sexta-feira, 7 de junho de 2013



 
 
HISTÓRIA DAS PERFORMANCES NO SÉCULO XX.
DADAÍSMO EUROPEU: PARISIENSE (1920-1923).
 
Destaques: TZARA, Tristan e André BRETON.



Quando o dadaísmo agonizava em Zurique Tzara recebeu correspondência do grupo de Breton, convidando-o para levar o Dadaísmo para Paris. Tzara aceitou o desafio e chegou sem ser anunciado na casa de Francis Picabia, onde permaneceu hospedado durante um ano. O primeiro evento Dadá foi o sábado literário, promovido pela revista Littérature, publicação de Breton; ocorreu no Café Certa, anexo ao Petit Grillon (23 jan.,1920), Jean Cocteau, leu poemas de Max Jacob; André Breton leu poemas de Pierre Reverdy; Tzara leu artigo provocante de jornal com o ruído ensurdecedor de sinos e sirenes produzido por Paul Éluard e Théodore Fraenkel; Picabia desenhou no quadro negro e logo em seguida apagou a obra.
 
No Salão dos Independentes os Dadaístas anunciaram a presença do ator Charles Chaplin; compareceu a grande massa de publico para ver o ator, que claro, não tinha sido convidado. Vários dadaístas leram seus manifestos (38); alguns (7) leram o manifesto de Georges Ribemont-Dessaignes;  Aragon cantou a Canção do Não (fev., 1920). Os artistas organizaram evento com palestras no Clube du Faubourg, com participação de Henri Marx, Georges Pioch e Raymond Duncan. No mês seguinte na Sala Berlioz da Maison de L’Oeuvre, outro evento reuniu Breton, Soupault, Aragon, Éluard, Georges Ribemont-Dessaignes e Tzara: acabou em pancadaria (27 mar., 1920). Breton apresentou performance na ocasião; a fotografia do programa se encontra publicada (GOLDBERG, 1978).
 
Em maio ocorreu o Festival Dadá na Sala Gaveau, com Éluard, Soupault, Paul Dermée, Breton e Fraenkel. Soupault apresentou O Célebre Ilusionista [Le Célebre Ilusioniste]; Dermée, O Sexo do Dadá [Le Sexe de Dada]; Tzara a peça A Segunda Aventura Celestial do Sr. Aspirina [La Seconde Aventure Céleste de M. Antipyrine]; e a dupla Breton e Soupault apresentou Vocês me esquecerão [Vous m’Oublierez].
 
Em abril do ano seguinte (1921) o grupo organizou a excursão à Igreja de St Julien Le Pauvre. Os artistas não conseguiram adesões: o público não compareceu ao evento, pois o dia chuvoso e frio não ajudou. O grupo tirou fotografia reproduzida em vários livros (ADES, et al., 1978; RICHTER, 1965).
 
Em maio o evento foi o julgamento e sentença de Maurice Barrés, que declinou do convite e não compareceu à encenação teatral do Grupo Dadaísta na Sociedade Savantes na rua Danton. Barrés foi inicialmente ídolo para os escritores, mas o grupo considerou que ele traiu seus ideais quando passou a colaborar com o jornal reacionário L’Echo de Paris. Na realidade o julgamento transformou-se no julgamento do movimento Dadá e da celeuma entre Tzara e Breton. Dois dias antes do evento Francis Picabia publicou seu repúdio ao Dadaísmo, antecipando o resultado do julgamento, quando Tzara saiu derrotado. Na realidade o Dadá parisiense terminou nessa época; posteriormente foram celebrados alguns eventos de pouca repercussão como o Salão Dadá, na Galeria Montaigne, organizado por Soupault, Ribemont-Dessaignes, Aragon, Éluard e Benjamim Péret, fechado no dia seguinte à inauguração.

 
Breton boicotou a performance de T. Tzara, Coração de Gaz [Coeur à Gáz]: Tzara devolveu o boicote no Congresso de Paris, organizado por Breton, o que evidenciou claramente a ruptura completa dos Dadaístas com o grupo de Breton, os futuros Surrealistas (1924). Os ataques de Breton Tzara replicou com o Manifesto Coração à Gás [Coeur à Gas], lançado no evento homônimo (6-7 jul.,1923) quando ele compareceu vestido com costume de Sonia Delaunay, projetou filmes de Charles Sheeler, Hans Richter e Man Ray, acompanhados de música de Igor Stravinsky, entre outras, apresentadas ao vivo por Georges Auric e Darius Milhaud. O evento, realizado no Teatro Michel, encenou a peça Coração a Gás, dele, Tzara. Foram declamados poemas sonoros de Iliazde (Ilia Zdanevich) e de Marcel Herrand. André Breton, irado, subiu ao palco e começou a distribuir bengaladas aos participantes, como ao poeta René Crevel; ele quebrou o braço de Pierre de Massot. O público reagiu (RICHTER, 1965). Os eventos Coração Barbado e Coração à Gás foram a pá de cal que encerrou o Dadaísmo parisiense. Algumas fotos posadas do evento descrito encontram-se publicadas (GOLDBERG,1978).

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

 

CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. David Sylvester, Elizabeth Cowling (Essays). London: Arts Council of Great Britain, 1978, pp. 79-86, 88, 103.

 
BIRO, A.; PASSERON, R. Dictionaire Général du Surréalisme et ses environs. Fribourg: Office du livre - Presses Universitaires de France, 1982, p. 363.
 
BREUILLE, J-P. Dictionnaire de la peinture et de sculpture : l'art du XXe siècle. Sous la direction de Jean-Philippe Breuille. Paris: Lib, Larousse, 1991. 777p.: il., retrs.,pp. 290-291. (Dictionnaires specialisés).
 
BRITT, D.; MACKINTOSH, A.; NASH, J. M.; ADES, D.; EVERITT, A; WILSON, S.; LIVINSGSTONE, M. Modern Art: from Impressionism to Post-Modernism. London: Thames and Hudson, 1989, 416p.: il., p. 222.
 
FABRIS, A. Photomontage as political function. São Paulo: 2003, pp. 11-57.

 
GIBSON, M. Duchamp Dada.Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., . pp. 153-156.


 
PIERRE, J. El futurismo y el dadaísmo. Madrid: Aguilar, 1968,pp. 172-173.

 
TESCH, J.; HOLLMANN, J.Icons of Art: the 20th Century. New York: Ekhardt Hollman, Prestel, 1997. 216p.: il., pp. 87, 88.
 
 
BÉHAR, H. André Breton: le grand indésirable. Paris: Calmann-Levy, C. N. de Lettres, 1990. [16] p. de lam.: retrs.
 
BÉHAR, H. Sobre el Teatro Dada y Surrealista. Traducción de José Escue. Barcelona: Barral, 1971, pp. 85-111.


GOLDBERG, R. Performance Art: from Futurism to the Present. London: Thames and Hudson, 1978, 2001. 206p., il., some color. 15 x 21 cm (world of art), pp. 77-78.

 
LÉVÊQUE, J-J. Le triomphe de l'art moderne: les Anées Folles. Paris: A. C. R. Éd. Internationalles, 1992. 624p.: il., retrs., pp. 240, 264.

PIERRE, J. El futurismo y el dadaismo. Madrid: Aguilar, 1968, pp. 191, 192.

PIERRE, J. L'Univers Surréaliste. Paris: Somogy, 1983, p. 325
 
RICHTER, H. HAUPTMANN, W. (Post-Scriptum). Dada art & anti-art. Cologne: Du Mont Shauberg, 1964. 1965. 246p.: il., pp. 164-165.

Nenhum comentário:

Postar um comentário