sábado, 8 de fevereiro de 2014

BIOGRAFIA: SOFFICI, Ardengo (1879-1964).

 
BIOGRAFIA: SOFFICI, Ardengo (1879-1964).


O artista nasceu em Rignano sull' Arno (Toscana), na região ao sul do rio Arno e morreu em Poggio (Itália). Soffici estudou Desenho de Nu Artístico na Academia de Belas Artes (Florença); ele viajou à Paris para visitar a Exposição Universal (1900). O artista permaneceu vivendo na cidade luz durante sete anos; ele sobreviveu como ilustrador e desenhista, trabalhando para publicações semanais como Le Rire, La Plume, L'Assiette au Beurre e La Révue Blanche [O Riso, A Pluma, O Guardanapo Amanteigado e A Revista Branca]. Soffici foi amigo de escritores e artistas plásticos como Léon Bloy, Pablo Picasso e Guillaume Apollinaire, entre outros. O artista plástico e escritor enquanto viveu em Paris passou temporadas anuais na Itália; depois que voltou a viver no seu país natal, ele inverteu a rota e passou frequentes temporadas em Paris.


Soffici passou a desenhar para as revistas Il Leonardo [O Leonardo] (1903-) e La Voce [A Voz] (1908-1916): para este último periódico ele escreveu seu primeiro artigo sobre Paul Cézanne, seguido de outros textos sobre arte e literatura francesa. A revista pregou a renovação da arte e da cultura italiana e combateu o misticismo; nela Soffici disputava a primazia intelectual, concorrendo com textos do futuro editor da Lacerba, Giovanni Papini (1881-1966) e de Giuseppe Prezzolini (1882-1982), grandes animadores da revista florentina.



O artista organizou a mostra dos Impressionistas franceses em Florença e tornou-se personalidade bastante polêmica, mas muito influente na cultura italiana. O artista visitou a dita, Exposição Internacional de Arte Livre (Milão, 1911), organizada por F. T. Marinetti, pai do Futurismo italiano. Soffici atacou a mostra no seu artigo Arte Livre e Pintura Futurista [Arte libera e pittura futurista], publicado em outra revista das vanguardas florentinas (15 jun., 1911). A polêmica foi estabelecida com os Futuristas e gerou réplica, exposta na reunião dos escritores do grupo italiano realizada no Giubbe Rosso, onde, após acalorada discussão sobre arte, as desavenças acabaram em generalizada pancadaria. Soffici, que manteve inicialmente atitude contrária aos Futuristas, mudou de lado e aderiu ao grupo italiano, quando suas obras participaram da primeira Mostra Futurista Livre (Milão, 1912), organizada por Marinetti, quando ele apresentou 09 pinturas; e suas obras participaram da exposição Os Pintores e Escultores Futuristas Italianos, realizada em Roterdã (Holanda, 1912); e suas obras também participaram do dito, Salão de Outono Alemão [Erster Deutscher Herbstsalon], organizado por Herwart Walden na Galeria da Tempestade (Berlim, 1913). As pinturas de Soffici participaram da mostra dos Futuristas realizada na Galeria Sprovieri (Roma, 1914); em outra exposição coletiva do grupo, realizada nas Galerias Doré (Londres, 1914), entre outra mostra na filial da dita, Galeria Futurista, de Giuseppe Sprovieri (Nápoles, 1914). Na época, Soffici produziu obras associadas à estética do Cubismo, consideradas como suas melhores obras: entre estas as naturezas-mortas ditas, Decomposições e as Sínteses das Paisagens, nas quais Soffici aplicou as teorias de Paul Cézanne.



Soffici participou da Grande Serata Futurista [Grande Noitada Futurista], juntamente com F. T. Marinetti (1876-1944), Paolo Buzzi (1874-1956), Aldo Palazzeschi (1885-1974), Luciano Folgore (1888-1966) e Giuseppe Balila Pratella (1880-1955), entre outros, realizada no Teatro Costanzi (Roma, 1913). Soffici continuou publicando seus artigos sobre os artistas de seu tempo e viajava frequentemente para a capital francesa onde se encontrava com seu dileto amigo que lá vivia, Gino Severini (1883-1966). Foi iniciada a publicação da revista Lacerba (Florença, 1913-1915), com a qual Soffici colaborou, bem como seu amigo Ottone Rosai (1895-1957), entre outros. A publicação foi reconhecida pela crítica européia como a mais importante revista das vanguardas, na qual vários artistas franceses publicaram textos importantes. A Lacerba patrocinou a noite artística Futurista, no Teatro Verdi (Florença); e, a mostra dos pintores do grupo da qual participaram obras de G. Balla, U. Boccioni, C. Carrà, L. Russolo e A. Soffici, organizada no salão da biblioteca da publicação (Florença, 1913). Giovanni Papini (1881-1966) publicou artigo em Lacerba (15 fev., 1914) que provocou réplicas de U. Boccioni e também de Soffici. O Almanaque Purgativo de Lacerba foi publicado com contribuições de Soffici, que lançou livros como Cubismo e Futurismo (Florença, 1915); ele lançou a nova edição revisada de seu primeiro livro, Cubismo e Outros (1913) e ainda Palavras em Liberdade, título similar ao do livro de F. T. Marinetti, quando ele publicou seus desenhos tipográficos Ink Well (1914); Arlecchino (Arlequim); BIF & 2F + 18 Simultaneitá e Chimismi lirici (1915). No entanto, as ligações de Soffici com os escritores e artistas plásticos Futuristas, ficaram estremecidas antes do início da fase fascista do dito, Marinettismo italiano (abr., 1914).



O artista e escritor viajou para Paris onde publicou seu poema Masque [Máscara] na revista editada por Guillaume Apollinaire (1888-1918), Les Soirées de Paris [As Noites de Paris] (Paris, 1912-1914). No número de Lacerba (14 fev., 1915), o escritor rompeu definitivamente seus laços com o grupo dos Futuristas. No entanto, segundo declarou FABRIS (2003), a revista Rete mediterrânea (mar. – dez., 1920), publicou em vários números opiniões ambivalentes quando não contraditórias de Soffici sobre o Futurismo. No artigo Dichiarazione preliminare, abertura do primeiro número da revista citada, o escritor se reconheceu como integrante do Futurismo e escreveu seu mea culpa de natureza pessoal. Durante a I Guerra Mundial Soffici serviu ao exército italiano; mas, diferentemente dos Futuristas U. Boccioni e do arquiteto Antonio Sant'Elia, que perderam a vida durante o conflito, ele sobreviveu.

Soffici marcou presença na Sala Especial Futurismo, com curadoria de Umbro Appolonio na II Bienal Internacional (São Paulo, 1953). O artista expôs três pinturas: Uma Pobre (1913, óleo/ tela, 65 x 48 cm, coleção Gianni Mattioli, Milão); Tipografia (1914, pintura, colagem, 54 x 65 cm, coleção Frua de Angeli, Milão) e Frutas e licores (1915, óleo/ tela, 65 x 54 cm, na coleção Gianni Mattioli, Milão).



 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:



CATÁLOGO GERAL. II Bienal do Museu de Arte Moderna. São Paulo: EDIAM, 1ª edição, dez., 1953, p. 219.

 
 

CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., p. 577.


 

 

DICIONÁRIO.SCHMIED, W.; WITFORD, F.; ZOLLNER, F. The Prestel Dictionary of Art and Artists in the 20th century. München – London - New York: Prestel, 2000. 383p.: il., pp. 332-333.
 

 


FABRIS, A. Photomontage as political function. São Paulo: 2003, pp. 107-108. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário