Artistas Revolucionários de Colônia. Esta foi mais uma entre as inúmeras associações de artistas que surgiram nessa época por toda a Alermanha. Os artistas reunidos lançaram manifesto (11 abr., 1919); assinaram o documento Hans Arp (1886-1966) e Sophie Taueber (depois, Arp, 1889-1943), Fritz Baumann (1896-1942), Viking Eggeling (1880-1925), Max Ernst (1891-1976), Alberto Giacometti (1901-1966), Emmy Hennings (1885-1948), Marcel Janco (1895-1984) e Hans Richter (1888-1976). Participaram do grupo, além dos citados, Augusto Giacometti (1877-1947), Otto Freundlicht (1878-1943), Angelika Hoerle (1899-1923) e Heinrich Hoerle (1895-1936), entre outros.




 
Em Colônia os artistas iniciaram a publicação de revistas: entre seus colaboradores Alberto Giacometti, pintor suíço até então pertencenteà corrente Expressionista, que se popularizou durante o periodo Dadaísta em Zurique. Nesta fase, Giacometti colaborou com as publicações de cunho politico radical, revistas que foram distribuidas nas portas de fabricas e locais de reuniões operárias e populares. As publicações lutaram contra o crescente militarismo germânico; foram animadas por Johannes Theodor Baargeld, amigo de Hans Arp, que provavelmente as patrocinou (v. abaixo, Revistas Alemãs: Dadaístas & Outras; v. Revistas Dadaístas Publicadas Internacionalmente; e v. Editora Malik).





 
Max Ernst publicou o álbum com oito litografias, encomenda da cidade de Colônia, intitulado Fiat Modes (1919). Ernst foi o primeiro artista da Associação dos Artistas Revolucionários de Colônia, também participante da Associação dos Artistas Radicais da Basiléia (Suíça, 1919-1921; v.), que expôs suas obras em Paris, convidado por André Breton, mentor do futuro Grupo (Internacional) do Surrealismo (Paris, 1924-1966). Algumas dessas obras foram feitas em conjunto com Hans Arp, as Colagens intituladas Fatagaga/ Fabricação de Quadros Gazométricos Garantidos [Fatagaga/ Fabrication de Tableaux Garantis Gazometriques]. Antes de participar do Dadaísmo em Zurique (v.), Hans Arp fundou anteriormente, com Walter Helbig (1878-1968). Albert Jacques A. Welti (1894-1965) e Oscar Wilhelm Lüthy (1882-1945) o Grupo (Suíço) da Federação Moderna (Der Moderne Bund, Weggis, Suíça, 1911-1913; v.). Quase todo o grupo da Associação dos Artistas Revolucionários de Colônia se transferiu para o Dadaísmo na Basiléia, onde fundaram a Associação dos Artistas Radicais da Basiléia (Suíça, 1919-1921; v.).





REFERÊNCIAS SELECIONADAS:



BARR, A. Cubism and Abstract Art. Cambridge: Harvard University Press, The Belknap Press, 1936. 1986, p. 07.


 
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. David Sylvester, Elizabeth Cowling (Essays). London: Arts Council of Great Britain, 1978, pp. p.  207.

 
DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 11, 122.
 

GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., pp. 37-49, 251-253.


NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il., pp. 213, 215, 216, 228.


PIERRE, J. El futurismo y el dadaísmo. Madrid: Aguilar, 1968, pp. 147.


RAGON, M..Journal de l´Art Abstrait. Genève: Skira, 1992. 163p: il., p. 49.

 
RICHTER, H. HAUPTMANN, W. (Post-Scriptum). Dada art & anti-art. Cologne: Du Mont Shauberg, 1964. 1965. 246p.: il., pp. 33-49.

 
 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.
ASSOCIAÇÃO DOS ARTISTAS RADICAIS DA BASILEIA; OU GRUPO (INTERNACIONAL DO) DADAÍSMO NA BASILÉIA (Basileia, Suíça, 1919-1921).


Destaques: ERNST, Max, Viking EGGELING, Hans RICHTER, Hans ARP, Sophie ARP, Marcel JANCO, Augusto GIACOMETTI, Otto FREUNDLICHT, Johannes Theodor BAARGELD.

A maioria dos artistas citados participou do Dadaísmo em Zurique (1916-1918); quando o movimento acabou nessa cidade suíça, os artistas se radicaram durante certo período em Colônia; e, no ano seguinte na Basiléia, onde fundaram a Associação dos Artistas Radicais. Participaram Hans Arp (1886-1966) e Sophie Taueber (depois, Arp, 1889-1943), Fritz Baumann (1896-1942), Viking Eggeling (1880-1925), Max Ernst (1891-1976), Otto Freundlicht (1878-1943), Augusto Giacometti (1877-1947), Alberto Giacometti (1901-1966), Emmy Hennings (1885-1948), Marcel Janco (1895-1984), Hans Richter (1888-1976), Walter Helbig (1878-1968), Albert Jacques A. Welti (1894-1965), Oscar Wilhelm Lüthy (1882-1945). Desses artistas, Helbig, Luthy e Welti fundaram anteriormente com Hans Arp, o Grupo (Suíço) da Federação Moderna [Der Moderne Bund] (Weggis, Suíça, 1911-1913).




 
O sueco Viking Eggeling, juntamente com o alemão Hans Richter, foram os precursores do cinema de animação europeu: os artistas se associaram quando verificaram que suas pesquisas mantinham pontos em comum. Nesse período Richter e Eggeling, se dedicaram à produção conjunta de filmes de animação, com elementos geométricos e construtivos da Arte Abstrata.



 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


 
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978,475p.: il., pp. 79-86.




GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., pp. 84-93, 111.

segunda-feira, 10 de junho de 2013




 
 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.



GLOSSÁRIO: REVISTAS VANGUARDISTAS DO LESTE EUROPEU PUBLICADAS NO SÉCULO XX (1910-1946).

 
Países do leste europeu aderiram às publicações das vanguardas artísticas: surgiu Nyougat (Budapeste, Hungria, 1910-1914); a revista Ma (1918-1919), lançada em Budapeste, mas posteriormente transferida para Viena (1919-1925) em razão da perseguição política sofrida por seu editor, Lajos Kassak. A revista foi ilustrada por Pablo Picasso, Marc Chagall, Amedeo Modigliani e Wassily Kandinsky, entre outros. Foi Kassak o primeiro a publicar a pesquisa sobre os principais artistas participantes das vanguardas internacionais, através do seu Livro dos Novos Artistas: Antologia (Budapeste: Lajos Kassak, 1922), o primeiro a abordar a arte inovadora européia. Em Budapeste foi publicada a revista Dokumentum (1926-1927). No inicio do movimento do Dadaísmo europeu foi publicada por Dragan Aleksic Dada Tank (Zagreb, 1922); e Bucareste (Romênia), inscreveu-se no mapa das publicações com as revistas Simbolul (1915), a primeira que Tristan Tzara editou  com o pseudônimo de S. Samyo; seguiu-se Contimporanul (1922-1932), editada por Ion Vinea, I. G. Costin e Marcel Janco, ilustrada por Victor Brauner e Constantin Brancusi, entre outros; a Viata Nuova (1925), foi editada por poetas e escritores; Alge (1930-1933), revista anarquista, foi publicada em duas séries, sendo na primeira editada pelos poetas Amel Baranga, Gherassim Luca, Paulo Testa e Prahim. A revista Urmuz (1928), teve 5 números editados por Sasa Pana, editor de Unu (1928-1932), com 50 números publicados, verdadeiro recorde para revista cultural vanguardista. Na província, Aurel Zaremba publicou 7 números de outra revista, a XX - Literaturá Contemporaná (1928-1929); e, posteriormente, a revista Meridian (1943-1946), publicada por 34 números. Na década de 1930, as publicações das vanguardas romenas estiveram associadas à forte presença do Surrealismo no país, inspirado no movimento francês e por este influenciado (v. Grupo Internacional do Surrealismo; v.).

 
REFERÊNCIA SELECIONADA:

CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., p. 100.
 


 


HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.
GLOSSÁRIO: EDITORA MALIK [MALIK VERLAG] (Berlim, 1916-1924).

A Malik Verlag foi fundada por Tom e Wieland Herzefelde (1896-1988), irmãos de John Heartfield (1891-1968), que foi o mais conhecido ilustrador alemão dedicado às Fotomontagens. As ilustrações de Heartfield colocaram em ridículo Adolf Hitler e criticavam o nazismo de modo contundente: suas ilustrações foram publicadas em várias das principais revistas lançadas pela Malik Verlag, a editora mais importante no Dadaísmo berlinense. Na época, quase todas as revistas publicadas estavam comprometidas politicamente com o Dadaísmo mais radical e nihilista, como Neue Jugend [Nova Juventude, 1916–1917], Ventilador [Ventilador], Die Pille [A Pilula], Der Gegner [O Adversário], Rosa Brille [Luneta Rosa], Freie Strasse [Rua Livre]; Blutige Ernst [Sangue do Ernst], esta editada por George Grosz e Carl Einstein (1919); Die Pleite [A Bancarrota], editada por George Grosz e Wieland Herzfelde [1919–1924]; e Jederman Sein Eigener Fussball [A cada um seu futebol], editada por George Grosz e Franz Jung, com único número publicado (n. 01, 15 fev., 1919).
 
 
Nas revistas citadas foram lançadas idéias contrárias à lei e a ordem, ao nazismo e ao crescente militarismo da nação alemã: por este motivo as revistas foram censuradas, e frequentemente confiscadas. Por esta mesma razão as diversas publicações se sucederam, com o lançamento constante de novas revistas com outros nomes e, por vezes, repetindo os mesmos textos publicados anteriormente, mas mantendo sempre a mesma linha editorial radical (ADES, 1978).

 
REFERÊNCIA SELECIONADA:


CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., pp. 42-43, 103-110, 159.


 

 

HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.
GLOSSÁRIO:  REVISTAS DADAÍSTAS E OUTRAS, PUBLICADAS INTERNACIONALMENTE (Colônia, 1919-1929;  Hanover, 1913-1932; Munique, 1914-; Breslau,  1919-; Darmstadt, 1919-1921; Dresden, 1916-1929;  Weimar - Dessau, 1919-1932).

Nas cidades alemãs onde o Dadaísmo tornou-se expressivo, como em Colônia, onde foi liderado por Max Ernst, Johannes Theodor Baargeld, foram publicadas as revistas Bulletin D e Stupid (1919); Der Ventilador e Die Shammade (1920) e, bem depois, a revista a-z (1929). Em outras cidades como Hanover, e com várias orientações editoriais foram publicadas Das Weissen Blatter (1913-1921), Der Marstall (1920) e Merz (1922-1932), de Kurt Schwitters. Em Munique foi publicada Zeit Echo (1914-1917), também distribuida em Berna (Suíça); em Breslau, Die Erde (1919-1920); em Darmstadt, Das Tribunal (1919-1921), editada Paul Zech, que publicou anteriormente Das Neue Pathos (Berlim, 1915). Em Dresden, Das Ziel (1916-1920), Das Rohe Ufer (1919 - 1920), Die Neue Schaubühne (1919-1925), Menschen (1920-1921) e também Tranbordeur Dada (1922-1929), editada por Tristan Tzara. Em Weimar, cidade dominada pela Bauhaus (1919-1925), foi publicada a revista homônima e, mais tarde, quando transferiu-se para Dessau, foi editada em várias outras cidades (1926-1932).

 
Para as publicações das vanguardas alemãs trabalharam os mais conhecidos repórteres fotográficos da época como Erich Salomon, Alfred Eisenstaedt, Tim Gidal, Fritz Goro, Germaine Krull, Martin Munkaczi e Félix Mann. O fotógrafo Rolf Reiss foi o colaborador preferido de John Heartfield, o mais conhecido ilustrador de revistas berlinenses, crítico contundente de Hitler e da política do Partido Nacional Socialista. Outros fotógrafos foram Willi Rudge, Umbo e André Kértesz: este último se destacou posteriormente no Grupo Internacional do Surrealismo (Paris, 1924-1966). 

 
As publicações tardias, do final da década de 1920, foram a-z editada por Franz W. Seiwert e Heinrich Hoerle (Colônia, 1929);  Zakpo: Monatischrift für Zeitkunst (Karlsruhe, 1930), lançada pelo artista Karl Hubbuch das vanguardas do Grupo da Nova Objetividade (Neue Sachlichkeit, 1925-1933; v.). Na Alemanha, as vanguardas foram destruídas pelos nazistas, devido à ascensão do Partido Nacional Socialista, com Hitler no poder, que impôs a nova estética às artes (jan. 1933-1945; v. Grupo da Nova Objetividade: República de Weimar; v. Revistas Berlinenses, Dadaístas & Outras, Publicadas no Século XX; v. Revistas Dadaístas & Outras  Publicadas  Internacionalmente; v.  Revistas Detalhadas).


REFERÊNCIA SELECIONADA:
 

CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., pp. 42-43, 103-110, 159.
 

sexta-feira, 7 de junho de 2013



 
 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.
DADAÍSMO AMERICANO: NOVA-IORQUINO (1915-1921).  

 

Destaques: DUCHAMP, Marcel, Francis PICABIA, Man RAY e Arthur CRAVAN.

Francis Picabia (1879-1953), ofereceu festa regada a champanhe no Hotel Elite (Zurique, 1918), onde ele lançou o número especial de sua revista 391. Esta revista foi publicada nos locais que Picabia visitou como Barcelona (1916), Nova York (1916-1917), Zurique (1918) e Paris (1919-1920). Em Nova York Picabia associou-se à Marcel Duchamp (1887-1968) e a Walter Conrad Arnsberg (1878-19XX), dadaísta e financista. Picabia publicou desenhos e poemas na revista 391, além de colaborações de Tristan Tzara e Arensberg. O financista e colecionador americano participou com obras do Salão dos Artistas Independentes (Nova York, 1917): ele foi preso por atentado ao pudor. No mesmo ano e no mesmo salão Marcel Duchamp ofereceu ao júri sua obra Fonte, o famoso mictório invertido, assinado por R. (Richard) Mutt, recusado para apresentação. A história da obra famosa foi tema das revistas vanguardistas publicadas pelo grupo (Nova York, 1915-1919).

Arthur Cravan, gigante de dois metros de altura, mas que passava a maior parte do tempo bebendo, deu sua contribuição ao Dadá nova-iorquino; o artista precisou fugir de Barcelona, onde desafiou para luta de boxe o campeão dos pesos pesados, Jack Johnson. A luta durou menos de um minuto, com Cravan derrotado (23 abr.,1916). O público catalão ficou revoltado e queria, a todo custo, seu dinheiro de volta. No mesmo dia Cravan zarpou de navio para a América, onde o escritor reencontrou Picabia e Duchamp, que conheceu anteriormente em Paris, onde foi o único redator e editor da publicação Maintenant (Hoje,1912-1914). O escritor participou de evento dadaísta com Duchamp, patrocinado por Arensberg, Pouco tempo depois Cravan desapareceu, durante passeio de barco no Golfo do México (1920).
    
Em Nova York Marcel Duchamp e Man Ray (1890-1976) publicaram várias revistas Dadaístas, todas apoiadas pelo grupo de Alfred Stieglitz (1874-1946) e do mecenas Walther Arensberg: The Ridgefield Gazook (31 mar., 1915), The Blind Man (n. 01, 10 abr. - n. 02, 02 maio, 1917), TNT (mar., 1919), Rongwrong (maio, 1919) e New York Dada (abr., 1921).



 
 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.
DADAÍSMO EUROPEU: PARISIENSE (1920-1923).
 
Destaques: TZARA, Tristan e André BRETON.



Quando o dadaísmo agonizava em Zurique Tzara recebeu correspondência do grupo de Breton, convidando-o para levar o Dadaísmo para Paris. Tzara aceitou o desafio e chegou sem ser anunciado na casa de Francis Picabia, onde permaneceu hospedado durante um ano. O primeiro evento Dadá foi o sábado literário, promovido pela revista Littérature, publicação de Breton; ocorreu no Café Certa, anexo ao Petit Grillon (23 jan.,1920), Jean Cocteau, leu poemas de Max Jacob; André Breton leu poemas de Pierre Reverdy; Tzara leu artigo provocante de jornal com o ruído ensurdecedor de sinos e sirenes produzido por Paul Éluard e Théodore Fraenkel; Picabia desenhou no quadro negro e logo em seguida apagou a obra.
 
No Salão dos Independentes os Dadaístas anunciaram a presença do ator Charles Chaplin; compareceu a grande massa de publico para ver o ator, que claro, não tinha sido convidado. Vários dadaístas leram seus manifestos (38); alguns (7) leram o manifesto de Georges Ribemont-Dessaignes;  Aragon cantou a Canção do Não (fev., 1920). Os artistas organizaram evento com palestras no Clube du Faubourg, com participação de Henri Marx, Georges Pioch e Raymond Duncan. No mês seguinte na Sala Berlioz da Maison de L’Oeuvre, outro evento reuniu Breton, Soupault, Aragon, Éluard, Georges Ribemont-Dessaignes e Tzara: acabou em pancadaria (27 mar., 1920). Breton apresentou performance na ocasião; a fotografia do programa se encontra publicada (GOLDBERG, 1978).
 
Em maio ocorreu o Festival Dadá na Sala Gaveau, com Éluard, Soupault, Paul Dermée, Breton e Fraenkel. Soupault apresentou O Célebre Ilusionista [Le Célebre Ilusioniste]; Dermée, O Sexo do Dadá [Le Sexe de Dada]; Tzara a peça A Segunda Aventura Celestial do Sr. Aspirina [La Seconde Aventure Céleste de M. Antipyrine]; e a dupla Breton e Soupault apresentou Vocês me esquecerão [Vous m’Oublierez].
 
Em abril do ano seguinte (1921) o grupo organizou a excursão à Igreja de St Julien Le Pauvre. Os artistas não conseguiram adesões: o público não compareceu ao evento, pois o dia chuvoso e frio não ajudou. O grupo tirou fotografia reproduzida em vários livros (ADES, et al., 1978; RICHTER, 1965).
 
Em maio o evento foi o julgamento e sentença de Maurice Barrés, que declinou do convite e não compareceu à encenação teatral do Grupo Dadaísta na Sociedade Savantes na rua Danton. Barrés foi inicialmente ídolo para os escritores, mas o grupo considerou que ele traiu seus ideais quando passou a colaborar com o jornal reacionário L’Echo de Paris. Na realidade o julgamento transformou-se no julgamento do movimento Dadá e da celeuma entre Tzara e Breton. Dois dias antes do evento Francis Picabia publicou seu repúdio ao Dadaísmo, antecipando o resultado do julgamento, quando Tzara saiu derrotado. Na realidade o Dadá parisiense terminou nessa época; posteriormente foram celebrados alguns eventos de pouca repercussão como o Salão Dadá, na Galeria Montaigne, organizado por Soupault, Ribemont-Dessaignes, Aragon, Éluard e Benjamim Péret, fechado no dia seguinte à inauguração.

 
Breton boicotou a performance de T. Tzara, Coração de Gaz [Coeur à Gáz]: Tzara devolveu o boicote no Congresso de Paris, organizado por Breton, o que evidenciou claramente a ruptura completa dos Dadaístas com o grupo de Breton, os futuros Surrealistas (1924). Os ataques de Breton Tzara replicou com o Manifesto Coração à Gás [Coeur à Gas], lançado no evento homônimo (6-7 jul.,1923) quando ele compareceu vestido com costume de Sonia Delaunay, projetou filmes de Charles Sheeler, Hans Richter e Man Ray, acompanhados de música de Igor Stravinsky, entre outras, apresentadas ao vivo por Georges Auric e Darius Milhaud. O evento, realizado no Teatro Michel, encenou a peça Coração a Gás, dele, Tzara. Foram declamados poemas sonoros de Iliazde (Ilia Zdanevich) e de Marcel Herrand. André Breton, irado, subiu ao palco e começou a distribuir bengaladas aos participantes, como ao poeta René Crevel; ele quebrou o braço de Pierre de Massot. O público reagiu (RICHTER, 1965). Os eventos Coração Barbado e Coração à Gás foram a pá de cal que encerrou o Dadaísmo parisiense. Algumas fotos posadas do evento descrito encontram-se publicadas (GOLDBERG,1978).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

 

CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. David Sylvester, Elizabeth Cowling (Essays). London: Arts Council of Great Britain, 1978, pp. 79-86, 88, 103.

 
BIRO, A.; PASSERON, R. Dictionaire Général du Surréalisme et ses environs. Fribourg: Office du livre - Presses Universitaires de France, 1982, p. 363.
 
BREUILLE, J-P. Dictionnaire de la peinture et de sculpture : l'art du XXe siècle. Sous la direction de Jean-Philippe Breuille. Paris: Lib, Larousse, 1991. 777p.: il., retrs.,pp. 290-291. (Dictionnaires specialisés).
 
BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from Impressionism to Post-Modernism. London: Thames and Hudson, 1989, 416p.: il., p. 222.
 
FABRIS, A. Photomontage as political function. São Paulo: 2003, pp. 11-57.

 
GIBSON, M. Duchamp Dada.Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., . pp. 153-156.


 
PIERRE, J. El futurismo y el dadaísmo. Madrid: Aguilar, 1968,pp. 172-173.

 
TESCH, J.; HOLLMANN, J.Icons of Art: the 20th Century. New York: Ekhardt Hollman, Prestel, 1997. 216p.: il., pp. 87, 88.
 
 
BÉHAR, H. André Breton: le grand indésirable. Paris: Calmann-Levy, C. N. de Lettres, 1990. [16] p. de lam.: retrs.
 
BÉHAR, H. Sobre el Teatro Dada y Surrealista. Traducción de José Escue. Barcelona: Barral, 1971, pp. 85-111.


GOLDBERG, R. Performance Art: from Futurism to the Present. London: Thames and Hudson, 1978, 2001. 206p., il., some color. 15 x 21 cm (world of art), pp. 77-78.

 
LÉVÊQUE, J-J. Le triomphe de l'art moderne: les Anées Folles. Paris: A. C. R. Éd. Internationalles, 1992. 624p.: il., retrs., pp. 240, 264.

PIERRE, J. El futurismo y el dadaismo. Madrid: Aguilar, 1968, pp. 191, 192.

PIERRE, J. L'Univers Surréaliste. Paris: Somogy, 1983, p. 325
 
RICHTER, H. HAUPTMANN, W. (Post-Scriptum). Dada art & anti-art. Cologne: Du Mont Shauberg, 1964. 1965. 246p.: il., pp. 164-165.

quarta-feira, 5 de junho de 2013





 

HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX. DADAÍSMO (EM) ZURIQUE (1916-1919).



Destaque: BALL, Hugo.


O grupo começou quando Ball pediu a seu amigo Jan Epharam para utilizar seu cabaré na rua dos Espelhos [Spiegelgasse], em Zurique. No dia da inauguração (5 fev., 1916), apresentaram-se a Ball os jovens: Tristan Tzara e Marcel Janco (romenos), Hans Arp (suiço) e Emmy Hennings (alemã). Na primeira noite Hennings e M. Laconte cantaram canções em francês: Hennings era a única artista profissional do grupo, musa consagrada dos cabarés de Berlim, depois esposa de Ball. Foram declamados poemas de Wassily Kandinsky e Else Lasker; Donnerwetterlied de Frank Wedekind; a Dança da Morte [Tottentanz] e a canção A la Villette, de Aristide Bruant. O cabaré ficou lotado com muitos estrangeiros que abrigaram-se na Suíça, fugindo da I Guerra Mundial, como o próprio Ball que fugiu o serviço militar alemão e entrou na suíça com papéis forjados. O Cabaré ofereceu novos eventos todas as noites; no dia 7 foram declamados poemas de Blaise Cendrars e de Jakob von Hoddis, no dia 11 apresentou-se Richard Huelsenbeck, que depois levou o movimento para Berlim e que iniciou a música com tambores no estilo africano. Na semana seguinte foram declamados poemas de Werfeld, Morgenstern e Lichtenstein; contribuições variadas de Arp, Huelsenbeck , Tzara e Janco. Os artistas inauguraram noites temáticas como a Suíça, aos domingos; a Noite Russa, com música de balalaikas. Tzara declamou poemas de Max Jacob, André Salmon e Jules Laforgue; Rubinstein tocou a sonata para violoncelo de Saint-Saëns e Arp leu a peça de Alfred Jarry O Ubú-Rei (L’Ubu-Roi, 14 mar.).Tzara, Huelsenbeck e Janco declamaram simultaneamente os poemas sonoros de Fernand Divoire e Henri Barzun, bem como o poema de própria autoria, declamado como mantra cadenciado (30 mar).





 Arp foi criador e incentivador das performances, mas nunca apresentou-se no palco. E Ball apresentou-se com costumes de papelão rígido de Janco, no minúsculo palco do Cabaré Voltaire com a recitação de seu poema Karawane (23 jun.). No mesmo mês o Cabaré foi obrigado a fechar as portas: o proprietário do local alegou muito barulho para romper o acordo com Ball, que provavelmente foi verbal. O Dadaísmo não terminou, pois os artistas inauguraram a Sociedade Voltaire (16 abr.,1916) e organizaram mostra internacional de arte. Nesse momento surgiu o nome do movimento, batizado de Dadá por Ball e Huelsenback. Os artistas partiram para espaços alugados como o Haag Hall, onde foi organizada a primeira Noite Dadá (14 jul. 1916). Neste momento e local Hugo Ball leu seu manifesto; Arp recitou Erklänrung; Janco Meine Bilder; apareceram novos nomes, como Heusser, que recitou Eigene Kompositionen; Tzara recitou com várias vozes o poema ruidista de sua autoria; e Huelsenbeck seu Poema Vogal.



