terça-feira, 26 de março de 2013

HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX. BIOGRAFIA: JARRY, Alfred (1873-1907).



 
 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES  NO SÉCULO XX. BIOGRAFIA: JARRY, Alfred (1873-1907). 
 



PERFORMANCE:
Rei Ubu, Alfred Jarry 1895, Théâtre de l’Oeuvre, Paris



O escritor e teatrólogo francês nasceu em Laval (Mayenne), mas faleceu em Paris. Jarry tornou-se bastante influente nas vanguardas francesas, através do fascínio que seus escritos exerceram sobre toda uma geração, especialmente sobre o pai do Surrealismo, André Breton. O escritor foi o não-conformista entre os não- conformistas e sua peça mais conhecida, Ubu-Rei (Ubu-Roi, 1895), tornou-se grande sucesso teatral, destacado especialmente entre a intelectualidade francesa.

Jarry foi homenageado até por Pablo Picasso, que desenhou a imagem fantástica do Ubu-Rei; essa peça do vanguardista estreou no Teatro da Obra, de André Antoine, quando causou furor de escândalo (1896). Outra peça, Ubu Acorrentado (Ubu Enchainée, 1900), foi publicada poucos anos depois e resultou não ser menos polêmica do que a obra original. Todas as peças de Jarry foram farsas encenadas com marionetes, nas quais o personagem principal, o Pai Ubu, está envolvido: foram comédias consideradas muito engraçadas.

 

Jarry promoveu o Théâtre des Pantins (1897) e até um Guignol (1901); podemos comparar o espírito que presidiu o Ubu-Rei, com o do personagem brasileiríssimo de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter do livro homônimo de Mário de Andrade. No Brasil o Pai Ubu serviu de inspiração ao músico vanguardista Eduardo Guimarães Álvares, que criou o seu Diário das Viagens Pitorescas de Pai Ubu, que apresentou no Concerto para Percussão e Orquestra, cuja primeira audição realizou-se com a Orquestra Sinfonia Cultura no SESC – Belenzinho, com apresentação do maestro João Maurício Galindo, sendo regente da orquestra o maestro Lutero Rodrigues. Foram solistas do Percorso Emsemble: Eduardo Gianesella, Joaquim (Zito) Abreu, José Carlos da Silva e Ricardo Bologna (São Paulo, 26 de set., 2004).

 

Vários artistas plásticos inspiraram-se no personagem de Jarry, como Max Ernst, que pintor o Ubu Imperador (Ubu Imperator, 1923, acervo do MNAM, Paris), que se encontra reproduzido no catálogo da mostra André Breton, a Beleza Convulsiva (André Breton, La Beauté Convulsive; BEAUMELLE, 1991). Em meados da década de 1930 Picasso produziu vários desenhos e escritos sobre o mesmo tema, que se encontram reproduzidos (ADES, 1978); na mesma ocasião, a fotógrafa Dora Maar, companheira de Picasso, fotografou seu enigmático Ubu-Rei.


O grupo de escritores e artistas Futuristas italianos foi fascinado por Jarry - e não foi para menos, tendo em vista os pontos filosóficos comuns a ambos. Marinetti escreveu a sua peça O Rei Bombance, inspirado no personagem Ubu-Rei, de Jarry. Os escritores trocaram várias cartas: Marinetti conheceu Jarry pessoalmente no período em que o italiano viveu em Paris. Outro Futurista não conformista, Anton Giulio Bragaglia, produziu e encenou a peça de Jarry com tradução de Nino Frank (1926). Jarry tornou-se frequente colaborador da revista Poesia Internacional, editada por Marinetti (Milão, 1905-1909). Logo após a morte de Jarry a revista reproduziu vários trechos traduzidos de Objeto Amado, anteriormente publicado por Guillaume Apollinaire na primeira revista editada por ele, a Festin d'Esope (Festim de Esopo, Paris, 1903-1904).

 
 
Marinetti anunciou em Poesia ter adquirido de Jarry o direito de publicação de todas as suas obras inéditas, mas o projeto não foi adiante. Jarry escreveu Minutos de Areia Memorial (Minutes de Sable Memorial, 1894), César-Anti-Cristo (César-Antecrist, 1895) e Surmale (1905). Breton, grande admirador de Jarry, deixou-se fotografar na rua Alfred Jarry, em Laval, cidade natal do pintor Henri Le Douanier Rousseau; a reprodução dessa fotografia se encontra publicada (BEAUMELLE, 1991). A marionete original de Jarry para o Pai Ubu, encontra-se com sua fotografia reproduzida (PIERRE, 1991).


REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 
 
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., p. 182.
 
 
CATÁLOGO. BEAUMELLE, A. de la; MONOD-FONTAINE, I.; SCHWEISGUTH, C. André Breton: La Beauté Convulsive. Paris: Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, 1991,p. 145.
 
CATÁLOGO. HULTEN, P. (Org.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., p. 494.

 
GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., p. 182.

 
PIERRE, J. L'Univers Surréaliste. Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1983, pp. 231, 315.

 
PROGRAMA. Concertos SESC & Sinfonia Cultura. Re-Percutindo, a Percussão e a Orquestra. São Paulo: SESC - Belenzinho, 2004.

 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX. BIOGRAFIA: MAREY, Étienne-Jules (1830-1904). 

 
 
Primeiro registro da performance da Locomoção Humana, por Étiènne-Jules Marrey (1884). O francês Étiènne-Jules Marrey foi o primeiro a documentar o movimento humano através da dita, Cronofotografia, processo para o qual inventou vários apetrechos que possibilitaram o registro do movimento.
 

 
O cientista francês nasceu em Beaune e faleceu em Paris; Marey foi fisiologista, inventor e precurssor da fotografia científica que ele chamou de Cronofotografia, tirada à partir da observação do movimento de pessoas e animais. No século XIX os primeiros experimentos de Marey foram datados do início da década de 80: foram as fotografias de Marey que causaram sensação na midia de sua época e influenciaram posteriormente as Artes Plásticas. Realizando pesquisas similares, outro precurssor foi o fotógrafo vanguardista Eadweard Muybridge, inglês que viveu na América. O outro fotógrafo foi também observador da locomoção humana e animal e inventor de outros aparelhos fotográficos para registrá-los, diferentes dos de Marey, na pesquisa empreendida sem a metodologia científica empregada pelo francês. No entanto, Muybridge foi o primeiro a fotografar o cavalo no galope como resultado de aposta com o aquele que tornou-se o patrocinador do primeiro livro do fotógrafo inglês, para o qual ele escreveu o prefácio, L. Stanford.

 
As pesquisas de Marey foram amplamente divulgadas no jornal científico A Natureza (La Nature, 1883-1890). Marey publicou o sumário de suas pesquisas com a descrição da metodologia empregada no livro ricamente ilustrado O Movimento (Le Mouvement, , 1884), que se transformou na sensação da época e ficou bastante conhecido nas vanguardas artísticas francesas e internacionais. As fotografias de Marey serviram de fonte de inspiração para as obras do movimento Cubista fancês, especialmente marcantes na série de obras intitulada Nu descendo a escada (n. 01/ 02), de Marcel Duchamp. A pintura que ficou mais conhecida foi a segunda, que causou o maior escândalo quando participou da Exposição da Armada (Armory Show; v. detalhes no meu Blog: <http://arteamericanadsevanguarda.blogspot.com>). Essa foi a primeira mostra das vanguardas artísticas francesas aliadas as norte-americanas, realizada com curadoria de Arthur Garfield Dove (Nova York, 1913).
As pesquisas de Marey, obra de toda sua vida, se tornaram a base para outras obras pictóricas do movimento do Futurismo, notáveis especialmente nas pinturas de Giacomo Balla, como Mão de Violinista e Menina correndo em um balcão (1912, óleo/ tela, 125 x 125 cm, no acervo da Cívica Galeria d'Arte Moderna, Milão) e na pintura Cão andando na coleira, sendo essas as mais conhecidas repercussões das fotografias de Marey no movimento italiano.

O fisiologista inventou vários aparelhos para registrar o movimento, inclusive o dito, Rifle fotográfico, que disparava fotos sequenciais, observando o movimento à partir de um único ângulo e de um único ponto de vista. Marey observou também o movimento de pássaro em vôo, para o qual ele inventou sua máquina voadora, monoplano com dois motores de propulsão que foi determinante no progresso no campo da aviação. A dita, Pistola fotográfica de Marey, permitiu ao cientista tirar 12 fotos sequenciais por minuto (1882). O pesquisador fotografou pela primeira vez todo o movimento do vôo de um pássaro: Marey transformou essas imagens obtidas na escultura tridimensional que ele reproduziu na mesma sequência observada do movimento, obra única, verdadeira escultura científica que se encontra fundida em bronze e em exposição no Museu Marey (Beaune, França).

O cientista foi homenageado com vários filmes sobre sua vida e obra: Marey, o Sábio Muito Desconhecido (Marey, un Savant trop Méconnu, França, 1976), de Pierre Thévenard; no filme Pré-História do Cinema, de Joel Farges, o cineasta apresentou o curta-metragem Étienne-Jules Marey sobre a vida e obra do fisiologista especializado na locomoção humana e animal (França, 1979). O assistente de Marey, George Demeny, inventor do Fonoscope, foi também alvo de homenagem de Farges através do curta-metragem George Demeny (1850-1917): o francês recebeu outra homenagem prestada através do filme Georges Demeny e as Origens Esportivas do Cinema, de André Drevon (França, 1995), documentário sobre esse pioneiro dos registros das imagens em movimento, interessado especialmente nos feitos esportivos. Todos os filmes citados foram projetados no festival Paris 1900, Cinema e Vídeo, realizado no CCBB (Rio de Janeiro, 2002). A Cronofotografia da Locomoção Humana (1886, foto B&P, 9 cm x 25 cm), obra de Marey no acervo do Museu Marey, se encontra reproduzida (GIBSON, 1991).

 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

BONFANTI-WARREN, A. The Musée D'Orsay. New York: Barnes and Noble, 2000. 320p., il., color., p. 245. 25,5 x 36,5 cm.

 
BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from Impressionism to Post-Modernism. London: Thames and Hudson, 1989, 416p.: il., p. 181.

CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., p. 28.


CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., p. 511.
 
DOCUMENTÁRIO.
Paris 1900: Cinema e Vídeo. Rio de Janeiro: CCBB -Centro Cultural Banco do Brasil, 2002.

GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il.


PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau. Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991.

 

segunda-feira, 18 de março de 2013

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SELECIONADAS.


 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SELECIONADAS.
 


CATÁLOGOS RAISONNÉES:

CACHIN, F.; MINERVINO, F. Tout l'oeuvre peint de Picasso, 1907-1916. Introduction par Françoise Cachin; documentition par Fiorella, Minervino. Paris: Flammarion, 1977. 135p.: il. algumas color. - notas gerais – inclui índices; cronologia 23,5 x 31 cm.


CASTLEMAN, R. The Prints of Andy Warhol. Paris: The Cartier Foundation for the Contemporary Art, Flammarion, 1991. 216p.: il.

DAIX, P.; ROSSELET, J. Le cubisme de Picasso: catalogue raisonée de l'oeuvre peint, 1907-1916. Neuchatel: Îdes et Calandes, 1979. 366p.: il.


FELDMAN, F.; SCHELMAN, J. Andy Warhol's Prints, a Catalogue Raisonée 1962-1987. Third Ed. Munich - New York: Shellman Verlag, Ronald Feldman Fine Arts Inc. 1985. 1989. 1997. 143p., il. color 24,5 x 30 cm
 
 
 
SCHWARCZ, A. The Complete Works of Marcel Duchamp. Revised and expandede ed. Vol. one: the text; vol. two:: the Plates, The Souce Material: Critical Catalogue Raisonné,; elements of a descriptive Bibliography of Duchamps´s writings, lectures, translations and interviews; Bibliography, 1969-95; Exibition History, Index. London: Thames & Hudson. New York: Delano Greenidge, 1997. 2 v. (VII, 974p.): il., 26 x 33 cm.
 
 
WALTHER, I.; F., METZGER, R. Van Goghthe complete paintings:. Arles, February 1888. Auvers-sur-Oise, July, 1890. Cologne: Benedikt Taschen, 1993. 02 v., 740p.: il. color. 19 x 24 cm.
            
            
DICIONÁRIOS E ENCICLOPÉDIAS:
BENBOW-PFALZFGRAFF, T.; BERGE, L.; COLLINS, D.; ELERT, N.; FERRARA, M.; HART, K.; MARZUKIEWICZ. M.; TYRKINS, M. International Dictionary of Modern Dance. With a preface by Don McDonald; contributing editor Taryn Benbowfalzgraff; contributing editor Glynis Benbow-Niemier. New York - London: St. James Press, 1998. 891p.: il., retrs.
 
BIRO, A.; PASSERON, R. Dictionaire général du surréalisme et ses environs.:sous la diréction de Adam Biro et René Passeron. Genève – Paris: Office du Livre et Presses Universitaires de France, 1982. 464p.: il.,  retrs.
 
 
BREUILLE, J-P. Le dictionnaire mondial de la photographie : la photographie des origines a nos jours. Sous la direction de Jean-Philippe Breuille. Paris: Larousse, 1994. 735p.: il., retrs. (Dictionnaires specialisés).

CHILVERS, I. The Concise Oxford Dictionary of Art and Artists. Edited by Ian Chilvers. Oxford: Oxford University Press, 1990. 517p. (Oxford reference)

CHILVERS, I. Dictionary of 20th century art. Edited by Ian Chilvers. Oxford: Oxford University Press, 1998. 670p. (Oxford reference)
 
DUDLEY, A; BADARSKY, D. The international Dictionary of Films and Filmmarkers. London: Papermac, 1984.

KENNEDY, M. The Oxford Dictionary of Music. Oxford: Oxford University Press, 1985.

PASSEK, J-L, GUILLEMOT, M. (Coord.). Larousse Dictionaire du Cinéma. Paris: Larousse, 1995. Larousse-Bordas, 1996.
RAPP, B.; LAMY, J-C. Dictionnaire de Films: 10.000 films du monde entier. Paris: Larousse, 1990.
 
SADOUL, G. Dictionnaire des Films: remis à jour par Émile Breton. Paris: Microcosme - Seuil, 1990. 352p., il., retrs. 12 x 18 cm. (Collection microcosme. Dictionnaires, v. 5).

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THOMPSON, K. A Dictionary of Twentieth-Century Composers1911-1971. London: Farber & Farber, 1973. 666p. 16,5 x24,5 cm.

TULARD, J. Dicionário de cinema: os diretores. Tradução de Moacyr.Gomes Júnior. Porto Alegre: L & PM, 1996. 695p.

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LIVROS.
 
 
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ARNASON, H.H.; PRATHER, M.; WHEELER, D. History of Modern Art. 4TH ed. New York: Harry N. Abrams, 1998.

 
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 TEXTOS PUBLICADOS EM ANUÁRIOS, BULETINS, CONVITES E CATÁLOGOS DE EXPOSIÇÕES, FOLHETOS DE MOSTRAS, JORNAIS, REVISTAS, PROGRAMAS DE CINEMA, DE DANÇA E DE MÚSICA, VÁRIAS PUBLICAÇÕES.


AMARAL, G. Um Balé Antropofágico. Apud CATÁLOGO. Fantasia Brasileira. Antropofagia nas Artes Cênicas. São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo, 1998.

 
BARBOSA, A.M. A Cumplicidade com as Artes. Apud: Apud CATÁLOGO. Fantasia Brasileira. Antropofagia nas Artes Cênicas. São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo, 1998.
 
 
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CATÁLOGO. LANCHNER, C.; HAUPTMANN, J.; OFRAN, M. Fernand Léger. New York: MOMA- Museum of Modern Art, Harry N. Abrams, 1998.

 
CATÁLOGO. La Vanguardia Rusa, en las colleciones de los museos rusos, 1905 - 1925. Madrid: Fundación Central Hispano, 1993.

 
CATÁLOGO. Le Sexe dans l'art, Feminimasculin. Paris: Éditions du Centre Georges Pompidou,  1995.

 
CATÁLOGO.LODDER, C.; MILNER, J.; DJAFAROVA, S. (Biogr.). La Vanguardia Rusa, 1905 - 1925, en Las colecciones de los Museos Rusos. Madrid: Fundación Central Hispano, Fondación ELF, 1993.
 
 
CATÁLOGO. Lygia Clark. Rio de Janeiro: Paço Imperial, 1999.

 
CATÁLOGO. OITICICA Filho, César (Cur.). Além do espaço. Hélio Oiticica. Havana – Rio de Janeiro: Bienal de Havana - Centro de Arte Helio Oiticica, 2000.

 
CATÁLOGO. PHILLIPS, L. The American Century, Art and Culture in America, 1950-2000. New York: The Whitney Museum of American Art - W.W. Norton & Co, 1999.

 
CATÁLOGO. Robert Morris. Recent felt pieces and drawings, 1996 - 1997.

 
CATÁLOGO. Surrealismo, Cinema e Vídeo. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2001.

 
D'HORTA, V. Artistas Plásticos no Balé IV Centenário. Apud: Fantasia Brasileira. Antropofagia nas Artes Cênicas, São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo. SESC - Belenzinho, 1998.

 
FOLHETO. HENDRICKS, J. (Cur.). Banco do Brasil Apresenta: O que é Fluxus? O que não é! O porquê. Rio de Janeiro: CCBB/ Centro Cultural Banco do Brasil, The Gilbert and Lila Silverman Fluxus Collection Foundation, 2002.

 
FRY, E. Cubism, 1907 - 1908. Paris: Art Bulletin, n. XLVIII, mars, 1966.
 
 
LISTAGEM GERAL DE OBRAS. Mostra do Surrealismo. Rio de Janeiro: CCBB, 2001.

 
LODDER, C. El arte de vanguardia en Russia, experimento e innovación. Apud: CATÁLOGO. La Vanguardia Rusa, 1905 - 1925, en Las colecciones de los Museos Rusos. Madrid: Fundación Central Hispano, Fondación ELF,
 
 
LODDER, C. The Transition to Constructivism. Apud: CATÁLOGO. KRENS, Thomas; GOVAN, Michael; GUSEV, Vladimir; PETROVA, Evgeniia; KOROLEV, Iuri; WEBER, Jurgen; GRASSNER, Hubert; LODDER, Christina. The Great Utopia. The Russian and Soviet Avant-Garde 1915-1932. Frankfurt: Schirn Kunsthalle. Amsterdam: Stedelijk Museum. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, 1992.

 
LYNTON, N. London Letter. Zurich: Art International, n. V / 10, Christmas, 1961.

 
MILNER, J. Arte, Guerra y Revolucion. Apud: CATÁLOGO. La Vanguardia Rusa, 1905 - 1925, en Las colecciones de los Museos Rusos. Madrid: Fundación Central Hispano, Fondación ELF, 1993.

 
RIBEIRO, M. I. B. (Biogr.) Apud: CATÁLOGO. Fantasia Brasileira. O balé do IV Centenário. Antropofagia nas Artes Cênicas, São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC Belenzinho - XXXIV Bienal de São Paulo, 1998.

 
RICHTER, H.;KUNZ, B. Dadá 1916-1966. Documentos do Movimento Dadá Internacional. Colônia - Porto Alegre - Munique: Instituto Goethe, 1984.

 
VALIM JR., A. R. Ballet IV Centenário: Emoção e Técnica. Apud: CATÁLOGO. Fantasia Brasileira. Antropofagia nas Artes Cênicas, São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo, XXIV Bienal de São Paulo, 1998.

 
 


PERFORMANCES (EUROPÉIAS) (Munique, princípio do século; BAUHAUS, Weimar e Dessau, Alemanha, 1901-1933).

 
Os artistas plásticos, atores e cantores haviam encontrado um meio de apresentar suas performances nos cabarés, na ativa vida noturna das cidades alemãs, especialmente em Munique e Berlim. Os bares e cafés, como o Simplicissimus (Munique), nome homônimo da revista de sucesso publicada na cidade (1895-1944), foram o ponto de reunião dos boêmios, artistas, poetas, escritores e atores. Na época discutiam-se nos cafés assuntos do dia a dia; e, nos diminutos palcos dos cabarés, apresentavam-se mágicos, cantores, dançarinos e atores, com suas apresentações de natureza satírica e cômica. Entre as mais conhecidas, verdadeiro sucesso de escândalo, as de Benjamin Franklin Wedekind. O artista surgiu neste contexto como o maior dos provocadores, abordando nas suas performances assuntos proibidos, e praticando atos libidinosos, de natureza sexual. O artista recebeu vários adjetivos como grande libertino, explorador anti-burguês da sexualidade, além de ameaça à ordem pública. Wedekind atraíu grande público aos cafés nos quais se apresentou somente quando se encontrava descapitalizado para a montagem das próprias peças nos teatros da cidade (v. biografia).


Depois dessa fase na vida alemã, o mais importante performático foi Oskar Schlemmer, que apresentou sua primeira obra no teatro (Weimar, 1915), e se tornou Mestre da Performance na Bauhaus. A performance de Schlemmer, Meta ou lugares da Pantomima, foi apresentada na escola (1924), e, no verão, no Ilm Chalet Gasthaus. A fotografia dessa obra encontra-se publicada (GOLDBERG, 1979). A performance Circus, de Xanti Xavinsky, com ele e Herbert von Fritsch (Georg René Halkett), foi apresentada na Bauhaus: a fotografia da obra se encontra reproduzida (GOLDBERG, 1979). As obras performáticas O Homem e a Máquina e _______________________[Die Abeuteuer des Kleinen Bucklingen] de Kurt Schmidt, sendo a segunda inspirada nas idéias de Heinrich von Kleist do livro Sobre o  Teatro de Marionetes [Über das Marionettenteather] foi encenada por ele e Toni Hergt com direção de Ilse Fehling; sua fotografia se encontra reproduzida (GOLDBERG, 1979).
 
 
Em Dessau, onde o arquiteto Walter Gropius construiu o teatro para a Bauhaus, foi apresentada a performance de Oscar Schlemmer, Dança Mímica II, por ele, Werner Siedhoff e Lothar Kaminsky. A fotografia de Siedhoff se encontra reproduzida (GOLDBERG, 2001). A fotografia de Siedhoff com Schlemmer, e Kaminsky na Dança Mímica II, se encontra reproduzida (GOLDBERG, 2001); a fotografia dos três performáticos atuando em conjunto se encontra reproduzida no catálogo da Bauhaus (Rio de Janeiro, MAM, 1976). A performance de O. Schlemmer, Dança das Caixas, foi apresentada por ele e W. Siedhoff no palco do Teatro da Bauhaus: essa obra, com cenário Construtivista, tem sua fotografia reproduzida (GOLDBERG, 2001). A pantomima Farsa da Escada [Treppenwitz] performance de W. Siedhoff, Andor Weininger, Wolfgang Hildebrandt e O. Schlemmer, sendo Weininger a figura vestida com o figurino do Palhaço musical, tem sua fotografia reproduzida (Catálogo da Bauhaus; GOLDBERG, 2001). A performance de O. Schlemmer Dança com Varas foi encenada por Manda von Kreibig: sua fotografia se encontra reproduzida no catálogo da Bauhaus (v. listagem das principais performances do século XX e Referências Bibliográficas acima).
 

sexta-feira, 15 de março de 2013



 
PERFORMANCES:
 
Rei Nicoló Benjamin F. Wedekind 1901, teatro particular, Munique

O Livro de Pandora, Benjamin F. Wedekind 1904, censurado, Munique

O Livro de Pandora, Benjamin F. Wedekind 1904, no teatro, Viena

Hidalla, Benjamin F. Wedekind 1905, teatro em Munique


 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES  NO SÉCULO XX. BIOGRAFIA:  WEDEKIND, Frank; Benjamin Franklyn Wedekind (1864-1918).


 
 
 
O dramaturgo e ator performático Benjamin Frank Wedekind foi o primeiro a inaugurar a Performance no século XX, considerando esta ação como ato teatral, encenado no palco ou em outro local, sempre na frente do público espectador.

 
Depois vários meses passados na prisão por violação da censura e de curto exílio temporário voluntário em Paris, Wedekind escreveu uma das mais famosas sátiras sobre a vida na cidade de Munique, O Marquês von Keith [Der Marquis von Keith], que ele apresentou no teatro. A peça foi comemorada pelo público com muito riso irônico e grande sucesso. Foi então que Wedekind escreveu Rei Nicoló ou Esta é a Vida (König Nicolò, oder So ist das Leben, 1901), argumento que envolvia suposto rei que, tendo falhado em seu reinado, tornou-se uma espécie de bobo da corte que entretinha o usurpador de seu próprio trono. Esta foi mais uma das peças de Wedekind censurada pelos oficiais do Kaiser Guillerme II da Prússia; seus editores também censuraram-no e cortaram textos das peças publicadas.


Wedekind produziu então seu maior sucesso, a peça O Livro de Pandora (Die Büchse der Pandora, 1904), que encenou em Munique. A peça foi censurada, o que levou Wedekind a ser novamente processado, o que, por sua vez, elevou sua popularidade entre seu público. O diretor Hugo Ball, que nesta época frequentava o Café Simplicissimus, comentou que a vida da cidade revolvia-se inteiramente em torno do teatro. Para fugir de mais uma temporada na prisão, Wedekind saiu da Alemanha, e levou aos palcos austríacos esta peça teatral (Viena, 1904). No ano seguinte, Wedekind escreveu Hidalla (1905): uma fotografia do artista atuando nesta peça encontra-se publicada (GOLDBERG, 1989).


 
Wedekind tornou-se crítico mordaz das elites de sua época e, por este motivo, foi incensado pelas vanguardas no mesmo período. O artista criou performances radicais em palco intimista, inclusive, segundo comentário de Hugo Ball, publicado (GOLBERG, 1989), ele produziu apresentações nas quais urinou e masturbou-se no palco. Na época, a moral germânica estava acorrentada aos preceitos morais e religiosos dominantes do Protestantismo, que fez com que as constantes proibições da censura às peças de Wedekind fizessem aumentar ainda mais a popularidade do artista. As peças controversas, censuradas durante a vida do autor, tornaram Wedekind excluído, marginal, na época em que o papel do artista na sociedade alemã era considerado insignificante.


REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 

GOLDBERG, R. Performance Art: from Futurism to the Present. London: Thames and Hudson 1989,2001. 206 p., il,. algumas color.,pp. 50-54. 15 x 21 cm. (world of art).



GOLDBERG, R.; ANDERSON, l. (Foreword). Performance: live art since 1960. New York: Harry N. Abrams, 1998. 240p.: il,. pp. 65, 77. 26 x29 cm.

segunda-feira, 4 de março de 2013

ARTE CORPORAL E DE MOVIMENTO:

ARTE CORPORAL [BODY ART], DANÇA, ACONTECIMENTOS [HAPPENINGS] E PERFORMANCES.



1.0 O que é o corpo? Como podemos defini-lo?



2.0 O que é Cultura?

 
 
3.0 O que é a Arte Corporal? O que é Happening? O que é Performance? O que é Dança ou Arte do Movimento?
 
 

4.0 Pequena história da Arte Corporal no século XX.

 
 
5.0Performances na América à partir da década de 1950.

 
 
6.0 Arte Corporal na América na década de 1960.


7.0 As Performances européias.

 
8.0 Conclusão.
 
 
 
9.0 ANEXO 01: Listagem dos principais Movimentos e Grupos da Arte citados acima.

10.0 ANEXO 02: Listagem dos principais Eventos Performáticos Futuristas, Dadaístas e realizados na Bauhaus, entre outros.

 
11.0 Referências Selecionadas  (v. acima).

 

sábado, 2 de março de 2013


1.0 O que é o corpo? Como podemos defini-lo?


      O ser é corpo (Heráclito).


     O corpo humano é um sistema bioenergético, dialético, formado de ossos, músculos, nervos e articulações, que apresenta diferentes sistemas de funcionamento. Os seres humanos nascem do ato de concepção de um pai e de uma mãe, que marcam certas características pessoais em cada ser através da transmissão de sua herança genética e transgeracional. Desde que a vida humana começa, também somos produtos do meio no qual estamos inseridos, produtos de uma evolução não somente biológica, mas também cultural e histórica. Desde o começo da formação e evolução do corpo biológico, o meio cultural começa a se opor ao mesmo.


2.0 O que é a cultura?


A cultura é um sistema simbólico originado na mente humana e que se desenvolve como sistemas estruturais (LÉVI-STRAUSS, 1976).


 
     O que é a cultura? A cultura é o que diferencia os diversos seres humanos. O conceito de cultura é discutido nas ciências sociais e se refere aos diversos sentidos, desde as produções intelectuais e artísticas até o modo de vida seguido em vários meios sociais. As diversas opções culturais promovem mudanças comportamentais que existem em vários grupos humanos; biologicamente o ser humano se forma do mesmo modo e apresenta os mesmos sistemas de funcionamento. Na diversidade cultural é que o ser humano encontra as suas diferenças fundamentais. O ser humano é produto de sua evolução biológica, histórica e de sua cultura.  


     Antigamente o termo cultura vinha sempre acompanhado de um complemento: cultura das ciências, cultura das artes, sempre sugerindo a idéia do cultivo do ego em um determinado campo, em em uma determinada direção. Pouco a pouco a cultura foi se libertando desses atributos, passando a designar um determinado estado de espírito adquirido através da instrução. Assim, dentro da  análise contemporânea de cultura nas ciências sociais, coexistem duas concepções, sendo uma particularista e outra universalista. O processo de desenvolvimento intelectual, espiritual e estético configura um campo de distinção social, no qual podemos encontrar a baixa e a alta cultura. A baixa cultura seria a do indivíduo que não foi educado; a alta cultura refere-se a do ser humano que recebeu educação esmerada. O termo cultura fica também atrelado à sua evolução histórica, sendo que toda a cultura se refere a um local e a um espaço de tempo determinado. A cultura define a identidade de diferentes agrupamentos humanos e promove a sua identidade cultural e social, além de definir como as pessoas deste grupo devem ser e agir. A cultura também é um jogo de poder. 

