segunda-feira, 11 de novembro de 2013

BIOGRAFIA: CASELLA, Alfredo (1883-1947).

 
 
 


CASELLA, Alfredo (1883-1947).
 
 
 
O músico e compositor considerado modelo de músico e maestro Futurista nasceu em Turim (Itália). Casella foi viver em Paris, onde foi aluno de Diemer e Gabriel Fauré, no Conservatório de Paris (1908-), O músico se associou ao movimento musical das vanguardas francesas e foi influenciado pela obras de Claude Debussy, Darius Milhaud, Igor Stravinsky e Arnold Schoenberg, este precursor do dodecafonismo clássico. Schoenberg, que publicou seu Método de Composição com Sons Doces (1921), depois que tinha composto Pierrô Lunar [Pierrot Lunaire] (1912), obra que influenciou Casella no Adeus a Vida (1915), quando ele explorou acordes de som doce na sua composição. Casella ficou com a obra marcada pelos estudos aprofundados da música renascentista e barroca italiana, quando, seguindo os preceitos de retorno ao classissismo do movimento Futurista italiano, buscou grande parte de sua inspiração no rico passado da música instrumental do seu país.
         
Casella retornou definitivamente para a Itália (1915-), onde tornou-se professor da renomada Academia Santa Cecília (Roma). Casella compôs a música para a peça O Palhaço [I Pagliacci], apresentada no espetáculo Futurista do Balé Plástico [I balli plastici]. Fortunato Depero (1892-1960), criou os cenários mais fantásticos e animados mecânicamente para o dito, Balé Plástico [Balli Plastici]. A obra foi encenada por Gilberto Clavel, musicada por Alfredo Casella, com quatro programas: Palhaço [Pagliacci]; O Homem de Baffi [L'Uomo dai Baffi]; O Urso Azul [L'Orso Azzurro] e O Selvagem [I Selvaggi], encenados no Palácio Odescalchi (Florença, 15 abr., 1918). O balé estreou com cenários de Fortunato Depero e máquinas cenográficas, sem apresentar bailarinos. Casella foi o regente da orquestra para apresentação de sua versão de Pupazzetti (Opus 28), para piano, quarteto de cordas e moinho de vento. Casella compôs ainda outra música destinada a apresentação da performance Ao modo do Tango [A modo di Tango], que os Futuristas Mássimo Campigli, Gerardo De Pisis, Gerardo Dottori, Ubaldo Oppi, Enrico Prampolini, Ottone Rosai, Carlo Sócrate e Sciltian apresentaram no Teatro dos Independentes Experimentais, [Teatro degli Independenti Sperimentali], de Anton Giulio Bragaglia (Milão, 1921). No mesmo ano Casella compôs suas duas Peças Infantís para piano; foi ele quem compôs a música para a pantomima Futurista, A Hora do Fantoche [L'Ora del Fantocchio], de Luciano Folgore, pseudônimo do escritor e poeta Omero Vecchi (1888-1966), encenada no Teatro da Madeleine (Paris, 1927).
 
Casella tornou-se crítico musical, regente e professor de música; ele foi influente sobre as novas gerações de músicos italianos. Casella compôs duas óperas: A Dama Serpente [La Donna Serpente] e A Fábula de Orfeu [La Fávola d'Orfeo] (1932); ele compôs duas sinfonias, sendo a primeira As Noites de Maio; vários concertos, para violoncelo e violino; um concerto, para orgão e orquestra; a Missa Solene para a Paz, além de música de câmera, música para piano e canções. Na sua primeira fase na França, Casella compôs a música para o balé Le couvent sur l'eau (1912).
 