 
 
No mês de julho saiu publicado o primeiro volume da Coleção Dadá contendo o texto da peça teatral de autoria de Tzara: A Primeira Aventura Celestial do Sr. Aspirina [La première Aventure Céleste de M. Antipyrine]; em setembro ou outubro foram publicados dois volumes de poesia por Huelsenbeck.Em janeiro do ano seguinte (1917) os artistas lançaram a Galeria Dadá, no espaço alugado à Galeria Corray, em Zurique. A primeira mostra apresentou obras de Arp, Von Rees, Marcel Janco, e Hans Richter além do programa didático de palestras por Tzara, que falou sobre o Cubismo, O Velho e o Novo e A Arte do Presente. A galeria durou menos tempo que o Cabaré Voltaire: apenas 11 semanas. Ball e Hennings partiram para outra cidade suíça, Agnuzzo, na região do Ticino. No entanto, o grupo encontrou apoio com Herwart Walden, do Grupo da Tempestade [Der Sturm] e realizou a segunda mostra de artes plásticas na Galeria da Tempestade (Berlim, 9 abr., 1917). Huelsenbeck, que estudava medicina, permaneceu em Berlim, onde tornou-se a figura inaugural do movimento nesta cidade.

 



Tzara continuou em Zurique tentando levar adiante o movimento, através da publicação de manifestos nas revistas; ele leu seu manifesto na Sala Zur Meise (23 jul., 1918). E, finalmente, a Noite Dadá conseguiu reunir c. 1500 pessoas na Sala Zur Kaufleten. O evento foi organizado por Walter Serner, médico, escritor anarquista e performático; participaram Hans Richter, Hans Arp que pintou os cenários, além das alunas da Escola de Dança de Rudolf von Laban, como Sophie Taeuber (depois, Arp), Suzanne Perrotet, Mary Wigmann e Käthe Wulff, que dançaram. O artista sueco Viking Eggeling, proferiu palestra com o tema Gestaltung und Abstract Art. Foram apresentadas músicas de Erik Satie e Arnold Shoenberg; Tzara declamou seu poema simultâneo A Febre do Macho, com vinte vozes. Walter Serner realizou performance, enquanto leu seu manifesto A Última Perturbação [Letzte Lockerung]; cinco alunas de Rudolf von Laban dançaram Nor Kakadu. A noite encerrou o Dadaísmo em Zurique.
 

  
Francis Picabia ofereceu grande festa regada a champanhe no Hotel Elite, onde ele lançou o número especial de sua revista 391 (Zurique, 1918), Esta revista foi publicada nos locais que Picabia visitou, como Barcelona (1916), Nova York (1916-1917), Zurique (1918) e Paris (1919-1920). Encontram-se publicadas inúmeras fotografias como as de Ball e Emmy Hennings (Zurique, 1916); de Ball, envergando costume de Marcel Janco, recitando no palco do Cabaré Voltaire o poema Kara wane, de sua autoria. A fotografia original encontra-se no acervo da Kunsthaus, Zurique; a fotografia de Hennings, bela e elegante; a fotografia de Tzara, Arp e Richter (Zurique, 1917-1918); a fotografia de Arp com Sophie Taueber, que tornou-se sua esposa, junto com marionetes criadas por ela e usadas nas performances de seu teatro de marionetes (GOLDBERG, 1978; e RICHTER, 1993).


REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 

CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978,475p.: il., pp. 79-86,


BIRO, A.; PASSERON, R. Dictionaire Général du Surréalisme et ses environs. Fribourg: Office du livre - Presses Universitaires de France, 1982, p. 16.
 
BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from Impressionism to Post-Modernism. London: Thames and Hudson, 1989, 416p.: il., p. 222.

GOLDBERG, R. Performance Art: from Futurism to the Present. London: Thames and Hudson, 978. 2001. 206p., il., some color. 15 x 21 cm (world of art), pp. 56-59, 60-67.
 
 

RICHTER, H. HAUPTMANN, W. (Post-Scriptum). Dada art & anti-art. Cologne: Du Mont Shauberg, 1964. 1965. 246p.: il., p.100.