quinta-feira, 13 de junho de 2013


 
 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX. ARP, Hans; JeanArp(1886-1966).


Nasceu em Strasburgo, na Alsácia-Lorena e morreu na Basiléia (Suíça), porém naturalizado francês. Arp foi dos artistas que buscou a participação em vários movimentos sucessivos das vanguardas artísticas européias: ele estudou na Academia Weimar (Alemanha, 1905-1907) e na Academia Julian (Paris, 1908). Arp voltou a Weggis (Suíça, 1909) onde encontrou Paul Klee (1879-1940), com o qual fundou A Federação Moderna [Der Moderne Bund].

 
Arp conheceu Wassily Kandinsky (1866-1944), em Munique; ele participou da segunda mostra do Grupo do Cavaleiro Azul [Der Blaue Reiter] (1912); do Salão de Outono Alemão [Herbstsalon], organizado por Herward Walden na Galeria da Tempestade (Berlim, 1913). Arp viveu em Paris (1914), onde encontrou Arthur Cravan (1887-1920), Guillaume Apollinaire (1880-1918), André Salmon (1881-1969), Pablo Picasso (1884-1972), Max Jacob (1876-1942), Amedeo Modigliani (1884-1920) e Robert Delaunay (1885-1941), entre outros artistas e escritores das vanguardas francesas.

 
Arp viveu alguns meses em Colônia, onde formou frutífera parceria com Max Ernst (1891-1976), expressa na série de obras Fatagaga, associadas ao Dadaísmo alemão. Arp participou da Associação dos Artistas Radicais (1919-1921; v. abaixo), a que pertenceu juntamente com muitos artistas remanescentes do Dadaísmo de Zurique, como Alberto Giacometti (1901-1966), Sophie Taueber (depois, Arp, 1889-1943), Johannes Baargeld (1895-1927), Walter Mehring, Emmy Hennings (1885-1948) e Marcel Janco (1895-1984), entre outros. Arp voltou para o território suíço, fugindo da I Guerra Mundial: ele expôs na Galeria Tanner (Genebra, 1915), juntamente com Tristan Tzara, Hugo Ball, Richard Huelsenbeck e Marcel Janco, todos fundadores do Dadaísmo (Zurique, 1916).

 
Dos mais originais e surpreendentes artistas da árvore Dadá, Arp foi escultor: ele produziu relevos originais em madeira. O artista encontrou em Zurique sua futura esposa, Sophie Taueber (1916), aluna da Escola de Dança Rudolf von Laban, que participou dos eventos dadaístas como performática.

 
Arp participou do Surrealismo (Paris, 1925-1930); ele executou suas primeiras obras, como Dançarina (Danseuse, 1928, óleo/ tela, 61 cm x 50 cm, coleção Eduard Loeb), com fotografia reproduzida (ADES, 1978). Arp contribuiu com várias obras para a primeira mostra surrealista, realizada na Galeria Pierre (Paris (1925). Arp expôs na sua primeira mostra individual, na Galeria Surrealiste (Paris, 1927), apresentado por André Breton, no texto depois incorporado ao livro O Surrealismo e a Pintura [Le Surrealisme et la Peinture. Paris, 1928). Nesse texto Breton utilizou pela primeira vez os termos Vasos Comunicantes, título de seu livro anterior (1920), empregado em relação à obra de Arp, cuja imaginária, baseada nas formas antropomórficas, de morfologia flexível apresentavam referências às imagens múltiplas, duplas, na mesma forma e, algumas vezes, perpassadas de humor, nunca ferino.

 
A obra de Arp foi de uma grande coerência e o artista declarou que:

[…] os surrealistas me encorajaram a expressar o sonho, as idéias por trás de minhas obras nas artes plásticas e dar-lhes um nome […] (ADES, 1978).

 

O artista tornou-se membro do grupo Círculo e Quadrado (Cercle et Carré, Paris, 1930-1932) e do grupo Abstração- Criação (Paris, 1932-1936). Arp foi convidado pelo arquiteto Carlos Raúl Villanueva para executar obras escultóricas para a Universidade de Caracas (1948-1955), na companhia de outros convidados internacionais como Aleksander Calder, Henri Laurens, Fernand Léger, Carlos Otero, Jesús Rafael Soto e Victor Vasarely.

 

Algumas obras bastante significativas de Arp (9), estiveram no Rio de Janeiro, por ocasião da mostra Surrealismo, realizada no CCBB: Colagem de fotografias rasgadas (1941, colagem, 34,4 x 24,5 cm, na Fundação Arp); Concreção humana sobre taça (Concretion Humaine sur coupe, bronze, fundido em duas partes superpostas, 48 cm x 68 cm x 34 cm, na Fundação Arp); Coroa de Brotos (Couronne de bourgeons, cimento, duas partes, 23 cm x  37 cm x 28 cm; e 14 cm x 40 cm x 29 cm, acervo do Musée d'art moderne et contemporain de Estrasburgo); A Dançarina (La Danseuse, 1955, óleo/ tela, 148 cm x 110, idem), entre outras obras expressivas.

 
Duas obras significativas de Arp integram o acervo do MAC (USP): o relevo em madeira pintada, monocromático: Formas expressivas (1932, 84,9 cm x 70 cm x 3.0 cm); a litografia à cores, Configuração 51 (1951, litografia/ papel, 56,8 cm x 38 cm), no acervo do museu paulista. O artista deixou suas obras e arquivos para a Fundação Arp, em Clamart, França. Várias fotografias de Hans e Sophie Arp, várias obras de Marcel Janco, relevos de Arp, fotos e documentos importantes do Dadaísmo europeu integram seu acervo. Documentos, além de obras importantes, encontram-se na Kunsthaus, em Zurique, reproduzidas (GIBSON, 1991).

   
A fotografia de Arp, usando o Monóculo Dadá (1922) e a fotografia de Sophie atrás da escultura Cabeça Dadá (1920), obras no acervo da Fundação Arp, se encontram reproduzidas (GIBSON, 1991). A fotografia de Hans Richter, Tristan Tzara e Hans Arp, no acervo da Berlinische Galerie, em Berlim, bem como a fotografia dos artistas construtivistas e dadaístas ,no Congresso de Weimar (1922), na qual aparecem Arp e Lasló Moholy-Nagy, Tristan Tzara, Aleksander Archipenko e El Lissitsky; a foto histórica encontra-se reproduzida (GIBSON, 1991). O primeiro relevo dadaísta de Arp (1916, madeira pintada), encontra-se reproduzido (RAGON, 1992).

 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

BARR, A. Cubism and Abstract Art. Cambridge: Harvard University Press, The Belknap Press, 1936. 1986, p. 07.
 
BRETON, A..Le Surrealisme et la Peinture. Paris: Gallimard. 1928. 1965, p. 45.
 
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. David Sylvester, Elizabeth Cowling (Essays). London: Arts Council of Great Britain, 1978, p. 207.

CATÁLOGO. BARBOSA, A. M. Catálogo Geral de Obras 1963-1993. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, Fundação Bienal, 1993, p. 19.

CATÁLOGO. Le Sexe dans l'Art Féminimasculin.
Paris: MNAM, Centre Georges Pompidou, 1990, pp. 09, 85.


DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 11, 122.

 
GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., pp. 37-49, 251-253.
 
LISTAGEM GERAL. Surrealismo, CCBB- RJ, 2001.

 
NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il., pp. 213, 215, 216, 228.

 
PIERRE, J. El futurismo y el dadaísmo. Madrid: Aguilar, 1968,p. 147.
 
 
RAGON, M..Journal de l´Art Abstrait. Genève: Skira, 1992. 163p: il., p. 49.

 
RICHTER, H. HAUPTMANN, W. (Post-Scriptum). Dada art & anti-art. Cologne: Du Mont Shauberg, 1964. 1965. 246p.: il., pp. 33-49.
 
WEST, S. Chagall. New York: Gallery Books, 1990, p. 19.


 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário