terça-feira, 27 de outubro de 2015

BIOGRAFIA: BRECHERET, Victor; Vittorio Brecheret (1894-1955).

BIOGRAFIA: BRECHERET, Victor; Vittorio Brecheret (1894-1955). Brecheret nasceu em Farnese de Castro, província de Viterbo, na Itália e morreu em São Paulo; ele veio para o Brasil com menos de dez anos de idade. Durante muitos anos o futuro artista ocultou sua nacionalidade italiana, por ter conseguido documentação brasileira, adotando o nome de Victor Brecheret. Seu tio, Enrique Nanni, também italiano e dedicado à arte da fundição, originário da mesma região de Viterbo, incentivou o futuro artista, que estudou no Liceu de Artes e Ofícios (São Paulo), e voltou a estudar na Itália (1913), aluno do escultor Arturo Dazzi (1881-1966). Brecheret expôs no Salão dos Escultores Amadores (Roma, 1918). O artista voltou ao Brasil (1919), passando a trabalhar na dependência do Palácio das Indústrias; sua familia tornou-se fabricante de sapatos (São Paulo). Brecheret expôs sua maquete do Monumento ás Bandeiras, na Casa Byington (São Paulo, julho, 1920), obtendo crítica favorável. No ano seguinte o artista expôs no mesmo local sua escultura Eva, que fora apresentada em sua mostra italiana; a prefeitura de São Paulo adquiriu a obra do artista. Brecheret foi descoberto pelo futuro grupo dos modernistas (1920), do qual participaram Oswald de Andrade, Emiliano Di Cavalcanti, Menotti del Picchia e Helios Selinger, tornando-se um dos inspiradores do movimento. O artista foi premiado com o Pensionato do Governo do Estado de São Paulo, que permitiu-lhe estudar cinco anos na Europa. Brecheret partiu para Paris devido ao prêmio, deixando com os organizadores da Semana de 22 as obras que participaram, inclusive seu polêmico Cristo com trançinhas, que depois Mário de Andrade (1880-1945) adquiriu para sua coleção, hoje no acervo do IEB - Instituto de Estudos Brasileiros, na USP. Brecheret conheceu em Paris a obra do romeno Constantin Brancusi (1876-1957), que o influenciou; ele participou da sala intitulada Templo da Minha Raça, no Salão de Outono (Paris, 1923). O Museu Jeu de Paume adquiriu grupo esculpido em granito de Brecheret, condecorado pelo governo francês com a Legião de Honra. Brecheret regressou definitivamente ao Brasil (1937); suas esculturas participaram dos Salões de Maio em São Paulo, do I (1937); do II (1938) e do III (1939). Somente então o artista iniciou a execução de seu projeto do Monumento às Bandeiras, inaugurado, não sem grande polêmica, no IV Centenário da Cidade de São Paulo (1954). Brecheret participou da I Exposição da SPAM - Sociedade Pró-Arte Moderna (São Paulo 1933); recebeu o prêmio de melhor escultor nacional na I Bienal Internacional de São Paulo, no Museu de Arte Moderna (São Paulo, 1951). O artista foi homenageado com sala especial na IV Bienal de São Paulo (1957). As esculturas de Brecheret foram incluídas na mostra Arte Moderna no Brasil, itinerante por Buenos Aires e Rosário, Santiago e Lima (Argentina, Chile e Peru, 1957); a sua importante retrospectiva ocorreu no Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado (1969). As obras de Brecheret encontram-se nos mais importantes museus brasileiros, como o Museu de Arte Assis Chateaubriand e no MAC - USP, onde estão suas Três Graças (c. 1930, terracota, 106 cm x 42 cm x 50 cm); Mãe Índia (c. 1948, terracota, 43,5 cm x 12,2 cm x 14 cm); Luta de índios Galápagos (1951, terracota, 85 cm x 185 cm x 31 cm); e Índio Suassapara (1951, bronze, 79,5 cm x 101,8 cm x 47,6 cm), reproduzida (Grove, 2000). O artista possui obras em diversas coleções particulares e seu belíssimo Monumento ás Bandeiras, talhado à mão em granito cinza, tornou-se marco na paisagem paulista, situado na entrada do Parque do Ibirapuera, um dos locais privilegiados e agradáveis da cidade de São Paulo. A belíssima escultura de Brecheret, em mármore bege leitoso italiano, Don Cósimo (72,5 cm x 35 cm x 14 cm) foi apresentada na mostra da Coleção Fadel, no CCBB (Rio de Janeiro, 2002). AMARAL, A., op. cit., p. 227 BARBOSA, (1993), p. 64. TURNER & GROVE, (2000), p. 129.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

1867-1872 GRUPO DOS MANCHISTAS OU GRUPO (FLORENTINO) DOS PINTORES DE MANCHAS [MACCHIAIOLLI] [Macchia = mancha] (Florença, Itália),

1867-1872 GRUPO DOS MANCHISTAS OU GRUPO (FLORENTINO) DOS PINTORES DE MANCHAS [MACCHIAIOLLI] [Macchia = mancha] (Florença, Itália), Destaques; FATTORI, Giovanni e Silvestro LEGA. Na segunda metade do século XIX, o Grupo dos Pintores de Manchas [Macchiaiolli], foi o mais importante da nascente vanguarda italiana. Participaram desse grupo os pintores que desejavam se libertar do Academicismo, buscando novas maneiras de se expressar na arte. No início das atividades do Grupo dos Manchistas, o significado da mancha [macchia] nas suas pinturas marcava o retorno ao Realismo. O movimento do Grupo dos Pintores de Manchas se desenvolveu com a dita, Escola Pergentina [Scuola Pergentina](v.) quando os artistas amadureceram o novo estilo e alcançaram novo modo de se expressarerm (c. 1862-1867). Os Pintores de Manchas tinham origens diversas, vieram de diversas regiões do país: eles costumavam se reunir no Caffé Michelangelo (Florença). Telemaco Signorini (1835-1901) escreveu e publicou a história do movimento no livro Caricaturistas e Caracturizados do Café Michelangelo (1867). O Grupo manchista foi influenciado pela pintura do francês Edgar Degas, que passou quatro anos na Itália, quando viveu prolongado período com sua tia, a Condessa Laura Belleli, residente em Florença; e com seu pai, residente em Nápoles. Degas conheceu, influenciou e foi influenciado por vários artistas desse grupo das vanguardas italianas, cuja pintura foi a mais próxima da estética do Impressionismo na França. Entre os artistas plásticos que a crítica de arte italiana incluiu na categoria manchista se encontram os nomes como do pintor e escultor Adriano Cecioni (1836-1886), que, juntamente com Giovanni Costa ( , Serafino de Tivoli (1826-1892) e Telemaco Signorini (1835-1901), passou temporada em Paris onde recebeu a influencia direta de artistas franceses. Quando os artistas do Grupo dos Pintores de Manchas visitaram Paris, entraram em contacto com as pinturas do Grupo da Escola de Barbizon [École de Barbizon] (v.), destacadas na Exposição Universal (1855). Os artistas conheceram as obras e teorias do Realista (Verista) Gustave Courbet, que montou o dito, Pavilhão Realista do lado de fora dessa mostra, quando distribuiu o texto que ele escreveu, de grande repercussão entre os artistas europeus. No grupo dos Manchistas Lega foi o pintor mais rigoroso; outros, como Cecioni e Signorini, foram mais reflexivos, críticos, teóricos e propagandistas do movimento. A pintura de Signorini foi analítica; diferente de Lega o artista pintava sem ultrapassar o real na sua arte, apresentando nas obras sentido construtivo, enérgico. Os quadros mais conhecidos de Signorini foram A Sala das Loucas, A Penitenciária de Portoferraio, além da pintura intimista Toilete Matinal, lembrando a temática dos Impressionistas franceses. Signorini, depois que se libertou do Academicismo, passou a freqüentar o Caffé di Via Larga (Veneza), onde ele contatou artistas toscanos e venezianos que o influenciaram. Entre os mais importantes participantes do Grupo dos Pintores de Manchas [Macchiaiolli], os napolitanos Savério Altamura (1822-1897), Domenico Morelli (1826-1901), Giuseppe Polizzi e o toscano Serafino de Tivoli Giovanni Costa . Entre os pintores mais destacados Giuseppe Abbati (1836-1868) e Giovanni Fattori (1821-1908): entre os mais importantes artistas associados Vito D'Ancona , Giovanni Boldini (1842-1931), Odoardo Borrani , Giovanni Bortolenna , Vicenzo Cabianca , Silvestro Lega e Rafaello Sernesi ( (v. o Grupo (Lombardo) do Impressionismo Italiano (Lombardia.c. 1874-1885); v. o Grupo (Milanês) do Impressionismo Italiano ou Grupo (Milanês) do Oitocento, ou o Grupo da Scapigliatura Milanesi (Milão, c. 1848-1898); v. o Grupo (Napolitano) do Impressionismo Italiano ou Grupo (Italiano) da Escola Napolitana, ou da Escola de Resina ou da República de Portici (Portici, na região próxima a Nápoles, Itália, c. 1864-); v. o Grupo (Toscano) do Impressionismo Italiano ou Grupo (Italiano) da Escola Toscana, ou da Escola Pergentina ou da Stanze dei Risorti (Pergentina, região Toscana, próxima a Veneza, norte da Itália, c. 1862-); v. o Grupo (Napolitano) do Impressionismo Italiano ou Grupo (Italiano) do Impressionismo da Escola de Paisagem ou da Escola de Staggia (Staggia, cidade da Província de Siena ao norte da Itália, c. 1854-); ALBINI, C. Les Arts Plastiques en Italie, de 1860 a 1943. Traduction de Maria Brandon-Albini. Paris: Ed. Entente, 1943, pp. 31-34,53-66. DINO, P.; BORGIOTTI, M. (Introd.) Movimenti Pittorici Italiani dell' Ottocento. Milano: Alfieri & Lacroix, 1966, pp. 05-15.

domingo, 18 de outubro de 2015

1854-1874 PANORAMA DA ESCOLA (ITALIANA) DE PAISAGEM OU ESCOLA DE STAGGIA [SCUOLA DI PAESAGIO OU SCUOLA DI STAGGIA] (Staggia, cidade da Província de Siena ao norte da Itália).

1854-1874 PANORAMA DA ESCOLA (ITALIANA) DE PAISAGEM OU ESCOLA DE STAGGIA [SCUOLA DI PAESAGIO OU SCUOLA DI STAGGIA] (Staggia, cidade da Província de Siena ao norte da Itália). Destaques: TIVOLI, Serafino e Francesco Saverio Altamura. O grupo se formou em torno de Serafino de Tivoli (1826-1892), pintor de Livorna que chegou a Florença juntamente com Francesco Saverio Altamura (1822-1918), vindo de Nápoles. Altamura tinha adquirido com Gabriele Smargiassi (1798-1937), a experiência da pintura de paisagem. Nessa fase, muitos dos artistas italianos convergiram para Florença, para escapar do ambiente pesado e persecutório da Casa dos Bourbon, que reinava na região sul da Itália. Depois da Restauração, a Casa de Lorena permitiu um clima de maior liberdade artística, na época em que os artistas se transferiram para Florença e Veneza (c. 1850). O grupo dos artistas italianos se reunia no Café Michelangelo, quando debatia os problemas da arte de seu tempo. Domenico Morelli (1823-1901), outro napolitano que foi viver em Florença, e que, juntamente com Altamura e seu colega napolitano, Bernardo Celentano (1835-1863), se tornaram o maior sucesso da 1ª Exposição Italiana (Florença, 1861). O grupo dos paisagistas de Staggia (1854-) foi impulsionado por Serafino de Tivoli, que arrastou seus companheiros para viagem a Paris, ocasião em que eles visitaram a Exposição Universal (1855) e, o dito, Pavilhão Realista de Gustave Courbet (Jean-Desiré-Gustave Courbet, 1819-1877). As pinturas do artista francês, inscritas para participarem oficialmente da exposição, foram recusadas pelo comitê de seleção. Courbet organizou seu estande debaixo de muitas críticas do lado de fora da mostra, local em que o artista apresentou vários de seus quadros recusados nos sucessivos salões oficiais de arte. Para o catálogo dessa mostra, o artista escreveu seu conhecido texto Arte Viva [Art Vivant). Os paisagistas italianos da Escola de Staggia foram influenciados pela arte e teorias desse mestre do Realismo nas vanguardas francesas. REFERÊNCIAS SELECIONADAS: Albini, C. (1943). Les Arts Plastiques en Italie, de 1860 a 1943. Paris: Éditions Entente, pp. 31-34, 53-66. Dino, P. (1966). Movimenti Pittorici Italiani dell' Ottocento. Milano: Alfieri & Lacroix, pp. 05-15. Grada, R. (19xx). Fattori. Pinacoteca de los genios. Buenos Aires: Editorial Codex. Saverio Altamura. Retrieved from: http://www.treccani.it/enciclopedia/francesco-saverio-altamura_(Dizionario_Biografico)/ Wikipedia, the free encyclopedia. Bernardo Celentano. Retrieved from: https://it.wikipedia.org/wiki/Bernardo_Celentano Wikipedia, the free encyclopedia. Domenico Morelli. Retrieved from: https://en.wikipedia.org/wiki/Domenico_Morelli

1848-1899 PANORAMA DO OITOCENTO ITALIANO [OTTOCENTO] (Itália).

1848-1899 PANORAMA DO OITOCENTO ITALIANO [OTTOCENTO] (Itália). A estética do Grupo (Francês) do Impressionismo foi a mais próxima da desses artistas, que surgiram anteriormente em vários grupos por toda a Itália. No grupo milanês se destacaram as obras de Le Piccio (Giovanni Carnevali, 1806-1873), Telêmaco Signorini (1835-1901), posteriormente destacado no Grupo dos Pintores de Manchas [Macchiaioli]; Mosè Bianchi (1840-1904), principal expoente do Grupo (Lombardo) do Impressionismo Italiano (v.); e Giovachino Toma (1836-1891), do Grupo (Pergentino) do Impressionismo Italiano [Scuola Pergentina] (v.). Além desses artistas citados participaram do Grupo (Milanês) do Oitocento o escultor Giuseppe Grandi (1843-1894), Gaetano Previatti (1852-1920), Daniele Ranzoni (1843-1889), e o artista mais influente do grupo, Tranquillo Cremona (1837-1878). As pinturas de Mosè Bianchi, Gaetano Previatti e Giovanni Segantini foram influenciadas pelo estilo do Impressionismo: ele foi amigo do escultor Giuseppe Grandi e, como ele, pesquisou modelos sensíveis, que poderíamos chamar de Impressionistas, visíveis nos seus croquis, maquetes e retratos. O artista esculpiu monumentos, entre os quais o mais importante é o consagrado Cinco Dias (Milão). A pintura de Tranquilo Cremona influenciou a pintura de Mosè Bianchi e Gaetano Previatti. O artista do Grupo do Oitocento italiano que ficou mais conhecido foi Giovanni Segantini, que, nas suas pesquisas inovadoras, partiu da temática do quadro histórico. Segantini se destacou devido à riqueza pictórica de suas obras: foi ele quem iniciou o Divisionismo da pincelada na arte italiana. As pinturas de Segantini apresentavam cromatismo denso e rico, que levou suas obras a serem consideradas exemplares no Simbolismo. No último período de sua vida a pintura de Segantini ficou mais próxima da estética do Grupo da Escola de Barbizon [École de Barbizon] (Barbizon, França, c. 1855-1875): ele foi influenciado pela obra de seu maior expoente, J-F. Millet. Uma pintura de Segantini se encontra reproduzida (Hulten et al., 1986). O pintor do Oitocento italiano Silvestro Lega (1826-1895), participou do movimento: a pintura dele se aproximou lentamente do estilo dos Pintores de Manchas [Macchiaiolli] e marcou o período mais importante na fase final de sua obra (1862-1880). Declarou ALBINI (1943) que, em 1875, dez anos depois de seu quadro calmo e idílico As Noites campesinas, a vida serena de Lega se transformou em dramática. E foi assim, no coração dos desastres mais graves, que ele descobriu a expressão mais vigorosa de sua arte. Ninguém na Itália tinha ainda sentido que, nessa escola, havia o germe da revolução. Ninguém ainda levara a técnica aos seus derradeiros limites, até sentirem Lega, porque era violento, porque a vida o havia exasperado (Lionello Venturi in Pretesti di Critica. Apud Albini,1943). REFERÊNCIAS SELECIONADAS: Albini, C. (1943). Les Arts Plastiques en Italie, de 1860 a 1943. Paris: Éditions Entente, pp. 31-34, 53-66. Dino, P. (1966). Movimenti Pittorici Italiani dell' Ottocento. Milano: Alfieri & Lacroix, pp. 05-15.

