sábado, 20 de julho de 2013


 

HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.
TZARA, Tristan; Sami Rosenstock (1896-1963).

 
O poeta, escritor, teatrólogo, editor e agitador cultural Dadaísta, nasceu em Moinesti (Romênia). Tzara participou das primeiras vanguardas romenas e da publicação das revistas de seu amigo, o editor Ion Vinea (1895-1964). Tzara saiu da Romênia no outono, quando viajou para estudar engenharia na Escola Politécnica (Zurique, Suíça, 1915). O artista foi presença dinâmica que animou o movimento Dadaísta, tanto em Zurique bem como em Paris (1916-1923). Tzara, juntamente com seu colega de universidade e compatriota, o artista plástico Marcel Janco (1895-1984), juntamente com os suíços Hugo Ball (1886-1927) e Hans Arp (1886-1966), foram os principais mentores intelectuais das manifestações Dadaístas, durante os cinco meses de atividades no Cabaré Voltaire (Zurique, 1916). Foi de autoria de Tzara o texto do I Manifesto Dadá (Zurique, 1918); ele foi influenciado pelas Palavras em Liberdade (Milão, 1909) de F. T. Marinetti (1876-1944) e pela poesia dos Caligramas [Caligrammes] de Guillaume Apollinaire (1880-1918).

          
Em Zurique, Tzara, que dominava 08 idiomas, criou com Hans Arp (1886-1966) e Richard Huelsenbeck (posteriormente o psiquiatra norte-americano, Dr. Charles Hulbeck, 1892-1974), poemas fonéticos em alemão; e os ditos, poemas simultâneos, recitados por várias vozes para várias platéias ao longo do percurso do movimento Dadá, que viajou com ele de Zurique para Paris. As vozes que recitavam os poemas foram se multiplicando, pois de 04 passaram para 08, daí para 20, e, no seu momento final para 38 vozes simultâneas, que recitaram poesias fonéticas nas performances teatralizadas.
 
Através de troca de correspondência durante alguns meses, André Breton (1879-1966) chamou Tzara para participar da equipe que publicava a revista Literatura (Littérature, 1920). Foi o grupo liderado por Tzara que iniciou as primeiras manifestações públicas do Dadaísmo parisiense; ele recebeu o patrocínio de Francis Picabia (1879-1953) para lançar duas revistas, sucessivas, que passaram a concorrer no estreito mercado editorial das publicações das vanguardas francesas, lideradas por Breton. Esse intelectual francês que comandava as vanguardas literárias parisienses, com mesma mão com que afagava os artistas e escritores do grupo, detinha seu poder sobre os mesmos, mantido através da sedução e da manipulação. Tzara entrou em conflito com Breton; essa polêmica foi responsável pelo término do Dadaísmo em Paris (1923). O escritor e poeta romeno perdeu o apoio das vanguardas francesas, que substituiram o Dadaísmo pelo Surrealismo [Surréalisme]. Nesta fase (1922-1923), Breton impediu as realizações de Tzara; foi violenta a última participação pública de Breton, no evento organizado por Tzara, Coração de Gás (06 jun., 1923), que marcou o momento final do Dadaísmo na França.

 

Tzara publicou a Coleção Movimento Dadá [Collection Mouvement Dada], inaugurada com a publicação da primeira peça teatral de sua autoria, que ele dirigiu e apresentou nos palcos parisienses: A Primeira Aventura Celeste do Senhor Aspirina. Na mesma coleção o poeta romeno publicou a maioria dos poemas dos Dadaístas, desde sua primeira formação em Zurique, inclusive os recitados no Cabaré Voltaire (1916). Algumas poesias simultâneas ficaram bastante conhecidas, como Oração Fantástica [Phantastiche Gebet] e Schalaben, Schlamai, Schlamezomai, ambas de autoria de Richard Huelsenbeck; e Caravana [Karawane], de Hugo Ball, reproduzida (ADES, 1978: 86). A Coleção Movimento Dadá publicou o texto do poema declamado a quatro vozes em francês, A Palavra Obscura da Paisagem Interior, do Futurista italiano Giulio Évola, fundador da revista Azurro (v.).


 

Tzara editou quase todas as publicações Dadaístas com as quais colaborou, publicando artigos e poesias em Dada (n. 1, Zurique, 1917); Dada (nos. 02-03, Zurique, 1918); Antologia Dada, Dada (nos. 04-05, Zurique, 1919); Der Zeltweg (Zurique, 1919); Der Dada (Berlim, 1919); Bulletin Dada (Paris, fev., 1920); Dadaphone (Paris, mar., 1920); Dada Intirol (Tarrenz, Áustria, 1921) e finalmente foi colaborador da revista S.I.C./ Sons, Images, Couleurs (Paris, 1918), de Pierre-Albert Birot. Tzara colaborou com as revistas de Francis Picabia: 391 (1919) e Cannibale (nos. 01-02, 1920); e a de Kurt Schwitters, Merz (no. 04, Hanover, 1921). Tzara apresentou várias de suas colaborações nas revistas editadas por A. Breton (1920-), que publicou os 23 Manifestos Dadá, além de trechos da peça de Tzara, A Primeira Aventura Celeste do Senhor Aspirina (1916). Tzara escreveu e publicou a peça Lenço de Nuvens (Mouchoir des Nuages, 1924).

 
Tzara rompeu com A. Breton, mas posteriormente reaproximou-se e participou do Surrealismo (1929-1935); mas sua chama se apagou. Apesar de ter sido o editor de Simbolul (Bucareste, Romênia), com o pseudônimo de S. Samyo, e depois de sua participação ativa no Dadaísmo (ZuriqueParis, 1916-1923), quando o movimento terminou Tzara não voltou para Bucareste, continuou vivendo em Paris. Tzara foi o mais autêntico dos Dadaístas e depois colaborou para a posteridade do movimento, quando publicou os seus Sete Manifestos Dadá (1924), no ano em que Breton lançou seu 1º Manifesto do Surrealismo (v.). Tzara publicou O Homem Aproximativo (L'homme aproximatif, 1931), o primeiro poema épico Surrealista; e Grãos e Publicações (Grains et Issues, 1935). A fotografia de Tzara dedicada por ele a Breton, se encontra publicada no catálogo da mostra André Breton a Beleza Convulsiva [André Breton la beauté convulsive], realizada no MNAM (Paris, 1991). A foto de Tzara usando monóculo se encontra publicada (GIBSON, 1991).

 
 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., pp. 63-65, 75.
 
CATÁLOGO. BEAUMELLE, A. de la; MONOD-FONTAINE, I.; SCHWEISGUTH, C. André Breton: La Beauté Convulsive. Paris: Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, 1991, pp. 95,158.
 
LIVROS:
GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., p. 252.

LÉVÊQUE, J-J. Le triomphe de l'art moderne: les Anées Folles. Paris: A. C. R. Éd. Internationalles, 1992. 624p.: il., retrs.,p. 93.

 

NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il., p. 93.


PIERRE, J. L'Univers Surréaliste.Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1983, pp. 201-202.
 
 
RICHTER, H; HAUPTMANN, W. (Post-scriptum). Dada Art & Anti-Art. London: Thames and Hudson, 1965, 1965, pp. 32-49, 223-247.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário