terça-feira, 26 de março de 2013


 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX. BIOGRAFIA: MAREY, Étienne-Jules (1830-1904). 

 
 
Primeiro registro da performance da Locomoção Humana, por Étiènne-Jules Marrey (1884). O francês Étiènne-Jules Marrey foi o primeiro a documentar o movimento humano através da dita, Cronofotografia, processo para o qual inventou vários apetrechos que possibilitaram o registro do movimento.
 

 
O cientista francês nasceu em Beaune e faleceu em Paris; Marey foi fisiologista, inventor e precurssor da fotografia científica que ele chamou de Cronofotografia, tirada à partir da observação do movimento de pessoas e animais. No século XIX os primeiros experimentos de Marey foram datados do início da década de 80: foram as fotografias de Marey que causaram sensação na midia de sua época e influenciaram posteriormente as Artes Plásticas. Realizando pesquisas similares, outro precurssor foi o fotógrafo vanguardista Eadweard Muybridge, inglês que viveu na América. O outro fotógrafo foi também observador da locomoção humana e animal e inventor de outros aparelhos fotográficos para registrá-los, diferentes dos de Marey, na pesquisa empreendida sem a metodologia científica empregada pelo francês. No entanto, Muybridge foi o primeiro a fotografar o cavalo no galope como resultado de aposta com o aquele que tornou-se o patrocinador do primeiro livro do fotógrafo inglês, para o qual ele escreveu o prefácio, L. Stanford.

 
As pesquisas de Marey foram amplamente divulgadas no jornal científico A Natureza (La Nature, 1883-1890). Marey publicou o sumário de suas pesquisas com a descrição da metodologia empregada no livro ricamente ilustrado O Movimento (Le Mouvement, , 1884), que se transformou na sensação da época e ficou bastante conhecido nas vanguardas artísticas francesas e internacionais. As fotografias de Marey serviram de fonte de inspiração para as obras do movimento Cubista fancês, especialmente marcantes na série de obras intitulada Nu descendo a escada (n. 01/ 02), de Marcel Duchamp. A pintura que ficou mais conhecida foi a segunda, que causou o maior escândalo quando participou da Exposição da Armada (Armory Show; v. detalhes no meu Blog: <http://arteamericanadsevanguarda.blogspot.com>). Essa foi a primeira mostra das vanguardas artísticas francesas aliadas as norte-americanas, realizada com curadoria de Arthur Garfield Dove (Nova York, 1913).
As pesquisas de Marey, obra de toda sua vida, se tornaram a base para outras obras pictóricas do movimento do Futurismo, notáveis especialmente nas pinturas de Giacomo Balla, como Mão de Violinista e Menina correndo em um balcão (1912, óleo/ tela, 125 x 125 cm, no acervo da Cívica Galeria d'Arte Moderna, Milão) e na pintura Cão andando na coleira, sendo essas as mais conhecidas repercussões das fotografias de Marey no movimento italiano.

O fisiologista inventou vários aparelhos para registrar o movimento, inclusive o dito, Rifle fotográfico, que disparava fotos sequenciais, observando o movimento à partir de um único ângulo e de um único ponto de vista. Marey observou também o movimento de pássaro em vôo, para o qual ele inventou sua máquina voadora, monoplano com dois motores de propulsão que foi determinante no progresso no campo da aviação. A dita, Pistola fotográfica de Marey, permitiu ao cientista tirar 12 fotos sequenciais por minuto (1882). O pesquisador fotografou pela primeira vez todo o movimento do vôo de um pássaro: Marey transformou essas imagens obtidas na escultura tridimensional que ele reproduziu na mesma sequência observada do movimento, obra única, verdadeira escultura científica que se encontra fundida em bronze e em exposição no Museu Marey (Beaune, França).

O cientista foi homenageado com vários filmes sobre sua vida e obra: Marey, o Sábio Muito Desconhecido (Marey, un Savant trop Méconnu, França, 1976), de Pierre Thévenard; no filme Pré-História do Cinema, de Joel Farges, o cineasta apresentou o curta-metragem Étienne-Jules Marey sobre a vida e obra do fisiologista especializado na locomoção humana e animal (França, 1979). O assistente de Marey, George Demeny, inventor do Fonoscope, foi também alvo de homenagem de Farges através do curta-metragem George Demeny (1850-1917): o francês recebeu outra homenagem prestada através do filme Georges Demeny e as Origens Esportivas do Cinema, de André Drevon (França, 1995), documentário sobre esse pioneiro dos registros das imagens em movimento, interessado especialmente nos feitos esportivos. Todos os filmes citados foram projetados no festival Paris 1900, Cinema e Vídeo, realizado no CCBB (Rio de Janeiro, 2002). A Cronofotografia da Locomoção Humana (1886, foto B&P, 9 cm x 25 cm), obra de Marey no acervo do Museu Marey, se encontra reproduzida (GIBSON, 1991).

 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

BONFANTI-WARREN, A. The Musée D'Orsay. New York: Barnes and Noble, 2000. 320p., il., color., p. 245. 25,5 x 36,5 cm.

 
BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from Impressionism to Post-Modernism. London: Thames and Hudson, 1989, 416p.: il., p. 181.

CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., p. 28.


CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., p. 511.
 
DOCUMENTÁRIO.
Paris 1900: Cinema e Vídeo. Rio de Janeiro: CCBB -Centro Cultural Banco do Brasil, 2002.

GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il.


PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau. Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991.

 

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