sexta-feira, 2 de maio de 2014

FOTOGRAFIA (1826-hoje).


 
FOTOGRAFIA (1826-hoje).

A fotografia é arte documental, que utiliza aparato mecânico, a máquina fotográfica, para gravar imagens variadas, que, em seguida, são transpostas para diversos meios como chapas de vidro, até conseguirem a sua fixação no papel. A Fotografia não foi invenção de um único homem, foi invenção coletiva, aperfeiçoada durante mais de dois séculos; no entanto, costuma-se citar como seu inventor o artista plástico francês Joseph Nicéphore Niepce, o primeiro a fixar uma imagem na placa metálica (França, 1826).

O físico francês Gabriel Lipmann pesquisou a solução para a fixação das cores na fotografia colorida; Lipmann foi homenageado com a Medalha Janssen (1892) e se tornou presidente da Sociedade Francesa de Fotografia (1897). Devido as suas pesquisas de fotografia pelo método interferencial, o físico francês recebeu o Prêmio Nobel de Física (1918); vários de seus estudos, tais como o método de determinação de diferenças de longitude (1914), levaram ao desenvolvimento dos processos posteriormente utilizados na fotografia colorida.

Desde o final do século XIX a fotografia passou a ser vista como forma de arte, principalmente pelo trabalho pioneiro do fotógrafo norte-americano que estudou na Alemanha, Alfred Stieglitz. Em Nova York foi fundada a associação de fotógrafos norte-americanos dita, Foto-Secessão [Photo Secession] (1904); no ano seguinte A. Stieglitz inaugurou a primeira galeria dedicada à fotografia artística, dita, A Pequena Galeria dos Foto-Secessionistas [The Little Gallery of the Photo Secessionists], que posteriormente ficou conhecida como a Galeria 291 (Nova York, 1905-1917). A galeria expôs obras de fotógrafos, mas logo passou a expor obras de artistas das vanguardas européias; Stieglitz favoreceu aos artistas, pois não cobrava nenhuma comissão para a sua galeria, sustentando esta atividade educativa através da publicação de suas revistas (V. revistas Camera Club e Camera Work, publicarei).
 
Outros fotógrafos se destacaram na nova modalidade artística: no Brasil não podemos deixar de citar as coleções que contém fotografias documentais de paisagens e dos costumes do nosso entre outros povos, pertencentes ao importante acervo reunido pelo Imperador D. Pedro II e a princesa Thereza Cristina, que pertencem ao Museu Imperial (Petrópolis, RJ). Outro fotógrafo muito importante no Brasil foi Marc Ferrez: ele documentou, com muita arte, as paisagens do Rio de Janeiro e de outras regiões brasileiras (São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul). A sua primeira coletânea publicada foi o Album de Vues du Brésil (Exécuté sous la direction de J. M. da Silva Paranhos, Baron de Rio Branco. Paris: A. Lahure, 1899). Seguiu-se o Avenida Central, 08 de março de 1903 – 15 de novembro de 1906 (Rio de Janeiro, 1907). Ferrez documentou muitos episódios históricos na vida brasileira, como a Revolta da Armada (Rio de Janeiro, 1893-1894), a construção de Belo Horizonte (Minas Gerais, 1894-); os festejos da Proclamação da República (1894-); a inauguração da estátua do Visconde do Rio Branco (Glória, Rio de Janeiro, 1902), e as inúmeras fotografias que compõem o álbum presenteado ao marechal Floriano Peixoto (1854-1895). Nossas gentes também foram retratadas por sua lente especial: os tipos populares dos ofícios de amolador de facas, cesteiro, garrafeiro, jornaleiro, vassoureiro, verdureiro, vendedores diversos, há muito desaparecidos de nossa cultura e que têm seu registro histórico nas fotografias de Ferrez, que publicou vários livros.
 
No final do século XIX foram os principais precursores do registro da locomoção humana e animal, o francês E-J. Marey, inventor da Cronofotografia; e o inglês que viveu prolongado período nos Estados Unidos, Edweard Muybridge, cujas pesquisas na fotografia deram origem à Arte Cinematográfica (v.). O desenvolvimento da Aviação deveu muito as pesquisas do cientista francês, Marey, através dos aparelhos inventados por ele que, durante algumas décadas, também influenciaram as Artes Plásticas.
 
No final do século XIX e início do XX, destacaram-se a na Arte Fotográfica a alemã Gertrude Kasebier, entre outros, vários fotógrafos norte-americanos. Nas primeiras décadas do século XX outros fotógrafos que desenvolveram técnicas simples na arte experimental da fotografia, como a dita, Solarização, foram o americano Man Ray (Rayografia) e o alemão Christian Schad (Schadografia). Outros fotógrafos que desenvolveram técnicas experimentais pertenceram ao movimento Futurista (v. abaixo: Futurismo na Fotografia: Fotodinamismo Futurista), como Umberto Boccioni, Anton Giulio Bragaglia e F. T. Marinetti, entre outros (1910-1920). No Vorticismo, o americano James Coburn fotografou o Vórtice, além de personalidades das artes e letras inglesas (Londres, c. 1914-1920); e, pouco tempo depois, os fotógrafos destacados no movimento da Nova Objetividade [Neue Sachlichkeit], como Carl Blossfeld e August Sander, entre outros (1925-1933; v., publicarei).
 


Na primeira metade do século XX na Alemanha, o movimento mais interessante associado à Fotografia artística foi o da Nova Objetividade (1925-1932; v.), que produziu alguns artistas importantes dedicados a esta técnica. Foi Karl Nierendorf, conhecido negociante de importante galeria de arte quem estabeleceu a ligação próxima com o fotógrafo da natureza, Karl Blossfeldt, que publicou vários livros de fotografia. Hans Finsler lecionou Fotografia de Objetos, na Escola de Arte e Arte Aplicada (Burg Giebichenstein, 1926-1932); ele fotografou com maestria objetos como Bulbos de Lâmpadas Elétricas (1928, B&P, na Galeria Staattliche Maritzburg, Halle). Albert Ranger-Patzsch fotografou vários materiais em instalações industriais, como o Depósito Krauss de Banheiras de Zinco (1926, P&B); Rodas Dentadas, Obras de Aço e Ferro Lindener (1928, P&B); e Gerador Kauper (1927, P&B), todas no Arquivo Albert Renger-Patzsch (Ann e Jürgen Zulpich), sendo as citadas reproduzidas (MICHALSKI, 2003).

No final da década de 1920 destacou-se o livro Foto-Auge [Foto - Olho], de autoria de Franz Roh, publicado com tipografia criativa de Hans Tschichold e lançado na mostra FIFO: Film & Foto, organizada por vanguardistas como Hans Richter (Stuttgart, 1928). No México, Paul Stranddestacou-se na fotografia para cinema; outros fotógrafos destacados na primeira metade do século XX foram Mário Giacomelli, François Kollar, Tina Modotti, e Jan Saudek, sem esquecermos do brasileiro Sebastião Salgado, destaque internacional na segunda metade do século XX (v.).

Nos Estados Unidos na década de 1960, destacaram-se as fotografias eróticas de flores e seres humanos de Robert Mapplethorpe; e, os retratos de personalidades do século XX, na Fotografia Performática Autoral de Andy Warhol (Pelé, Mohamed Ali, Auto-Retrato como Drag Queen, etc.). Foi Walter Benjamin quem colocou a Fotografia no centro da grande crise da arte, pivô do colapso da obra de arte como objeto único, devido à nova tecnologia, que passou a permitir a reprodução da obra (POPPER, 1993: 24).


REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


 
 



CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., p. 45.


BENTON, H. H. (Org.). Enciclopédia Barsa Rio de Janeiro - São Paulo: Encyclopaedia Britannica Ed., 1975, pp. 60, 308-313.


CATÁLOGO. FSA: Os Grandes Fotógrafos Americanos. Curadoria de João Kulcsár. Galeria D. Pedro II. São Paulo: CAIXA Cultural, 16 maio – 08 jul., 2007.


DICIONÁRIO.BREUILLE, J-P. Le dictionnaire mondial de la photographie, la photographie des origines a nos jours. Sous la direction de Jean-Philippe Breuille. Paris: Larousse, 1994, p. 45.

FOLHETO. SIZA, T. Fotografia: Suporte da Memória, Instrumento da Fantasia. Rio de Janeiro: CCBB/ Centro Cultural Banco do Brasil, maio, 2005.

INTERNET. Art Knowledge News - Keeping You in Touch with the World of Art...
New York State Museum Exhibition Focuses on the Great Depression. Disponível: "Art News" <signups@artknowledgenews.com>.Acesso: 02 jan., 2011.

MICHALSKI, S. New Objectivity. Neue Schlichkeit: Painting in Germany in the 1920s. Painting, Graphic Art and Photography in Weimar Germany 191-1933. Köln - London - Los Angeles - Madrid - Paris - Tokyo: Taschen, 2003, pp. 180-193.

O´'KEEFFE, G. One Hundred Flowers. New York: Nicolas Callaway, Barnes and Noble, 1987, p. 24.




POPPER, F. Art of the Eletronic Age. London: Thames and Hudson, 1993.






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