quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Umberto Boccioni (1882-1916). Futurismo.




BIOGRAFIA: BOCCIONI, Umberto (1882-1916).
 
 


O artista italiano nasceu em Reggio di Calabria e morreu em Sorte, Verona. A infância de Boccioni foi passada em vários lugares, de acordo com a evolução da carreira de seu pai, morando em Forli, Gênova e Pádua. O futuro artista formou-se no Instituto Técnico (Catânia, 1899); em Roma estudou Desenho com Mataloni, e tornou-se aluno da Escola de Desenho de Nus (1900). No mesmo ano conheceu Gino Severini e tornou-se seu amigo. O artista instalou-se em Pádua e Veneza (1905-1907); ele viajou à Rússia (1904), passando por Tsaritsin, Egoritsin, Moscou, São Petersburgo e voltou à Itália, passando por Praga e Viena. Boccioni visitou novamente a Rússia, também visitou Paris (1906), mas, em seguida instalou-se em Milão (1908).


 
Devido a desavença com seu pai pela escolha da carreira artística Boccioni estabeleceu profundo conflito familiar; ele precisou viver com sua tia, em Milào, para cursar a Academia de Brera. Tanto Boccioni como Severini participaram do grupo inicial do Futurismo, organizado por Marinetti; ambos tornaram-se alunos de Giacomo Balla. O artista conheceu F. T. Marinetti quando o grupo, acrescido de outros artistas, aderiu à fase pictórica do movimento (1909). Tendo o dinamismo plástico como concepção, Boccioni desenvolveu temas únicos de estados de alma e psíquicos, inéditos até então nas Artes Plásticas. Entre suas obras pictóricas precursoras mais importantes citamos: Estados de Alma n.1 (1911); Os Adeuses (1911, óleo/tela, coleção Nelson Rockfeller). As obras citadas encontram-se reproduzidas (HULTEN, 1986). Depois que conheceu Georges Braque e Pablo Picasso na sua segunda viagem a Paris, Boccioni intensificou sua obra nas técnicas escultóricas, influenciado pelo Cubismo, que apreciou e apreendeu (1911). A escultura de Boccioni inspirou-se na escultura de Picasso Fernande (1909), que Boccioni viu em Paris quando visitou os estúdios de Picasso e Braque, amigos na ocasião (1911). Boccioni passou a pesquisar o espaço, tornando-se escultor: na sua obra escultórica, notável e original, destacamos a escultura sem base Formas Únicas na Continuidade do Espaço; Fusão de uma Cabeça e uma Janela (1912); Desenvolvimento de Uma Garrafa no Espaço. A primeira importante obra citada pode ser considerada como a mais notável escultura das vanguardas artísticas européias do princípio do século, existe no acervo do museu MAC - USP. Boccioni conseguiu expressar de forma inédita o movimento, com seu dinamismo plástico com forma que interpenetrou no espaço circundante. Durante a primeira metade do século XX a obra escultórica de Boccioni tornou-se bastante influente na escultura internacional.


 
Boccioni expressou preocupações revolucionárias em obras de viés politico (1910-1912), que foram alvo de atentados, como o acontecido na Mostra de Arte Livre, exposição organizada por Marinetti (Roma, abril, 1914). A pintura O Riso foi vandalizada, cortada por um indignado expectador; hoje restaurada, pertence ao acervo do MoMA (Nova York). No decurso da Primeira Guerra Mundial, Boccioni envolveu-se com Marinetti, que desejava a guerra: ele foi voluntário no Batalhão Lombardo de Ciclistas e Motoristas. O artista perdeu a vida em consequencia de queda de cavalo durante exercício (agosto, 1916). Foi perda lastimável para as vanguardas artísticas e, especialmente para o Futurismo, movimento do qual foi seu mais destacado expoente.


 
Boccioni foi autor do Manifesto Técnico da Escultura Futurista, que publicou (1911); ele publicou seus estudos teóricos nos livros Pintura e Escultura (1913) e Dinamismo do Corpo Humano (1913-1914). O artista colaborou com a revista Lacerba, a mais celebrada das publicações das vanguardas artísticas italianas e européias. Boccioni foi um dos mais talentosos artistas e teóricos italianos, que demonstrou em sua obra grande originalidade advinda de talento excepcional: as obras encontram-se hoje representadas nos melhores museus do mundo, notadamente as monumentais, no acervo do MoMA (Nova York); na Pinacoteca de Brera (Milão) e no MAC - USP (São Paulo). No museu paulista podem ser apreciadas várias esculturas importantes como Desenvolvimento de Uma Garrafa no Espaço (1912, gesso patinado, 39,7 cm x 60,1 cm x 32,7 cm); a mesma escultura fundida em bronze (39,5 cm x 59,5 cm x 32,8 cm). Depois da morte do artista foram fundidos em bronze seis exemplares da citada Formas Únicas na Continuidade do Espaço, a partir do molde original, em gesso patinado. As obras foram relacionadas pela Sra. Benedetta Cappa Marinetti, sua antiga proprietária: duas estão nas coleções italianas Marinetti e Mattioli; uma na Galeria Cívica de Arte Moderna, em Milão; a outra no MoMA, em Nova York. A quinta, foi adquirida pelo colecionador paulista Francisco Ciccillo Matarazzo e figura como peça destacada no acervo do MAC - USP. Esse exemplar foi permutado com a Tate Gallery, em Londres, pela obra original de Henry Moore, Figura Reclinada em Duas Peças: Pontos (bronze), que passou a figurar como peça nobre no acervo do museu londrino (1972). A obra de Boccioni Elasticidade (1912, Milão), encontra-se reproduzida (SEUPHOR, 1963).


 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from Impressionism to Post-Modernism. London: Thames and Hudson, 1989, 416p.: il., pp. 186-188.

CATÁLOGO. BALLA, G. Giacomo Balla, 1894-1946, Da Balla a Ball´io. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 12 maio - 30 jun., 2000.

CATÁLOGO. BARBOSA, A. M. Catálogo Geral de Obras 1963-1993. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Fundação Bienal, 1993,p. 58.


CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 427-433.
 
 
DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 32-33.
 
 
 
FOLHETO. Caminhos da Forma; Uma Permuta. São Paulo: MAC - USP, 2002, p. 06.

Nenhum comentário:

Postar um comentário