sábado, 20 de julho de 2013

 
BIOGRAFIA: RAVEL, Maurice (1875-1937).

O pai de Ravel foi aficcionado da música; o compositor nasceu em Ciboure, e sua mãe era de origem espanhola (Basca). Ravel estudou música muito a sério no Conservatório de Paris onde completou os estudos (1889). O compositor ganhou o segundo Prêmio de Roma (1901), pois negaram-lhe o primeiro, entregue a Claude Debussy. Ravel viveu vida discreta, retirado na sua propriedade em Montfort l'Amaury, mas realizou viagens ao Marrocos, a Áustria e aos Estados Unidos. Viveu para a sua música e, durante todo o período de sua vida, não tornou-se internacionalmente conhecido; somente após sua morte foi elevado à categoria de criador da música clássica moderna.

 
Ravel escreveu Jeux d'eau [Jogos d’água] (1901) para piano e ele declarou que a sua peça estava na origem de todas as novidades pianísticas que se quis reconhecer na sua obra, citação publicada (MASSIN, 1997). Ravel compôs Quarteto para corda e Histórias Naturais (1906), que causou escândalo em sua época; Shéhérezade, três poemas para canto e orquestra; Sonatina para piano; Miroirs [Espelhos], para piano, compreendendo cinco partes: Noctuelles, Oiseaux Tristes, Une Barque sur l'Ocean, Alborada del Gracioso e La Valée des Cloches. Ravel compôs Rapsódia Espanhola (1907), com quatro movimentos: Prelúdio à Noite, Malaguenha, Habanera e a Feira. Durante cinco meses Ravel compôs A Hora Espanhola [L'Heure Espagnole], para a comédia de Franc-Nohaim que foi encenada no mesmo ano (Paris, 1908).

 
Ravel compôs, a pedido de Sergey Diaghilev, a música para o balé Daphnis e Chloé [Daphnis et Chloë] (1909), obra coreografada por Michel Fokine para a encenação dos Ballets Russes, levada ao palco com cenários e figurinos de Alexandre Benois. Nijinsky dançou no papel de Daphnis e Tamara Kasarvina no da pastora Chloé. O balé estreou nos palcos parisienses, recebendo a recepção apenas polida do público, sem alcançar o sucesso (08 jun., 1912), No início da década de 1950, Frederick Ahston coreografou sua própria versão deste balé para o Sadler's Well Ballet (Londres, 1951); Margot Fonteyn dançou maravilhosamente no papel de Chloé, mas o balé igualmente não alcançou o sucesso. Nesta música, Ravel inovou apresentando a flauta em sol e coro misto, sem palavras, na orquestra: mais tarde, na sua Sonata para piano e violino (1927), ele combinou no segundo movimento pizzicato e glissando; e escreveu para o violino música com a influência dos blues norte-americanos.

 
Na temporada parisiense dos Balés Russos (Paris, 1913), foram apresentados três novos balés: Jeux (Debussy), Le Sacre du Primptemps (Stravinsky/ Roerich) e, nova versão de A tragédia de Salomé (Florent Schmitts), com coreografria de Bóris Romanov. E a nova versão da Ópera Khovanschina, do compositor russo Modest Petrovich Mussorgsky (1839-1881; v. o Grupo dos Cinco músicos russos), adaptada por Igor Stravinsky (mar. – abr., 1913), conjuntamente com Maurice Ravel (1875-1937), a pedido de Sergey Diaghilev (1872-1929).

 
Ravel desenvolveu a composição de seu hoje muito conhecido Bolero (1928), baseando-se na variação do timbre musical; esse balé tornou-se a mais famosa dança masculina do balé clássico no século XX. O Bolero foi coreografado inicialmente por Bronislava Nijinska e sua primeira apresentação foi com os Ballets de Monte-Carlo (1928). A música de Ravel sempre apresentou inovações através de alterações da regra do jogo: o músico desenvolveu modelo que permitiu que cada música representasse seu próprio modelo, único, por sua vez diverso de qualquer outro.

 
Ravel compôs a música para o balé Le Tombeau de Couperin [A Tumba de Couperin] (1920), variação leve evocativa do século XVIII, destinada às apresentações da companhia dos Balés Suecos [Ballets Suedois] de Rolf de Maré, encenada com cenários de Pierre Laprade.


Ravel participou da vida intelectual e artística de seu tempo, pois compareceu aos Sábados [Samedis] do pintor Paul Sordes, onde encontrou Leon-Paul Fargue, Tristan Klingsor, Ricardo Vignes e Georges Mouveau, do grupo musical conhecido como Os Apaches.
 
 Ravel escreveu para os filhos de seus amigos russos, da família Godebska, as maravilhosas notas de Mamãe Gansa [Ma Mère l'Oye], peça infantil para piano tocada a quatro mãos. Uma das filhas do casal, Misia Sert (v. biografia), tornou-se grande apreciadora de balé e apoiou os Ballets Russes, de S. Diaghilev; ela se casou em primeiras núpcias com Thadée Nathanson, que publicou La Revue Blanche [A Revista Branca] (Paris e Bruxelas). A fotografia de Ravel encontra-se publicada (SHEAD, 1989).

 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

 
DUFOURCQ, N. (Org.); ALAIN, O.; ANDRAL, M.: BAINES, A.; BIRKNER, G.; BRIDGMAN, N.; Mme. de CHAMBURE; CHARNASSÉ, H.; CORBIN, S.; AZEVEDO, L. H. C. de; DESAUTELS, A.; DEVOTO, D.; DUFOURQ, N.; FERCHAULT, G.: GAGNEPAIN, B.; GAUTHIER, A.; GÉRARD, Y. HALBREICH, H.; HELFFER, M.; HODEIR, A.; ROSTILAV, M.; HOFMANN, Z.; MACHABEY, A.; MARCEL-DUBOIS, C.; MILLIOT, S.; MONICHON, P.; RAUGEL, F.; RICCI, J.; ROUBERT, F.; ROSTAND, C.; ROUGET, G.; SANVOISIN, M.; SARTORI, C. SHILOAH, A.; STRICKER, R.: TOURTE, R.; TRAN VAN KHÊ, A. V., VERLET, C. VERNILLAT, F.; WIRSTA, A.; ZENATTI, A. La Música: Los Hombres, Los Instrumentos, Las Obras. Barcelona: Planeta, 1976, pp. 159, 175-176, 227, 352, 361, 364.

 
MASSIN, J.: MASSIN, B.; VIANA, A. R., SUSSEKIND, C. História da Música Ocidental. Tradução de Maria Teresa de Resende Costa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 1255p.: il.,pp. 925931.

 
HAGER, B. Les Ballets Suedois. Translated by Ruth Sharman. London: Thames and Hudson, 1990. 303p.: il., algumas color., p. 299.

SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color.,  pp. 29, 31, 63, 125.25 x 33 cm.

 
DICIONÁRIO. THOMPSON, K. A Dictionary of Twentieth-Century Composers1911-1971. London: Farber & Farber, 1973. 666p. 16,5 x 24,5 cm.

Nenhum comentário:

Postar um comentário