sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Giacomo Balla (1871-1958). Futurismo.

 

 

BALLA, Giacomo (1871-1958).
 
 

O artista, pintor, cenógrafo e figurinista nasceu em Turim e morreu em Roma. Balla foi o maior expoente da pintura no Futurismo italiano: ele pintou obras nas técnicas Neo-Impressionista, Pontilhista e Divisionista, quando foi influenciado pelas obras dos pintores Giuseppe Pelizza da Volpedo, Giovanni Segantini e Gaetano Previatti. Balla ensinou suas técnicas quando se transformou em professor de Gino Severini e Umberto Boccioni. 
 
 
Nas pinturas iniciais do movimento Futurista, o maior interêsse de Balla consistiu nos temas originais que abordou, reunindo em obras  a dinâmica do movimento e da velocidade. Balla pintou animais e humanos em movimento como em Dinamismo de Um Cão na Coleira (1911-1912). Convidado para visitar o violinista Lowenstein, Balla ficou alguns meses hospedado na casa dele e pintou a obra dinâmica Mão de Violinista (Dusseldorf, 1912), que se encontra reproduzida (SEUPHOR, 1957). Na pintura Compenetração Iridescente (1912, óleo/ tela, 77 cm x 77 cm, Coleção Balla), Balla apresentou o estudo das cores com influência  de Robert Delaunay que ele visitou em Paris. Nesse mesmo ano. Balla pintou Automóvel Correndo (1913, têmpera/ aquarela/ papel, 70 cm x 100 cm, no acervo do Stelijik Museum, Amsterdã). Esses temas, identificados com o movimento da vida no novo século, foram abordados pela primeira vez nas Artes Plásticas. Balla pintou ainda Carro em Movimento (1915), obra que se encontra reproduzida (SEUPHOR, 1957).
 
Balla escreveu o Manifesto dos Pintores Futuristas e Agitadores Educados assinado por Umberto Boccioni, Carlo Carrà, Gino Severini e Luigi Russolo (11 abr., 1910). Cinco anos depois Balla escreveu o manifesto Reconstrução Futurista do Universo [Riconstruzioni Futurista dell’Universo], assinado com Fortunato Depero (11 mar., 1913).
 
 
Durante o período da Primeira Guerra Mundial e devido a indicação de F. T. Marinetti (1876-1944), Balla foi convidado por Sergei Diaghilev para se tornar cenógrafo e figurinista do balé mecânico Fogos de Artifício [L’Ucello di Fuoco]. A encenação foi apresentada com a música homônima de Igor Stravinsky (dur. 4´), no Teatro Costanzi (Roma, 17 abr., 1917). Para os desenhos do dito, Primeiro Cenário Plástico do Futurista Balla [Primo Scenario Plastico dal Futurista Balla], conforme se encontra escrito no cartaz do espetáculo (ATTI, 1990), Balla estudou os efeitos das vibrações luminosas azuis, violetas, vermelho verde - as cores próprias de seu edifício de madeira e tecido - assimétricos e rítmicos como as notas da música de Stravinsky. Esta composição Abstrata, que deveria se modificar explodindo por c. cinco minutos, criou sobre a estrutura cenográfica movimentos de luz e sombra variados - formas fugazes sobre a forma estática - que deveriam suscitar no espectador a mesma reação estupefaciente e maravilhada da explosão animada de fogos de artifício. Um jogo de grande efeito no qual, pela primeira vez, a cenografia foi o espetáculo, onde a centralização da idéia teatral esteve concentrada em um só pensamento: na breve explosão luminosa de efeito agudo e estridente que sublinhava e traduzia sons musicais. A eufórica aparição da força primordial do fogo - através da formalização teatral e da transfiguração do real ao abstrato. Na ocasião, a obra estreou sem bailarinos, com a música ilustrada somente com efeitos de iluminação, além de outros produzidos por várias máquinas mecânicas, tudo criação fantástica de G. Balla. Os desenhos e estudos de Balla para a cenografia dessa obra (1915-1917), se encontram no acervo da Galeria de L'Obelisco (Roma).
 

Balla colocou seu talento a serviço de outras encenações da Cia Teatral S. P. Diaghilev como para O Canto do Rouxinol [Il canto dell'usignolo], com música refeita por Stravinsky, com cenários de Fortunato Depero e desenho figurinos por Balla, encenado pelos Balés Russos com outras criações, sendo os figurinos de Léon Bakst e cenários do artista espanhol Pedro Pruna (Paris, 1916). Os desenhos de figurinos de Balla para esse balé se encontram reproduzidos (ATTI, 1990). Balla criou ainda O Jardim Zoológico [Il Giardino Zoologico], balé que ofereceu para Diaghilev, mas que nunca foi encenado. Balla criou os cenários para Dança Plástica [Balli Plastici] de Gilbert Clavel, encenado nos palcos italianos e franceses (1918); os cenários para a peça de Pierre-Albert Birot, Matoum e Tevibar (1919); cenários para o Teatro das Cores de Ricciardi (1920); para o Teatro da Experiência (Praga, 1921-1924) e para o Teatro da Mímica (Paris, 1927; Turim, 1928).
 
 
Devido ao advento do fascismo (Itália, 1923-1945) Balla afastou-se
do Futurismo e passoua pintar temas convencionais e paisagens de pouco interesse; sua pintura, obra do período inicial do Futurismo italiano, A Lâmpada ao Arco [La Lampe a Arc] (1910), se encontra reproduzida (PIERRE, 1991). A pintura Paisagem (1906-1907), de G. Balla, pertence ao acervo do MAC - USP.

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

CATÁLOGO. ATTI, F. C. degli; FERRETTI, Daniela (Org.). Rusia, 1900-1930, L'Arte della Scenna. Milano: Galeria Electa. Moscou: Museo Bachrusín, 1990, pp. 54-55.

 
CATÁLOGO. BALLA, G. Giacomo Balla, 1894-1946, Da Balla a Ball´io. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 12 maio - 30 jun., 2000.

 
BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from impressionism to post-modernism. London: Thames and Hudson, 1989, pp. 181-183.

 
CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, .; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville
Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 424-425.

DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp 14, 29, 126.

 
GIBSON, M. Duchamp, Dada. Paris: N.E.F. Casterman, 1991, p. 228.
 

PIERRE, J. L'Univers Surréaliste. Paris: Somogy, 1983, p. 97, 301.
 

SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989.192p.: Il,.algumas color., pp.66, 68.


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