 
     A cultura produz significados nos quais diferentes grupos sociais situados em posições diferenciadas de poder lutam pela imposição de seus significados à sociedade mais ampla (HALL, 1997).

3.0 O que é a dita, Arte Corporal? O que é Happening? O que é Performance? O que é Dança ou Arte do Movimento?

 
          Quer se trate do corpo de outrem ou quer se trate do meu, não tenho outro modo de conhecer o corpo humano senão vivê-lo (MERLEAU-PONTY).

 

     A dita, Arte Corporal ou Arte do Corpo [Body Art] utiliza o corpo como suporte da obra, ou seja, o corpo torna-se parte intrínseca da obra, e a obra de arte se desenvolve sobre, ou mesmo dentro do corpo. Em diversas ocasiões a Arte Corporal envolveu acontecimento espontâneo ocorrido em uma única ocasião [Happening]; ou Performance, quando ocorreram  acontecimentos especiais provocados pelo artista, que controlou e dirigiu o evento. No segundo caso os eventos podem sem repetidos, como, por exemplo, no caso da peça teatral. Esses eventos, tanto nos improvisados ao sabor do momento (Happening) quanto nos planejados (Performance), devem obrigatoriamente ter a participação do espectador, sempre desejada, tanto na forma espontânea ou com convidados do artista. É imprescindível a presença do público.

 

     Na década de 1960 quando ocorreu grande virada cultural, a Arte do Corpo [Body Art] escancarou as fronteiras da arte contestatória e vanguardista; depois do seu aparecimento, todo e qualquer suporte tornou-se válido como meio de expressão da arte das vanguardas mundiais. Os eventos rapidamente atravessaram as fronteiras internacionais e foram liberadores do corpo; isto se deu marcantemente devido ao surgimento de novas formas de expressão envolvendo o corpo e seus movimentos, como as coreografias inovadoras na dança (Cunningham), a anti-música (Cage, La Monte Young), e as artes de um modo geral, especialmente a Performance e a Arte Corporal (Rauschenberg, Morris) 

 

     No caso das Artes Corporais e do Movimento, o artista é o orquestrador e diretor da ação, e tanto pode utilizar seu próprio corpo como meio de expressão de sua arte, bem como o corpo de outra(s) pessoa(s) ou de animal, vivo ou morto. O artista das vanguardas européias Joseph Beys utilizou o corpo de lebre morta em uma de suas primeiras performances, na obra Como explicar quadros a uma lebre morta? (Dusseldorf, 1965). E, o mesmo artista utilizou um coiote vivo na Ação coiote: eu amo a América e a América me ama [L'Action Coyote: I like America and America Likes me], performance realizada em galeria de arte (Nova York, maio, 1974). A ação foi considerada pela critica modelo de Performance, analisada em todos os sentidos do termo: o artista permaneceu fechado no mesmo recinto algumas horas por dia com o animal selvagem  (coiote), no local cercado às vistas do público. No século XX outros animais, como cavalos, também foram utilizados em performances: como exemplo de performance radical, o austríaco  Herman Nitsch estripou carneiros ao vivo no palco teatral.

 

     Outro artista destacado europeu, precursor, foi o francês Yves Klein, quem primeiro utilizou o belo corpo de modelos nuas para pintar suas telas, na Antropometrias da Época Azul (1960; Anthropometries de L’Époque Bleue), performance realizada na Galeria International de Arte Contemporânea (Paris, 1961). Foi escândalo mundial que hoje, tendo em vista a radicalização das Artes Corporais e Performáticas, que até incluíram o ato sexual (Carolee Schneemann, documentado em vídeo), fazem com que hoje a performance revolucionária de Klein pareça brincadeira: a modelo, com o corpo cheio de tinta dita, Azul Klein, rolando nua sobre a tela. A fotografia do artista vestido com terno formal, dirigindo com delicadeza sua modelo que está nua, ajoelhada sobre a tela, encontra-se reproduzida (PHILLIPS, 1999). Várias outras fotografias foram publicadas no catálogo da mostra O Sexo na Arte Feminimasculino [Le Sexe dans l'art, Feminimasculin], realizada no MNAM (Paris, 1991). Klein caracterizou sua arte pictórica e performática com a utilização do tom especial de azul profundo que ele pesquisou com ajuda de quimico; e grande parte de suas obras foi marcada por esta cor diferenciada. Face às radicalizações posteriores e perto de outras performances de Arte Corporal de natureza bem mais pesada, violenta e mesmo pervertida, citando como exemplos as Performances do grupo inglês Coum Transmissions, ou ainda a dos performáticos extremados do Wienner Aktionismus [Grupo Vienense de Ação].

 
Outro precursor foi o amigo de Klein, o italiano Piero Manzoni, que assinou como sua obra o corpo de modelo nua. A fotografia do evento se encontra reproduzida (GOLDBERG, 2002). Manzoni também vendeu seu Sopro de Artista (ARCHER, 2002: 33), e a obra mais radical, Merda de Artista [Merde d’Artiste], que ele enlatou e comercializou. Infelizmente, tanto Klein como Manzoni morreram muito cedo, eles que foram verdadeiros renovadores da estética das vanguardas Ocidentais, revolucionários da Arte Corporal.

 

A arte pictórica dos Expressionistas Abstratos norte-americanos foi considerada performática: o exemplo principal é a obra do mais conhecido deles todos, Jackson Pollock. A superfície de grandes dimensões da tela foi arena a ser domada: colocada no chão, o artista rodeava a mesma lançando com auxílio de pincel ou outro artefato pingos controlados de tinta sobre a tela, na técnica chamada de Gotejamento de tinta controlada [Dripping]. Até conseguir o efeito desejado Pollock inutilizou muitas telas, que ele destruiu; sua esposa, a também pintora Lee Krasner, trabalhou para sustentá-lo até que Pollock adquirisse o domínio e mesmo a maestria dessa técnica inovadora. O artista norte-americano desenvolveu a técnica a partir de idéia pioneira de Max Ernst, o primeiro a se utilizar desta técnica de pintura. O alemão passou temporada na América durante o período da II Guerra Mundial (1939-1945):  ele casou-se e divorciou-se de Peggy Guggenheim.
 
Outros artistas da segunda geração dos Expressionistas Abstratos, tais como Morris Louis e Helen Frankenthaller também realizaram atos performáticos ao pintarem suas obras, telas de grandes dimensões. No entanto podemos discutir esse caso separadamente, já que o ato criador desses artistas dispensou a presença do público, foi realizado sempre em recinto privado e sem espectadores; não se caracteriza exatamente como Performance, no sentido mais amplo e específico do termo.

 

4.0 Pequena história da Arte Corporal no século XX.

 
     As técnicas que possibilitaram a industrialização da fotografia fizeram a grande diferença no registro das atividades humanas. Um dos primeiros cientistas a se debruçar no estudo da locomoção humana foi o francês Éienne-Jules Marrey. Ele foi o primeiro a documentar o movimento humano através da dita, cronofotografia, processo para o qual inventou vários apetrechos que possibilitassem o seu registro do movimento. O livro que publicou se tornou bem influente sobre as vanguardas européias de modo geral (1885-). Marrey tornou-se um dos precurssores da aviação devido aos instrumentos que inventou para documentar o vôo de um pássaro: suas idéias e experiências se encontram no museu a ele dedicado (Museu Étienne Jules Marrey, em Beaune, França).
 
Menos cientista e mais fotógrafo que o seu colega francês, o inglês Edweard Muybridge, foi quem registrou fotograficamente  na América o galope de um cavalo, resultado de aposta com o governador da Califórnia: ele comprovou que, durante o galope, o cavalo retirava as quatro patas do chão.
 

 Entre os primeiros artistas performáticos a se manifestarem no começo do século XX incluímos os Futuristas italianos. Liderados pelo ricaço F. T. Marinetti, que, a partir de Milão desenvolveu as sua dita, Noitada Futurista [Serrate Futurista], quando os poetas, escritores e artistas plásticos se apresentaram em ações espontâneas nos palcos dos teatros italianos. Depois da publicação do Manifesto do Teatro do Instante, os artistas passaram a realizar as chamadas Sínteses Teatrais, ações performáticas planejadas, com apenas alguns minutos de duração: sabemos que foram mais de 500 as apresentações destas rápidas performances teatralizadas.

 

Os Futuristas queriam mudar o mundo: eles desfilaram nas ruas com coletes bordados na sua nova estética, criados por um dos artistas mais talentosos, Fortunato Depero; e se dedicaram ao cinema, apresentando Thais (Roma, 1916), um dos primeiros filmes Futuristas, dirigido por Anton Giulio Bragaglia. A cenografia e figurinos foram de autoria de Enrico Prampolini, e, no verão seguinte o filme foi distribuído na Itália e exterior (1917). Não foi o único, mas todas as cópias de todos os quatro filmes Futuristas se perderam e não restou nenhum exemplo desse tipo de filme para a apreciação das gerações futuras.

 

   Um grande cenógrafo foi Anton Giulio Bragaglia, que modificou a estética cenográfica européia: inclusive ele projetou  cenário para a música Fogos de Artifício de Igor Stravinsky, na récita patrocinada por S. P. Diaghilev para os Balés Russos, sem a presença de bailarinos, mas apresentando cenografia e iluminação inovadora e fogos de artifício (Roma, 1917).

 

  Picasso, depois que perdeu seu grande amor, Marcelle (1914), reuniu-se e viajou com os Ballets Russes de S. P. Diaghilev, para o qual projetou vários cenários e figurinos: o primeiro foi para Parada [Parade], com música de Eric Satie. Os seus figurinos para o Costume de manager americano e para o Costume de manager francês foram gigantescos e empacotavam os dançarinos, que mal podiam se mexer com tais trajes: quando o balé foi apresentado, tratava-se de Parada, apresentando diversos personagens. Depois da apresentação o público ficou esperando começar a dança, o que não ocorreu: as vaias foram imensas e o sucesso foi de escândalo.

 

Picasso desenhou cenários e figurinos para alguns balés encenados pela companhia do Marques de Beaumont, nobre bem sucedido e bem posicionado socialmente, que realizou alguns espetáculos como Salada (Salade, Paris; 1924-1925). Picasso desenhou para os Balés Russos o espetáculo O Tricórnio [Le Tricorne], também denominado O chapéu de três pontas [El sombrero de tres Picos], com libreto de Martinez Sierra baseado no relato de Alarcón, O Corregedor e a Moleira [El corrigidor y la Molinera], encenado com música do espanhol Manuel de Falla, que estreou com muito sucesso nos palcos londrinos (1919). O artista realizou cenografia e figurinos para a obra O Bufão, realizada com guitarristas ciganos na performance para os Balés Russos de Diaghilev.    

 

 Os Dadaístas reunidos em Zurique também se apresentaram nos palcos: o primeiro foi o do Cabaré Voltaire, com a apresentação da poesia Karawane, recitada por seu autor Hugo Ball, vestido com costume de papelão de Sophie Taeuber (depois S. Arp). Muitas poesias ditas, simultâneas, foram apresentadas em performances com várias vozes, até 20 vozes simultâneas, realizadas nessa fase do movimento Dadá (1916-1919). Alunas da escola de Rudolf von Laban, entre elas Sophie Taeuber (depois Arp),  dançaram Noir Cacadu no palco do Cabaré Voltaire, entre outra apresentações performáticas realizadas na Galeria Dadá (1916-1917).

 

No começo da década de 1920, a pedido de André Breton, o principal Dadaísta de Zurique, o poeta romeno Tristan Tzara levou o Dadá para Paris. Na capital francesa foram feitas várias performances na dita, Noite Dadá [Soirée Dada], como a apresentada na Sala Gaveau (16 maio, 1920). O Dadaísmo parisiense perdurou poucos anos (1920-1923) e foi substituído pelo Surrealismo (1924-), não sem antes produzir grande cisão entre Tzara e Breton, que provocou muitos incidentes lamentáveis.

 

Desde as primeiras décadas do século XX, Paris esteve sempre no olho do furacão e se transformou na capital cultural européia: nos seus palcos se apresentaram os Balés Russos, dirigidos por Sergey P. Diaghilev (1909-1929) e os Balés Suecos companhia de Rolf de Maré (Paris, 1920-1924). Entre os russos foram incontáveis os artistas, músicos, cenógrafos e figurinistas, dançarinos e performáticos que se destacaram: o melhor da criatividade esteve presente nos palcos europeus e norte-americanos quando a companhia excursionou e, inclusive, se apresentou em Buenos Aires e São Paulo (1916-1917).

 

Quanto aos Balés Suecos, o espetáculo mais original foi Relâche, dito, Balé Instantâneo em dois atos, com entreato cinematográfico e a cauda do cachorro de Francis Picabia, apresentado com música de Eric Satie, cenário de Picabia e, no intervalo o filme Entreato [Entr’acte] com argumento de Picabia, mas dirigido por René Clair. A principal estrela do espetáculo foi Jean Borlin, talentoso bailarino e coreógrafo da companhia sueca; como cenário de sua obra vanguardista Picabia colocou 300 refletores voltados para o público, ao qual recomendou que trouxesse seus óculos escuros e algodão para tampar os ouvidos, devido à música de Eric Satie, que utilizou barulhos de trens e máquinas, inclusive a de escrever. Na estréia teatral Marcel Duchamp e a Sra. René Clair fizeram a rápida aparição reproduzindo o quadro Adão e Eva (de Lucas Cranach), tal qual vieram ao mundo (Paris, dez., 1924). O filme de Clair – Picabia foi apresentado na mostra Cinema e Vídeo: Surrealismo no CCBB (Rio de Janeiro, 2001).

 

Espetáculo inesquecível foi Escultura Negra [Sculpture Nègre], balé de Jean Börlin com costumes de Paul Colin, o inventor da malha colante, música de Francis Poulenc e coreografia de Jean Borlin, com estréia parisiense nos Balés Suecos (25 mar., 1920). Outro espetáculo original dessa companhia de dança foi A Criação do Mundo [La Création du Monde], balé com libreto de Blaise Cendrars, música de Darius Milhaud, cortina, cenários e figurinos de Fernand Léger, cenários pintados por Michel Guérin e costumes executados por Muelle; coreografia de Jean Borlin. Tarsila do Amaral foi convidada de B. Cendrars para a estréia do espetáculo parisiense (1923).

 

Antecedendo o Surrealismo, os mesmos Balés Suecos apresentaram A Casa dos Loucos [La Maison des Fous], com argumento de Jean Borlin, cenografia e figurinos do sueco artista plástico Nils Dardel, com música de Inghelbrecht e orquestra sob a regência de Nils Gravilius da Ópera Real de Estocolmo. Muito original foi o espetáculo criado pelo ícone das vanguardas parisienses, Jean Cocteau, que também foi seu narrador: Os Noivos da Torre Eiffel [Les Marriés de la Tour Eiffel], que apresentou a música do Grupo dos Seis, cenários e costumes de Irene Lagut e máscaras extraordinárias de Jean Hugo e Valentine Gross (depois V. Hugo).

 

O cinema mobilizou artistas das vanguardas francesas: Cocteau foi criador de vários filmes, nos quais ele também atuou: um exemplo foi Le Sang d´un Poéte [O sangue de um poeta]. O filme foi Surrealista, pois vários personagens evocaram os temas e obsessões do autor (1930). O filme foi projetado no Festival Surrealismo: Cinema e Vídeo (no CCBB – Rio de Janeiro, 2001). Outro artista visual francês que se dedicou ao meio cinematográfico foi Fernand Léger, que filmou o curta-metragem Balé mecânico [Ballet mécanique], apresentado com grande première: o filme não tem cenário e não conta história. Foram seus fotógrafos Man Ray e Dudley Murphy e a música foi composta pelo norte-americano que vivia em Paris, George Antheil.

 

O teatro e o cinema mobilizaram artistas russos: os primeiros vanguardistas a aparecerem no cinema russo foram Mikhail Larionov e Natália Gontcharova, que aturam no primeiro filme das vanguardas russas, Mistério no Cabaré 13 (Moscou, 1913). O vanguardista russo Mikhail Larionov, artista provocador e contestador, juntamente com seu colega Ilya Zdanevich, publicou na revista Argus (Moscou, 1913) a fotografia da primeira manifestação de Arte Corporal [Body Art] das vanguardas internacionais, da qual participaram vários artistas plásticos que saíram à rua com o rosto pintado com símbolos abstratos. Somente alguns artistas das vanguardas russas aderiram a idéia da pintura corporal; participaram do grupo Natália Gontcharova, Maurice Fabbri, Mikhail Le Dantu, os irmãos Nicolay e David Burliuk, e Alexey Khuchenykh que apareceram na fotografia posada, juntamente com Maria Tomilina Larionova (Riga, 1910). Esta fotografia histórica se encontra reproduzida (KOVTUN, 1983). O vanguardista, escritor, performático, figurinista e poeta Vladimir V. Maiakovsky participou de algumas dessas manifestações de Arte Corporal: a sua fotografia acompanhado de seu amigo David Burliuk com o rosto pintado se encontra publicada (KRENS, 1992; e POMORSKA, 1993).

 

O cinema e o teatro continuaram mobilizando as vanguardas russas: Vladimir Maiakovsky desenhou figurinos para sua peça teatral, O Mistério Bufo e, no mesmo ano, atuou no filme Não nascido para o dinheiro (Moscou, 1918). A peça O Magnânimo Cuco (Crommelynck), com cenário Construtivista, foi encenado nos palcos moscovitas (1922).