O músico italiano manteve amizade bastante próxima com o húngaro Aurélio Milloss e compôs a música para vários balés que o bailarino e coreógrafo apresentou primeiro na Europa, como Delicia Popular [Deliciae Populi]. Este balé foi inteiramente baseado na Commedia del' Arte [Comédia da Arte] italiana, como Polichinelo [Pulcinella] de Stravinski; a obra estreou em Roma, e itinerou a Estocolmo (1943). A coreografia de Miloss foi apresentada com cenografia e figurinos do pintor italiano Gino Severini (Paris, 1951). A música baseada na Scarlattiana Opus 44, de Alfredo Casella, composta para piano mas acompanhada por 32 instrumentos musicais, baseada no Divertimento sobre Música (1926), de Domenico Scarlatti. Anteriormente o coreógrafo Milloss apresentou este balé na América do Sul, obra com a qual estava bastante familizarizado (Buenos Aires, 1949); o mesmo balé foi apresentado com o Ballet do IV Centenário de São Paulo, no Rio de Janeiro e em Santos, com a cenografia e figurinos de Tomás Santa Rosa. Foi o Conde Francisco Matarazzo Sobrinho (1898-1977), Ciccillo, fundador da Bienal de São Paulo, presidente da Comissão do IV Centenário de São Paulo quem convidou A. Milloss para vir ao Brasil organizar o Ballet do IV Centenário (1953-1954). Milloss estruturou companhia completa de balé, treinou 60 bailarinos e colocou no palco 16 coreografias originais; ele depois criou mais uma, para o balé Ilha Eterna, apresentado uma única vez no Ginásio do Pacaembú [GPSP]. Os balés estrearam no espaço improvisado [GPSP] (nov., 1954), ocasião em que foram apresentados apenas três programas: A Ilha Eterna, Fantasia Brasileira e Deliciae populi [Delicia popular], com música de Alfredo Casella, com cenários e figurinos de Tomás Santa Rosa, sendo que todos os espetáculos foram coreografados por Milloss. A música de Casella de Deliciae Populi, foi primeiro apresentada com a regência do maestro italiano Nino Stinco e com a participação da pianista italiana Piera Brizzi, especialmente convidada na ocasião, no concerto realizado no Teatro Colombo (São Paulo, out., 1954).
 
 
Outras obras de Casella criadas para apresentações da coreografia de Milloss foram o balé O Quarto do Desenho [La camera dei disegni], grande inovação pois foi criado para crianças dançarem com a música sendo executada por orquestra de câmara. Outro balé com música de Casella foi A Rosa do Sonho [La rosa del sogno], baseado na peça musical de Arturo Paganini; e A Jarra [La Giara], baseado no texto de Luigi Pirandello. Casella publicou sua autobiografia (1941).



 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

 

CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York:Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 640p.: il, retrs., p. 293. 30 x 22 cm.
 
 
DICIONÁRIO.CHAMBERS. Biographical Dictionary. Casella, Alfredo. London: Melanie Parry - Chambers - Hanap, 1997, pp. 344-345


 
DICIONÁRIO. DUROZOI, G. Dictionaire de l'art moderne et contemporain. Sous la direction de Gérard Durozoi. Paris: Fernand Hazam, 1992. 676p.: il., p. 115.
 
 
DUFOURCQ, N. (org.); ALAIN, O.; ANDRAL, M.: BAINES, A.; BIRKNER, G.; BRIDGMAN, N.; Mme. de CHAMBURE; CHARNASSÉ, H.; CORBIN, S.; AZEVEDO, L. H. C. de; DESAUTELS, A.; DEVOTO, D.; DUFOURQ, N.; FERCHAULT, G.: GAGNEPAIN, B.; GAUTHIER, A.; GÉRARD, Y. HALBREICH, H.; HELFFER, M.; HODEIR, A.; ROSTILAV, M.; HOFMANN, Z.; MACHABEY, A.; MARCEL-DUBOIS, C.; MILLIOT, S.; MONICHON, P.; RAUGEL, F.; RICCI, J.; ROUBERT, F.; ROSTAND, C.; ROUGET, G.; SANVOISIN, M.; SARTORI, C. SHILOAH, A.; STRICKER, R.: TOURTE, R.; TRAN VAN KHÊ, A. V., VERLET, C. VERNILLAT, F.; WIRSTA, A.; ZENATTI, A. La Música: Los Hombres, Los Instrumentos, Las Obras. Barcelona: Planeta, 1976, pp. 140, 240. 
 
 
ENSAIO. BARBOSA, A. M. A Cumplicidade com as Artes. Apud CATÁLOGO. Fantasia Brasileira: Antropofagia nas Artes Cênicas. São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo, 1998, p. 75.

ENSAIO. TONI, F. C. Música e Músicos do Balé do IV Centenário. Apud CATÁLOGO. Fantasia Brasileira: Antropofagia nas Artes Cênicas. São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo, 1998, p. 89.

Nenhum comentário:

Postar um comentário