quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Carlo Dalmazzo Carrà (1881-1966). Futurismo.

 
 


BIOGRAFIA: CARRÀ, Carlo Dalmazzo (1881-1966).

O artista italiano nasceu em Quargnento (Alexandria, Egito) e morreu em Milão. Carrà se associou ao Futurismo italiano e participou do grupo do Novecento (Roma,1923-1933). Carrà foi anarquista, ativo em vários grupos europeus (Milão).

Carrà descendia de família de talentosos artesões: ele passou um ano em Paris (1899-1900), trabalhando como pintor-decorador nos pavilhões da Exposição Universal (1900). Na cidade-luz Carrà percorreu os museus e galerias de arte, quando conheceu as obras dos artistas Impressionistas e Pós-impressionistas, que ele admirou e que, posteriormente influenciaram-no. Carrà também apreciou a pintura de Gustave Courbet e Eugène Delacroix. O artista viajou, e passou prolongada temporada em Londres; ele somente retornou no ano seguinte a Milão (1901).
Foi o tio de Carrà quem patrocinou os estudos do jovem, de pintura com Cesare Tallone, na considerada como a melhor escola de arte italiana, a Academia de Brera (Milão, 1906-). Carrà fez amizade com grupo de colegas como Arnaldo Bonzagni, Umberto Boccioni, Romulo Romani e Ugo Valeri. Desses futuros artistas Boccioni foi quem mais se destacou no Futurismo italiano: Romani e Bonzagni assinaram o primeiro Manifesto dos Pintores (v.), mas se afastaram em seguida do grupo liderado por F. T. Marinetti. O mentor do Futurismo Marinettiano enviou Carrà a Paris para organizar a primeira mostra dos Futuristas italianos na cidade-luz, que ocorreu na Galeria Bernheim-Jeune (1912). A mostra itinerou a Londres, Berlim e Praga (1913). Na ocasião Carrà descobriu o nascente Cubismo nas vanguardas francesas e sua pintura, nesta fase de sua obra, tornou-se produto da síntese do Cubismo com os preceitos do Futurismo. Neste período inicial Carrà pintou algumas obras notáveis, na adaptação pessoal da técnica Pontilhista, invenção marcante dos artistas Pós-Impressionistas franceses, como Georges Seurat, Paul Signac e Henri-Edmond Cross, entre outros (v. Pontilhismo, no Blog http://arteeuropeiadevanguarda.blogspot.com).
 
Carrà depois se voltou para obras importantes, de denúncia política, como a pintura Os Funerais do Anarquista Galli (1911, óleo/ tela, 199 cm x 260 cm, no MoMA, Nova York). Carrà escreveu pouco depois seu manifesto: Pintura dos Sons, Rumores e Odores [Pittura del suoni, rumori e odori] lançado em Milão (11 ago., 1913; v. Manifestos Futuristas).
No ano inicial da Primeira Guerra Mundial Carrà passou prolongada temporada em Paris, onde conheceu Guillaume Appolinaire e Pablo Picasso. O artista voltou a viver em Milão, quando passou por crise de consciência, e, nessa fase, rompeu com F. T. Marinetti e o Futurismo italiano. Carrà, mesmo se mantendo afastado do grupo citado, manteve intacta sua amizade pessoal com Umberto Boccioni até o momento da morte do artista, com quem ele serviu ao exército italiano no Batalhão Lombardo dos Ciclistas e Motoristas. Boccioni e o arquiteto Antônio Sant'Elia morreram durante o conflito: foi Carrà, juntamente com seu amigo Emilio Piccolo, quem deslocou o corpo de Boccioni, enterrado em vala comum, para túmulo próprio no cemitério de Verona (1916).
 
Carrà foi ferido e enviado ao hospital militar (Ferrara, 1916); foi seu vizinho de leito hospitalar o artista plástico Giorgio de Chirico. Juntos, Carrà e De Chirico elaboraram as teorias que nortearam o movimento pictórico do Grupo (Italiano) da Pintura Metafísica (v;), o estilo influente na arte internacional, que ambos adotaram logo depois da guerra. O novo grupo formou-se em torno da revista Valori Plastici (Valores Plásticos, Roma, 1918-1922). A fotografia de Carrà vestindo o uniforme militar (Ferrara, 1916), se encontra reproduzida (HULTEN, et all., 1986).
O artista executou a Guerrapintura [Guerrapittura] (1915), considerada sua obra-prima. A maioria das pinturas citadas de Carrà foram incluídas por historiadores e destacados críticos de arte do século XX, entre as mais originais e notáveis pinturas da primeira fase do Futurismo italiano; muitas de suas reproduções se encontram publicadas (HULTEN, et al., 1986).
 
No período da dita, Pintura Metafísica, Carrà pintou várias de suas melhores e mais intrigantes obras como O Cavaleiro Bebado (1916-1917); O Ídolo Hermafrodita (1917, óleo/ tela, 65 x 42 cm, na coleção Jeri, Milão); O Quarto Encantado (1917, óleo/ tela, 65 x 52 cm) e a considerada a obra-prima da Pintura Metafísica, A Amante do Engenheiro (1917, óleo/ tela, 55 x 40 cm). A obra de Carrà Musa Metafísica, se encontra reproduzida (GAUNT, 1973; HULTEN, et al., 1986). Carrà expôs essas obras na sua primeira mostra individual realizada na Galeria Chini (Milão, 18 dez., 1917 - 10 jan., 1918), cidade onde ele voltou a viver.
Carrà participou de inúmeros encontros e discussões sobre arte, quando ele esteve com o grupo de intelectuais italianos que incluiu Giuseppe Ungaretti, Mássimo Bontempelli, Cardarelli e o escultor Medardo Rosso (Milão). Na década de 1930 Carrà produziu grandes pinturas murais; e, na década de 1940, foi-lhe concedida a cátedra de pintura na Academia de Brera (Milão, 1941). Carrà assinou vários Manifestos Futuristas (v.) e publicou A Pintura Metafísica [La pittura Metafísica].
 
Foram consagradas a Carrà duas grandes mostras retrospectivas: a primeira na Pinacoteca de Brera (Milão, 1942) e a seguinte na Pinacoteca de Roma (1962). Cinco pinturas de Carlo Carrà participaram da Sala Especial: Futurismo, na II Bienal do Museu de Arte Moderna (SAão Paulo, 1953): O Que Me Disse o Bonde (1911, óleo/ tela, 52 cmx 67 cm); Ritmos de Objetos (1911, óleo/ tela, 52 cmx 67 cm); A Mulher e o Absinto (1911-1912, óleo/ tela, 87 cmx 52 cm); A Galeria de Milão (1912, óleo/ tela, 90 cmx 50 cm) e O Cavalo e o Cavaleiro (1914-1915, colagem, 39 x 68 cm, na coleção Gianni Mattioli, Milão). Duas obras da segunda fase de Carrà, Banho de Marinheiros (1935) e O Rio (1950), pertencem ao acervo do MAC-USP. A obra de Carrà Verão [Estate] (1930, óleo/ tela, 166 x 121,5 cm, no acervo do Cívico Museo d'Arte Contemporânea, Milão), participou da mostra Novecento Sudamericano. Relações Artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai, organizada com a curadoria de Tadeu Chiarelli e o apoio do Instituto Italiano de Cultura, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2003).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


CATÁLOGO. II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. São Paulo: EDIAM, 1ª edição, dez., 1953, p. 217.


 
CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J. A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L;. CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.; CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE; MARIA, L. DE; DI MILLIA, G.;FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 441-444.


 
CHIARELLI, T. O Tempo em Suspensão: Presença/ Ressonâncias da Pintura Metafísica e do Novecento Italiano na Arte de Argentina, Brasil e Uruguai. Apud CATÁLOGO. Novecento Sudamericano: Relações Artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai. São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2003, pp. 11, 23



 
READ, H. Histoire de la peinture moderne. Traduction de Yves Rivière. Paris: Aymery Somogy, 1960, p. 128. 

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