quarta-feira, 8 de julho de 2015

BIOGRAFIA: GOBBIS, Vittorio (1894-1968).

BIOGRAFIA: GOBBIS, Vittorio (1894-1968). Nasceu em Motta di Livenza, na Itália; foi morar em São Paulo (c. 1924), depois de ter feito cursos de pintura e restauração em Veneza, conhecendo a fundo as técnicas dos velhos mestres. O pintor foi um dos fundadores do CAM [Clube dos Artistas Modernos] e da SPAM [Sociedade Pró - Arte Moderna], juntamente com Flávio de Carvalho (1899-1973), Carlos Prado (1908-1992), Antonio Gomide (1895-1967) e Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976). Foi Gobbis quem trouxe a cultura européia para as discussões no eclético ambiente cultural paulista, fato que revestiu-se de grande importância para a dinâmica do desenvolvimento da cultura pictórica em uma cidade ainda provinciana. Gobbis dedicou-se ainda à compra, venda, restauração e conservação da pintura de quadros. Gobbis produziu, de acordo com TEIXEIRA LEITE (1988): [...] obra não muito extensa e desigual [...]. No entanto o artista conseguiu esplêndidos momentos: suas obras participaram do Salão Paulista de Belas Artes, onde foi agraciado com Medalha de Prata (1933), Medalha de Ouro (1936) e Prêmio de Aquisição (1956). Gobbis participou do Salão Nacional de Belas Artes (1935), onde recebeu Medalha de Ouro e participou da I e II Bienal de São Paulo (1951; 1953). Na II Bienal Gobbis apresentou as obras Cajus (c. 1953, óloe/ tela, 92 cm x 73 cm), e Caminho da Penha, Vitória, Espírito Santo (c. 1953). O artista produziu obras nas técnicas de aquarela, desenho e óleo; mas seu mérito maior foi citado por Mário de Andrade no seu célebre artigo Esta Família Paulista (1939), no qual o autor enfatizou a importância da presença de Vittorio Gobbis na vida cultural da cidade. Mesmo com todas as medalhas Gobbis não conseguiu livrar-se da pobreza material, que seu espírito e vida boêmia contribuíram para acentuar; o artista morreu esquecido, aos 74 anos de idade, [...] morando por favor num fundo de quintal, num mísero aposento feito de tábuas de caixotes, tão exíguo que mal dava para lhe abrigar o corpanzil [...] TEIXEIRA LEITE, 1988). Duas obras de V. Gobbis, Nu Recostado (1931, óleo/ tela, no MASP) e Negra (1931, óleo/ tela, no acervo da Escola Paulista de Medicina), participaram da importante mostra do Novecento Sudamericano. Relações artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai, com o patrocínio do Instituto Italiano de Cultura, na Pinacoteca do Estado de São Paulo (31 de agosto - 05 de outubro, 2003). A mostra, que não seguiu critério geopolítico nem cronológico, buscou integrar visualmente as obras produzidas no mesmo período no Brasil, Uruguai e Argentina, comparando-as com obras de artistas influentes do Novecento italiano (v.). Outras duas obras de Gobbis integram o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo: a instituição cultural com magníficas instalações abriga em seu segundo piso obras de sua coleção permanente. Na última sala encontram-se dois quadros de Gobbis, doações de Emmanuel Araújo: a obra Sem título, dita Lagosta (sd, e a citada Cajus com a qual Gobbis participou da II Bienal de São Paulo), a segunda pintura bem mais solta e moderna do que a primeira. Vale a visita para a apreciação dos quadros de um dos primeiros artistas italianos no Brasil, que pertenceu às primeiras vanguardas das terras paulistanas e que deve ser relembrado, Vittorio Gobbis. REFERÊNCIAS SELECIONADAS: ENSAIO. CHIARELLI, Tadeu. Novecento Sudamericano. Relações artísticas entre Itália, Argentina, Brasil e Uruguai. São Paulo: Instituto Italiano de Cultura - Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2003. TEIXEIRA LEITE, J. R. T. Dicionário Crítico de Pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Paulo Mendes da Silva - Art Livre, 1988, p. 220.

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