sábado, 20 de julho de 2013

HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.
BIOGRAFIA: SATIE, Erik; Eric Alfred Leslie Satie (1866-1925).



O músico e compositor das vanguardas francesas, nasceu em Honfleur (Le Havre), filho de mãe inglesa e protestante e de pai anglofóbico e católico. O artista foi batizado na religião anglicana, como sua irmã e seu irmão mais novo. Logo depois que sua família foi viver em Paris, sua mãe faleceu, quando Satie tinha apenas quatro anos de idade. O futuro músico voltou a viver em Honfleur, onde foi criado por seus avós paternos, que batizaram-no na religião católica. Ocorreu outro evento traumatico quando a avó de Satie foi encontrada morta na praia; por conta dessa morte misteriosa, seu avô se converteu e tornou-se católico fervoroso.

 
Satie recebeu breve iniciação musical de Vinot, aluno de Niedermeyer, organista da Igreja de Santa Catarina, músico que deu a Satie as primeiras lições de piano. Quando Satie voltou a viver com seu pai em Paris, ele estudou Piano com Descombes e Mathias, Solfejo com Lavignac e Harmonia com Tadou, mestres do Conservatório de Paris. O músico começou a escutar Bach, Chopin e Schumann. Satie liderou o grupo musical de vanguarda, formado por seus alunos: a dita, Escola de Arcueil [École d´Arcueil](v.).

 
Satie compôs a música para o balé Parada [Parade]; Jean Cocteau escreveu o libreto para esse manifesto tridimensional Cubista, apresentado nos palcos pelos Ballets Russes com coreografia de Léonid Massine e cenografia, figurinos e cortina de Picasso . O balé estreou no Teatro Costanzi, em Roma (abril), sendo reapresentado em Paris (maio, 1917).

 

Satie compôs a música para sua obra teatral, Le piège de Méduse, dita, Comédia Lírica em um ato e nove cenas (1913), interrompida por sete danças de macaco mecânico (M. Jonas). Esta obra, apesar de ser anterior ao movimento Dadaísta, certamente antecipou-o. Nesse espetáculo teatral Satie procurou ilustrar a crítica da linguagem através do emprego de lingua estapafúrdia, usando como tema o argumento original e engraçado que girava em torno de Astolfo, empregado em divórcios e acidentes de trabalho, que desejava pedir ao Barão Méduse a mão de Frisette, sua filha, em casamento. Essa comédia, de comicidade fora do comum, foi apresentada no Théâtre Michel (Paris, 24 maio, 1921). No mesmo ano Sergei Diaghilev organizou concerto em homenagem a Erik Satie, realizado em Londres.

 
Outra música para balé de Erik Satie foi Relâche [Relache] (1924), composta para os Ballets Suedois [Balés Suecos], de Rolf de Maré, com libreto de Francis Picabia, autor do argumento do filme Entr'acte [Entreato] (1924), dirigido por René Clair, projetado no intervalo entre os dois atos do espetáculo de balé.

 
Pouco depois que Satie faleceu (1925), S. Diaghilev montou o balé João na Caixa [Jack in the box], musicado com três danças que Satie escreveu no final do século XIX (1899), e que Darius Milhaud orquestrou em homenagem a seu antigo mestre. A coreografia de Georges Balanchine destacou o virtuosismo de Taddeuz Idzikowsky, que dançou junto com as bailarinas Alexandra Danilova, Felia Dubrovska e Lubov Tchernicheva. O cenário foi de André Derain, que colocou nuvens de cartolina no céu. A temporada desse ano não foi das mais auspiciosas para os Ballets Russes (1926). Picasso, que conviveu com Satie e Igor Stravinski no período que passou com os Ballets Russes de S. P. Diaghilev, desenhou retratos de Satie e Igor Stravinsky, que se encontram reproduzidos, além dos principais elementos cenográficos e figurinos de Picasso para Parada (CACHIN & MINERVINO, 1977).


 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:


BEHAR, H. Sobre el Teatro Dada y Surrealista. Barcelona: Barral Editores, 1970, pp. 79-81.


CATALOGUE RAISONNÉ. CACHIN, F.; MINERVINO, F. Tout l'oeuvre peint de Picasso, 1907-1916. Introduction par Françoise Cachin; documentation par Fiorella, Minervino. Paris: Flammarion, 1977, pp. 85, 127-133.; ils. de Parade: cortina pronta 879; desenhos preparatórios da cortina ils. 880-881; cavalo, il. 895; costumes ils. 892, 893, 894. Projeto da cortina de Tricorne il. 926-929; maquete il 930; costumes, il. 931; estudos para Pulcinella, il. 940-942; costumes, il. 943; Mercure ( v. Ballets Beaumont) ils. 973-978 .

 
DUFOURCQ, N. (Org.); ALAIN, O.; ANDRAL, M.: BAINES, A.; BIRKNER, G.; BRIDGMAN, N.; Mme. de CHAMBURE; CHARNASSÉ, H.; CORBIN, S.; AZEVEDO, L. H. C. de; DESAUTELS, A.; DEVOTO, D.; DUFOURQ, N.; FERCHAULT, G.: GAGNEPAIN, B.; GAUTHIER, A.; GÉRARD, Y. HALBREICH, H.; HELFFER, M.; HODEIR, A.; ROSTILAV, M.; HOFMANN, Z.; MACHABEY, A.; MARCEL-DUBOIS, C.; MILLIOT, S.; MONICHON, P.; RAUGEL, F.; RICCI, J.; ROUBERT, F.; ROSTAND, C.; ROUGET, G.; SANVOISIN, M.; SARTORI, C. SHILOAH, A.; STRICKER, R.: TOURTE, R.; TRAN VAN KHÊ, A. V., VERLET, C. VERNILLAT, F.; WIRSTA, A.; ZENATTI, A. La Música: Los Hombres, Los Instrumentos, Las Obras. Barcelona: Planeta, 1976, pp. 180, 185, 359, 364.
 

HAGER, B. Les Ballets Suedois. Translated by Ruth Sharman. London: Thames and Hudson, 1990. 303p.: il., algumas color., p. 299.


MORAES, J J. Música da Modernidade. Origens da música de nosso tempo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1983, pp. 115-122.


SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989.192p.: Il,.algumas color., pp. 85-90, 98, 106, 116, 125, 142, 145, 154, 191.25 x 33 cm.

Nenhum comentário:

Postar um comentário