sábado, 17 de outubro de 2015

CESCHIATTI, Alfredo (1918-1989).

CESCHIATTI, Alfredo (1918-1989). O escultor brasileiro de origem italiana nasceu em Belo Horizonte (MG) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ). Ceschiatti viajou para a Europa e, na volta, tornou-se aluno de Correia Lima na Escola Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, 1938). O artista foi convidado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para esculpir o baixo-relevo da Igreja da Pampulha (Belo Horizonte), com o qual Ceschiatti conquistou o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro (1945). O artista realizou cursos na Europa e, na volta, exposição individual no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB, 1948). Ceschiatti ficou conhecido pelas grandes esculturas que ele realizou para os projetos de Oscar Niemeyer (1907-2012) como As Banhistas, instalada no lago em frente ao Palácio da Alvorada; e A Justiça, obra na frente do Palácio da Justiça na Praça dos Três Poderes (Brasília). Outra obra conhecida muito visível em São Paulo é sua grande escultura na Estação Sé do metrô paulista. As esculturas Eva (1965, bronze, 147 cm x 47 cm x 34 cm) e Duas Amigas (1967, bronze, 255 cm x 127 cm x 58 cm), pertencem ao acervo do Palácio Itamaraty (Brasília - Rio de Janeiro). REFERÊNCIAS SELECIONADAS: PALÁCIO ITAMARATY BRASÍLIA: Brasília. Rio de Janeiro. São Paulo: Banco Safra, 2002, pp. 148-151.

CARNICELLI, Mick; Miguel Carnicelli Sobrinho (1893-1967).

CARNICELLI, Mick; Miguel Carnicelli Sobrinho (1893-1967). O artista italiano nasceu em Agrópoli e morreu em São Paulo; sua família emigrou para o Brasil (1898-). Mick Carnicelli e seu irmão mais velho Gaetano, foram mandados à Itália para estudar (1918). O artista precisou prestar o serviço militar no país, mas como mostrou-se rebelde à disciplina no exército italiano foi enviado para lutar na Eritréia (África). O artista e seu irmão Gaetano regressaram a São Paulo sem completarem seus estudos e duvida-se mesmo que Mick Carnicelli tenha frequentado as aulas da Academia de Arte (Veneza). O futuro artista aproveitou a vida como um dândi, frequentando os melhores lugares de Turim, Milão e Veneza. Carnicelli trabalhou no comércio paulista como vendedor da Casa Falchi. mais tarde, Na época em que Mick Carnicelli trabalhava na Alfaiataria Carnicelli o pintor Vittorio Gobbis levou Quirino da Silva para conhece-lo (São Paulo, 1926). Quando Carnicelli visitou a Exposição Francesa, despertou para sua vocação adormecida de pintor. O jovem voltou a pintar e a participar de mostras coletivas paulistas como a de Pintura Moderna Brasileira-Norte Americana (1944); o artista participou do VIII e X Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos (1944; 1946); suas obras participaram da Exposição de Pintura Moderna, realizada na Galeria Itá, em homenagem a Mário de Andrade falecido no ano anterior (São Paulo, 1946). Carnicelli expôs em mostra conjunta com Bruno Giorgi, Ernesto de Fiori e Alfredo Volpi na Galeria Domus (São Paulo, 1947). Carnicelli realizou sua primeira mostra individual na Galeria Itá, na rua Barão de Itapetininga, centro de São Paulo (1945); a apresentação no catálogo foi de Menotti del Picchia, para quem Carnicelli tinha desenhado anteriormente a capa, as ilustrações e os contornos dos verbetes para o poema Angústia de São João, (São Paulo, 1922). Na época em que Carnicelli viveu com a francesa Jeanne Pauline Dollé, ele retratou-a. O artista trabalhou no seu estúdio, na sua casa no bairro de Santana; ele manteve outro estúdio no porão da casa de seu pai, na Av. Brigadeiro Luís Antônio, tema de algumas de suas obras. O artista publicou desenhos na revista Investigações (1949-1952); algumas de suas ilustrações foram publicadas em livros (1950-1956). As obras Figurativas de Mick Carnicelli como O Homem que Lê, Pátio de Manobras da Sorocabana e Subúrbio, estiveram em exposição na I Bienal do Museu de Arte Moderna (São Paulo, 1951). Obras de Mick Carnicelli participaram da mostra Pintores Paulistas (São José dos Campos, SP, 1958); e da mostra Pintura Paulista Contemporânea, no MAM (São Paulo, 1958). No final da década de 1950 Carnicelli adoeceu (1959): ele foi viver com suas irmãs na Cidade Vargas (SP), onde faleceu alguns anos depois (maio, 1967). Obras do artista participaram de várias mostras póstumas como Os Grupos: a Década de Quarenta, no Museu Lasar Segall (1977); e de outra mostra no mesmo museu paulista, com curadoria de Helio Cabral, São Paulo, Periferia e Centro nos anos Quarenta: Joaquim Figueira e Mick Carnicelli (1980). Outra mostra importante, da qual obras de Carnicelli participaram, foi Pintores Italianos no Brasil (1982), organizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, coletiva com obras dele e de Ernesto de Fiori. Pinturas de Carnicelli participaram da mostra O Olhar Italiano sobre São Paulo (1993), na Pinacoteca do Estado de São Paulo, que destacou as paisagens dele, de Alfredo Volpi e de Ernesto de Fiori. A obra de Carnicelli tem em comum traços de influência do Expressionismo alemão, marcante no melhor da obra de Anita Malfatti; os retratos de Carnicelli são ousados na cor e na luminosidade, acentuada por generosas doses de branco nos locais banhados pela luz, como nos retratos Décio (1949, óleo/ tela, 58 cm x 48 cm) e José (1947, aquarela/ papel, 77 cm x 56 cm), ambas na coleção Orandi Momesso. Os interiores intimistas do artista se destacaram nas obras Porão com Cavalete (1945, óleo/ tela) e Porão (1947, aquarela/ papel), que refletem a influência das vanguardas francesas sobre a obra de Mick Carnicelli. REFERÊNCIAS SELECIONADAS: ARTIGO. LAUDANNA, M. Os ítalos e os brasileiros na arte do entre guerras: Mick Carnicelli. São Paulo: Jornal das Exposições Paralelas, Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1999, pp. 05-07. CATÁLOGO GERAL. II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. São Paulo: EDIAM, 1ª ed., dez., 1953, p. 100.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

BIOGRAFIA: PANCETTI, Giuseppe Giannini (1904-1958).

BIOGRAFIA: PANCETTI, Giuseppe Giannini (1904-1958). O artista foi filho de um imigrante italiano que veio morar no Brasil; seu pai foi mestre de obras da construção do Theatro Municipal (São Paulo, 1911-). Aos dez anos de idade o artista foi enviado para estudar na Itália; Pancetti foi viver na casa de seus tios, em Massa Carrara, onde estudou no Colégio dos Salesianos. O artista exerceu diversas profissões depois que abandonou os estudos, mais simples como carpinteiro e operário, até que conseguiu ingressar na marinha mercante italiana. Pancetti voltou ao Brasil e engajou-se na marinha de guerra brasileira (1922): como marinheiro participou das forças legais no combate à revolta do Forte de Copacabana e das várias revoluções brasileiras (1924; 1930; 1932). Pancetti começou a pintar marinhas (1925-), ele evoluiu como artista somente depois que passou a frequentar o dito Núcleo Bernardelli, criado à partir da ENBA (Rio de Janeiro, 1931-1941). Pancetti pintou na companhia de artistas como Edson Motta, Milton Dacosta e Bruno Lechowsky (1887-1941), que o ajudaram a desenvolver-se na composição. O artista pintou a melhor fase de sua obra na década de 1940; na de 1950, ele pintou marinhas no litoral baiano. Nos vinte anos finais de sua vida, Pancetti pintou de forma obsessiva o próprio retrato: mais de 40 obras do tema são conhecidas, e sobressai o fato de Pancetti mostrar-se em trajes de trabalhador rural ou de operário, nunca negando suas origens proletárias. O Catalogue Raisonné do artista brasileiro foi compilado e publicado (Teixeira Leite, 1988); destacamos na obra do artista as influências de Paul Gauguin, e mesmo do Expressionismo de Vincent van Gogh. Pancetti utilizou paleta com cores diferentes e luz característica nas suas obras, destacadas especialmente nas suas hoje celebradas marinhas. Na obra de Pancetti destacamos seu Auto-Retrato (1952-1955, óleo/ tela, 45,7 x 33,2 cm), em exposição na Coleção Fadel, mostra realizada no CCBB (Rio de Janeiro, março – abril, 2002). A obra encontra-se reproduzida no catálogo da mostra. REFERÊNCIA SELECIONADA: Teixeira Leite, J. R. T. (1988). Dicionário Crítico de Pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Paulo Mendes da Silva - Art Livre, p. 207.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

1938-1940-GRUPO (ITALIANO) CORRENTE [CORRENTE] OU BOTTEGA DE CORRENTE (Milão).

GRUPO (ITALIANO) CORRENTE [CORRENTE] OU BOTTEGA DE CORRENTE (Milão, 1938-1940). Destaques BIROLLI, Renato e Emilio VEDOVA, Giuseppe SANTOMASO e Alígi SASSU. O Grupo Corrente surgiu do Grupo (Italiano) dos Seis de Turim [Sei di Torino] (v.) e da revitalização das artes italianas, por este outro grupo que também adotou a posição Anti-Fascista. O movimento constituiu a verdadeira frente da arte das vanguardas italianas, que lutou com engajamento ideológico contra a arte oficial do regime ditatorial fascista. Os artistas do Corrente buscavam a abstração de alcance internacional e foram reunidos em torno do crítico de arte Giulio Carlo Argan. Desse grupo participou um grande contingente de artistas vindos de várias regiões da Itália, como Afro (Udine – Zurique, 1912-1976), Arnaldo Badodi (Milão, 1913-1942), Renato Birolli (Verona-Milão, 1906-1959), Corrado Cagli (Ancona-Roma, 1910-1976), Bruno Casinari (Piacenza-Milão, 1912-1992), Felice Casorati (Turim-Milão, 1883-1963), Michelangelo Conte (1913-1987), Antonio Corpora (Turim-Roma, 1909-2004), Nino Franchina (1912-1987), Renato Guttuso (Bagheria-Roma, 1912-1987), Mario Mafai (Roma-Milão, 1902-1965), Giacomo Manzú (Turim-Milão, 1908-1991), Giovanni Menzio, Giuseppe Migneco (Messina-Milão, 1908-1997), Mattia Moreni (Pavia-Turim-Milão, 1920-1999), Ennio Morlotti (Lecca-Milão, 1910-1992), Gabriele Mucchi (1899-2002), Enrico Paolucci (Turim-Milão, 1901-1999; v. Grupo (Italiano) dos Seis de Turim), Cesare Peverelli (1922-2000), Giuseppe Santomaso (Veneza-Milão, 1907-1980), Aligi Sassu (Milão, 1912-), Fiorenzo Tomea (Roma, 1910-1960), Giulio Turcato (Mântua-Milão, 1912-1995), Ítalo Valenti (Milão, 1912-1995) e Alberto Viani (1906-1989), entre outros. Os vanguardistas publicaram a revista Corrente (março – dezembro, 1939), depois que fundaram a Editora Corrente (1938 – junho, 1940), que publicou vários livros dos artistas, que fundaram a Galeria de Arte Bottega de Corrente. O grupo organizou duas mostras coletivas (Milão, março – dezembro, 1939). Todos os empreendimentos do grupo foram fechados pela ditadura fascista, pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial. Participaram do grupo Corrente os filósofos Anceschi, De Grada, Gantonio, Fromaggio, Pacci, Preti, todos discípulos de Antonio Bafi. Participaram também do grupo Emilio Vedova (Veneza-Milão, 1919-1995), professor do artista italiano que emigrou para o Brasil e se tornou professor das vanguardas brasileiras em São Paulo, Domenico Lazzarini (1920-1987). Esse grupo. que lutou contra a corrente fascista que dominava a arte italiana do período entre guerras mundiais (1919-1939), expôs suas obras nas mostras das quais participaram Bruno Casinari, Arnaldo Badadi, Renato Birolli, Ennio Morlotti, Fiorenzo Tomea, Domenico Cantatore, Mário Maffai, Gabrielle Mucchi, Giuseppe Santomaso e Emilio Vedova (v. revistas Corrente e Corrente di Vita). A arte de grande parte dos artistas do Grupo Corrente foi apresentada no Brasil, com texto no catálogo de Giovanni Ponti, na época presidente da Bienal de Veneza, na Sala Geral Italiana da II Bienal Internacional, realizada no MAM (São Paulo, 1953). Foram expostas pinturas de Afro (Basaldella), Renato Birolli, Felice Casorati, Bruno Cassinari, Mino Maccari (1898-), Mário Mafai, Mattia Moreni, Ennio Morlotti, Enrico Paulucci, Ottone Rosai (1895-), Bruno Saetti (1902-), Giuseppe Santomaso, Mário Sironi (1885-1961), Attanasio Soldatti (1887-1953) e Emilio Vedova (1919-1995). Na mesma sala apresentaram esculturas Agenori Fabbri (1911-2000), Pericle Fazzini (1913-1987), Marino Marini (1901-1980), Marcello Mascherini (1906-1983) e Alberto Viani (1906-1989), além dos desenhos de Francesco Carnevali (1892-), Fabrizio Clerici (1913-1993), Alberto Gerardi (1889-1965), Marino Marini (1901-1980), Luigi Spazzapan (1890-1958), Ernesto Treccani (1920-2009) e Leonor Fini (1908-1996). E, enviaram obras nas técnicas de Gravura Nunzio Gulino (1920-), Paolo Manaresi (1908-), Giorgio Morandi (1890-1964), Nunzio Schiavarello (1918-), Luigi Spacal (1907-2000) e Pompeo Vecchiati (1911-). REFERÊNCIA SELECIONADA: CATÁLOGO GERAL. II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. São Paulo: EDIAM, 1ª ed., dezembro 1953, p. 172.